EMBATE
O arqueólogo Rodrigo Silva (à esq.), um dos palestrantes do evento cancelado,
e o físico Leandro Tessler, que mobilizou acadêmicos contra o Fórum
O arqueólogo Rodrigo Silva (à esq.), um dos palestrantes do evento cancelado,
e o físico Leandro Tessler, que mobilizou acadêmicos contra o Fórum
Grupo de ateus impede que evento religioso com especialista dos EUA se realize na universidade e dificulta o debate acadêmico
Marcado para a quinta-feira 17, o “1° Fórum de Filosofia e Ciência
das Origens”, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi
cancelado na véspera, sob uma enxurrada de e-mails indignados de
professores da própria instituição de ensino, uma das mais respeitadas
do País. O motivo? Os cinco convidados a falar sobre filosofia e ciência
eram nomes ligados ao “criacionismo científico”, que nega a teoria da
evolução de Charles Darwin, mas, ainda assim, busca evidências
científicas para desvendar o universo – sem contradizer a existência de
Deus ou os preceitos da Bíblia. “Que façam isso numa igreja”, disse o
professor de física Leandro Tessler. “É embaraçoso dar credibilidade a
esse tipo de doutrina não científica.” Seu blog chamou a atenção de
outros professores. A pró-reitoria, que havia dado aval ao evento,
recuou. O físico americano Russell Humphreys, convidado internacional,
já tinha passagem comprada. Veio então a resposta dos
palestrantes.“Fomos boicotados por um grupo de professores ateus”,
afirma o professor de arqueologia Rodrigo Silva, da Universidade
Adventista de São Paulo (Unasp). “Hoje, quem discorda de Darwin é
queimado na fogueira.”
Em nota oficial, a Unicamp justificou o cancelamento dizendo que
“faltavam integrantes que pudessem debater o tema sob todos os pontos de
vista”. Além de Silva e Humphreys, o fórum também teria a presença de
um geólogo, um jornalista e um bioquímico, Marcos Eberlin, o único
pertencente aos quadros da Universidade. Após a polêmica, Eberlin
escreveu em um blog: “É interessante notar que, em uma universidade
pública, pessoas que se autointitulam ‘guardiões do saber’ cancelem
palestras”. Outro que reclamou à reitoria, o professor de matemática
Samuel Oliveira, negou a “orquestração” de um “lobby ateu” nos
bastidores. “Criacionistas não têm formação para falar de ciência”,
diz.
A “batalha da fé” em uma faculdade como a Unicamp, reconhecida pela qualidade da pesquisa científica, chama a atenção. Mas esse tipo de conflito não é novidade no meio acadêmico. Em 2008, depois de uma série de reclamações, a Universidade Federal de São Carlos (SP) cancelou uma palestra do físico Adauto Lourenço sobre “criacionismo e teoria da evolução”. Em 2007, o bioquímico americano Fazale Rana esteve na mesma Unicamp para falar de “design inteligente”, linha de pensamento que atribui a um criador a existência da vida na Terra. Professores conseguiram retirar o logo da universidade dos cartazes da palestra de Rana, mas não impediram a conferência.
A “batalha da fé” em uma faculdade como a Unicamp, reconhecida pela qualidade da pesquisa científica, chama a atenção. Mas esse tipo de conflito não é novidade no meio acadêmico. Em 2008, depois de uma série de reclamações, a Universidade Federal de São Carlos (SP) cancelou uma palestra do físico Adauto Lourenço sobre “criacionismo e teoria da evolução”. Em 2007, o bioquímico americano Fazale Rana esteve na mesma Unicamp para falar de “design inteligente”, linha de pensamento que atribui a um criador a existência da vida na Terra. Professores conseguiram retirar o logo da universidade dos cartazes da palestra de Rana, mas não impediram a conferência.
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Reportagem por Andres Vera
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/331557_DEUS+FORA+DA+UNICAMP?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
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