A.C. Grayling e Frans de Waal esperam injetar algum frescor
à discussão sobre o ateísmo (Reprodução/Internet)
Ao lado de vampiros angustiados e “pornografia para mamães”, a impiedade deu uma contribuição confiável às listas de best-sellers. Dois livros novos, um de um filósofo e outro de um primatólogo, esperam injetar algum frescor à discussão.
“The God Argument”(O argumento divino, sem tradução em português), de
A.C. Grayling, um filósofo britânico, está preocupado com o tom. Ele
diz ter escrito o primeiro livro “A examinar minuciosa e calmamente
todos os argumentos a favor das crenças religiosas”, sem o temperamento
viciado que, tão frequentemente, caracteriza muitos desses debates. A
análise dele é livre de paixões.
A primeira metade do seu livro ataca tanto a instituição humana da
religião quanto a ideia intelectual de um Deus, ou de seres
sobrenaturais em geral. Grayling é incisivo e faz um trabalho ágil em
derrubar argumentos movimentados na esperança de provar a existência de
uma deidade. A segunda metade do livro, na qual Greyling inicia a sua
abordagem do sistema ético conhecido como humanismo, tem mais chances de
conquistar fieis.
Os defensores da religião frequentemente argumentam que a moralidade
entraria em colapso na ausência de um Deus para aplicá-la. Grayling não
tem tempo para tais preocupações. Ele define o humanismo como uma
abordagem da vida que se baseia em duas premissas – que não há seres
sobrenaturais e que a ética deve, então, ser adquirida da experiência
humana.
Se o livro de Graylong é excessivamente acadêmico, o de Frans de Waal
é o oposto. Um primatólogo que passou a sua carreira estudando
chimpanzés e bonobôs, dois dos parentes vivos mais próximos dos humanos,
de Waal se baseia em uma vida inteira de pesquisa empírica. Seus dados
oferecem bastante evidência de que a religião não é necessária para que
os animais exibam algo que se pareça, surpreendentemente, vagamente com a
moralidade humana.
Para de Waal, a religião é uma consequência natural da combinação dos
comportamentos adquiridos de um primata inteligente, sociável, com uma
estrutura hierárquica forte (sendo Deus, na leitura dele, o macho alfa
supremo) e um cérebro estranhamente grande, habilmente afinado para
encontrar padrões e presumir relações de causa e efeito mesmo quando
elas não existem de verdade.
De Waall tem o argumento mais convincente, mas Grayling tem a melhor retórica.
---------------------------*Texto adaptado e traduzido da Economist por Eduardo Sá
http://opiniaoenoticia.com.br/internacional/ateismo-em-busca-do-profano/
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