O ruído do mundo contemporâneo preocupa tanto o pesquisador Iván Izquierdo, do Centro de Memória da PUCRS, que ele escreveu um livro sobre o tema, intitulado Silêncio, Por Favor. Leia trechos da entrevista do cientista a ZH.
Zero Hora – O que motivou o senhor a escrever o livro Silêncio, Por Favor?
Iván Izquierdo – Por que é uma coisa que eu e muitos outros pedimos: “Por favor, silêncio”. É um clamor geral de gente que eu conheço. O problema do ruído incomoda a todas as pessoas que precisam pensar e precisam se concentrar para entender algo, para escrever ou simplesmente para ouvir.
ZH – O mundo é mais barulhento hoje?
Izquierdo – É incomparavelmente maior do que tínhamos 20 anos ou 50 anos atrás. Hoje, há muito mais gente do que antes, mais máquinas que fazem barulho.
ZH – O senhor diria que temos um nível de barulho que nos impede até de ouvirmos uns aos outros?
Izquierdo – Sim. Vou a um restaurante para conversar com um amigo e não posso, porque todo mundo grita ao redor, não se consegue falar nem entender o que o amigo está dizendo. É um prazer que se perdeu. Antigamente, a gente ia comer em algum lugar para conversar com alguém. Hoje quem quer conversar tem de ir para o campo, no meio das vacas, ou não vai conseguir. As pessoas gritam. Para começar, todo mundo anda um pouco surdo e se acostumou a gritar. Falam alto no celular, um aparelho que não existia poucos anos atrás.
ZH – Se entramos em um elevador, em um restaurante ou em qualquer lugar, é comum haver um rádio ou uma TV ligada. Muita gente se refugia em fones de ouvido. O senhor diria que fugimos do silêncio?
Izquierdo – Vivemos uma cultura do ruído. É algo prejudicial para o mundo. Uma das coisas fundamentais é entender os outros e ser entendido. Se isso fica prejudicado, as relações interpessoais também perdem.
ZH – O ruído constante traz prejuízos para a memória?
Izquierdo – Com relação à capacidade de armazenar informações, não sei. Mas há prejuízo na capacidade de perceber informações. O ruído constante traz impactos mentais. O barulho extremo era uma forma de tortura nas prisões do império soviético, por exemplo. O barulho que nos distrai, que nos impede de perceber o que está acontecendo, pode ser fatal. É perigoso. É uma das grandes causas de estresse. E de estresse se morre.
ZH – Essa é uma realidade brasileira ou mundial?
Izquierdo – É mundial. Associo isso ao excesso de população. Há mais pessoas do que o mundo comporta e elas fazem muito ruído. Isso pode nos trazer consequências sérias, sobre as quais prefiro não falar, para não assustar.
Iván Izquierdo – Por que é uma coisa que eu e muitos outros pedimos: “Por favor, silêncio”. É um clamor geral de gente que eu conheço. O problema do ruído incomoda a todas as pessoas que precisam pensar e precisam se concentrar para entender algo, para escrever ou simplesmente para ouvir.
ZH – O mundo é mais barulhento hoje?
Izquierdo – É incomparavelmente maior do que tínhamos 20 anos ou 50 anos atrás. Hoje, há muito mais gente do que antes, mais máquinas que fazem barulho.
ZH – O senhor diria que temos um nível de barulho que nos impede até de ouvirmos uns aos outros?
Izquierdo – Sim. Vou a um restaurante para conversar com um amigo e não posso, porque todo mundo grita ao redor, não se consegue falar nem entender o que o amigo está dizendo. É um prazer que se perdeu. Antigamente, a gente ia comer em algum lugar para conversar com alguém. Hoje quem quer conversar tem de ir para o campo, no meio das vacas, ou não vai conseguir. As pessoas gritam. Para começar, todo mundo anda um pouco surdo e se acostumou a gritar. Falam alto no celular, um aparelho que não existia poucos anos atrás.
ZH – Se entramos em um elevador, em um restaurante ou em qualquer lugar, é comum haver um rádio ou uma TV ligada. Muita gente se refugia em fones de ouvido. O senhor diria que fugimos do silêncio?
Izquierdo – Vivemos uma cultura do ruído. É algo prejudicial para o mundo. Uma das coisas fundamentais é entender os outros e ser entendido. Se isso fica prejudicado, as relações interpessoais também perdem.
ZH – O ruído constante traz prejuízos para a memória?
Izquierdo – Com relação à capacidade de armazenar informações, não sei. Mas há prejuízo na capacidade de perceber informações. O ruído constante traz impactos mentais. O barulho extremo era uma forma de tortura nas prisões do império soviético, por exemplo. O barulho que nos distrai, que nos impede de perceber o que está acontecendo, pode ser fatal. É perigoso. É uma das grandes causas de estresse. E de estresse se morre.
ZH – Essa é uma realidade brasileira ou mundial?
Izquierdo – É mundial. Associo isso ao excesso de população. Há mais pessoas do que o mundo comporta e elas fazem muito ruído. Isso pode nos trazer consequências sérias, sobre as quais prefiro não falar, para não assustar.
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Reportagem ZH on line, 05/10/2013
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