Luiz Gustavo Assis*
Por
que Deus solicitou aos israelitas a construção de um tabernáculo “ambulante” (Êx
25:8)? Estou cada vez mais convencido de que a melhor forma de estudar a Bíblia
é olhando para o contexto histórico. É arriscado demais tentar ler as
Escrituras com os “óculos” do século 21. Quem sabe o mais importante princípio
de interpretação bíblica seja “Deus encontra as pessoas onde elas estão”. No
caso da pergunta acima, os israelitas haviam acabado de sair do Egito, após
mais de quatro séculos vivendo como escravos lá. É mais do que natural
assimilar aspectos de uma determinada cultura depois de viver alguns anos ali.
Curiosamente, a ideia de um tabernáculo “ambulante” não era estranha no Egito.
Na foto abaixo, você pode ver a cena de uma batalha entre os egípcios e os hititas, a famosa Batalha de Kadesh, na região da Síria, em torno do ano 1250 a.C. No meio do campo de batalha estava uma tenda (ou tabernáculo), dividida em dois compartimentos, sendo que no segundo havia duas representações do deus falcão , que protegiam o nome (escrito num cartucho) do faraó Ramsés II.
As
semelhanças com o tabernáculo israelita são tremendas, principalmente no que
diz respeito ao “lugar santíssimo”. Ao invés de representações do deus falcão
Hórus, querubins ficavam no santíssimo. E em lugar do deificado faraó estava a
arca da aliança, ou o trono de Yahweh. Deus proveu o modelo para o santuário, mas Se valeu de elementos de uma ideia conhecida
entre os egípcios para a construção do tabernáculo israelita. Mas as
semelhanças param por aí. Muitos dos elementos da religião israelita que foram
introduzidos por Moisés representavam um total rompimento com a cultura e a tradição
egípcias. Deus Se utilizou da cultura como “ponto de contato”, mas não ficou
preso a ela.
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* É pastor adventista e cursa o mestrado nos EUA
Fonte: Michael M. Homan, “The Divine Warrior in His Tent:
A Military Model for Yahweh's Tabernacle?” (Bible
Review, December 2000, p. 22-33, 55)
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