Manuel Zelaya:
TEGUCIGALPA - O presidente deposto de Honduras Manuel Zelaya disse terça-feira, em entrevista ao JB por telefone, que houve fraude nas eleições hondurenhas do último domingo e que somente aqueles que não estão em Honduras ou que apoiam o governo do presidente golpista, Roberto Micheletti, poderiam afirmar que a votação ocorreu sem incidentes. “Os resultados das sessões individuais não coincidem com o total contabilizado”, garante Zelaya. “Quem pensa que as eleições foram tranquilas são pessoas que distorcem opiniões”.
Como pretende agir se o Congresso votar pela sua restituição?
Sou um político que vive no presente e não penso no que pode acontecer quarta-feira. O Congresso falsificou minha assinatura no documento de renúncia, cometendo um delito no dia 28 de junho. Os congressistas deveriam responder perante o Tribunal Penal Internacional por violações de direitos humanos.
Caso o Congresso não aprove sua restituição, o senhor aceitaria asilo político em um dos países da região?
Nós, políticos, falamos e tomamos decisões apenas no presente.
Honduras foi elogiada por realizar eleições tranquilas, sem grandes incidentes. De quem é o mérito?
Somente quem não está em Honduras ou está com Micheletti pode dizer isso. Honduras está reprimida pelo Exército, há perseguições políticas e violações de direitos humanos, vivemos sob um regime militar. Só os inimigos da democracia dizem que estamos tranquilos. Não vieram observadores adequados para monitorar o pleito e não trouxeram gente das Nações Unidas. Quem pensa que as eleições foram tranquilas são pessoas que distorcem opiniões.
O que o senhor espera da comunidade internacional?
Os países precisam respeitar seus princípios e não seguir o jogo sujo dos golpistas.
O senhor se sente traído pelos EUA?
Eu não vou usar um termo para julgar os EUA, mas eles mudaram sua posição e abandonaram o acordo de Tegucigalpa-San José para unirem-se a Micheletti.
O senhor é amigo de infância do presidente eleito Porfírio Lobo. Como concilia essa relação com a postura de Lobo de aceitar assumir a Presidência em janeiro?
Continuo sendo amigo pessoal dele, mas somos adversários políticos e temos posições diferentes.
O senhor assegura que tem provas de que fraudaram os resultados eleitorais do último domingo. Que provas são essas?
Os resultados das sessões individuais não coincidem com o total contabilizado.
Seu assessor, Carlos Reina, deixou a embaixada brasileira terça-feira e anunciou uma nova campanha para a sua restituição. O que Reina pretende fazer?
Não sei especificamente, mas ele é uma pessoa de total confiança e partiu por iniciativa própria.
O senhor pode descrever seu cotidiano na embaixada brasileira, particularmente as dificuldades que enfrenta?
Eu resisto a todas as violações na embaixada em nome da causa do povo hondurenho e estou disposto a suportar tudo enquanto tiver o apoio do Brasil e do povo brasileiro, que respeita a democracia e que resiste à ditadura.
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