segunda-feira, 1 de abril de 2013

Mentira de pai

Para proteger os filhos ou garantir a obediência, adultos recorrem a algumas inverdades. Segundo especialistas, porém, exageros podem comprometer o desenvolvimento moral dos pequenos

Confiança acima de tudo. Dessa forma, Veridiana Arruda, 36 anos, define o relacionamento entre ela, o marido, Antônio Gonçalves, 37 anos, e a filha, Maria Luíza, sete anos. Para a advogada, a melhor tática é a de não mentir. E isso foi explicado quando a filha era bem pequena.

– É assim que a gente se trata desde sempre. Eu confio nela, ela confia em mim. Ela pode ir para a casa das amigas, passear. Se mentir, vai quebrar essa confiança. Ela aprendeu que, seja o que for, é melhor ser sincera – conta.

A postura é recíproca.

– Se eu e Antônio vamos sair, não esperamos ela dormir, falamos para ela. Quando vamos demorar, avisamos. Não há motivo para contar uma mentirinha só porque a criança pode fazer birra – acredita a mãe.

Educação infantil é um tópico que constantemente causa controvérsias. Muitas vezes, os pais não sabem o que fazer diante de determinadas situações e recorrem a inverdades mesmo adotando o discurso “não quero que meu filho minta”.

Entram aí os contos de fadas e as lendas urbanas, normalmente inofensivos, segundo especialistas. Qual criança nunca ouviu que, se fosse à rua sozinha, poderia ser levada pelo homem do saco? O caso piora, no entanto, ao cair sobre o mundo real, quando a criança percebe que está praticando ou presenciando algo que não é verdadeiro. É o caso do adulto que pede ao pequeno para atender o telefone e dizer que ele não está.

Os efeitos de educar filhos utilizando mentiras possivelmente serão negativos. Segundo especialistas, os riscos são a perda da confiança e o comprometimento do desenvolvimento moral da criança. Um dos cuidados mais importantes é abolir de vez o tom ameaçador.

– Tenho uma paciente que não consegue mais dormir sozinha porque o irmão dela disse que, caso saísse do quarto à noite, seria atacada por um morcego que a levaria embora. Por coincidência do destino, ela saiu e um morcego passou no corredor. Desde então, só dorme com os pais. É uma situação complicada e delicada de ser trabalhada – conta a psicóloga infantil Fernanda Serôa.
--------------------
Fonte:  http://www.clicrbs.com.br/zerohora/01/04/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário