A Nova Era como neo-gnosticismo: auto-salvação
de baixo para cima
A Nova Era, ou New Age, é um fenômeno contemporâneo, de invenção
"laica", que copiou a ideia de São Pedro: foi ele o primeiro a dizer que
os cristãos esperam "novos céus e nova terra", aludindo à palingênese
do cosmo na segunda vinda de Jesus Cristo. Mas, sendo laica, a New Age
deturpou-lhe tanto o propósito, que para nós é a vida eterna na glória
de Deus e para ela é um progresso indefinido na terra, quanto a causa,
que para nós é Deus e para ela são as estrelas: o motor do seu mecanismo
seria a astrologia, a passagem da constelação de Peixes para a de
Aquário.
Esta ideologia, que remonta à revolução
estudantil de 1968, diferentemente da seita que acredita numa mensagem
de salvação que vem de cima, confia a "redenção" dos indivíduos ao agir
pessoal e a ideias particulares. É um neo-gnosticismo: a gnose, presente
desde os tempos apostólicos, confia à mente, ao seja, ao próprio homem,
o caminho da salvação, uma salvação que é concebida como iluminação,
emancipação, desenvolvimento de potencialidades interiores,
autodivinização ("nós somos Deus", declarou a atriz Shirley MacLaine,
adepta e divulgadora).
A New Age (que, após o fracasso das suas promessas sociais, evoluiu
para uma “Next Age”, apontando para o “Yes, we can”) não é uma doutrina,
uma ideologia, não tem uma estrutura organizada com ativistas, centros
específicos, etc... Ela é uma “atmosfera”, um “clima”, uma tensão
emocional, alimentada por várias redes que desembocam nela como em um
lago. Alguns dos "afluentes" estão presentes desde sempre como um
problema pastoral para a Igreja. Astrologia, magia, espiritismo
(reciclado como channeling) formam a sua espinha dorsal, mas a
"salada" (sim, esta é uma das definições!) é formada ainda por terapias
alternativas, medicina holística, a chamada nova música, uma nova
política, a crença em "energias sutis" que devemos aprender a canalizar
ou evitar, a crença na reencarnação, a existência de chacras que
canalizam as energias do cosmo, a pranoteapia, o reiki, a energia
terapêutica e formativa das pedras, os florais de Bach e uma longa lista
de outros elementos... Em resumo, o sincretismo é o padrão da Nova Era.
Um pouco de New Age (Parte II)
"A New Age:
41. Mais do que grupos individuais e movimentos religiosos definidos,
com estruturas e doutrinas próprias, devemos levar em consideração a
propagação de uma nova maneira de compreender o mundo, que atende pelo
nome de New Age: nela, confluem e se confundem pensamento oriental,
elementos de derivação cristã, doutrinas esotéricas, novas cosmologias e
interpretações astrológicas, numa composição sincretista que tende a
responder às mais diversas e até opostas exigências da sociedade
contemporânea.
A New Age desvaloriza e torna irrelevante o critério de verdade, e quem evoca a sua necessidade é considerado perigoso para a concórdia entre os homens, perturbador do caminho rumo à nova era, a qual estaria destinada a pôr fim às disputas e divisões das idades anteriores do mundo.
No limiar do milênio, é prometida uma "nova era" do mundo, a "Era de Aquário", que será de unidade e paz universal, caracterizada pelo advento de uma religião planetária, herdeira do que houve de positivo em todas as religiões anteriores, levando-as, assim, ao seu cumprimento. Embora faça referências também ao pensamento de autores cristãos, esse movimento esvazia o evento salvífico de Cristo eliminando a sua verdade, singularidade e plenitude.
Além do sincretismo, a New Age é dominada por um vago naturalismo e imanentismo. O homem, de acordo com essa linha de pensamento, pode se tornar capaz, através de algumas técnicas, de fazer a experiência do divino sem a ajuda da graça divina, realizando com as próprias forças a sua salvação, da qual depende a harmonia universal.
42. O pensamento da New Age se espalha de modo sutil e quase imperceptível, por muitos canais e formas, e é apresentado com metodologias adequadas inclusive para as crianças, sublinhando as suas características de amor universal e de proteção da natureza.
Esta proposta pode ser enganosa, porque apresenta determinados objetivos com os quais é fácil concordar: harmonia entre homem e natureza, consciência e compromisso para tornar o mundo melhor, mobilização de todas as forças do bem para um novo projeto unitário de vida.
Algumas técnicas propostas podem ser consideradas naturalmente boas e psicologicamente úteis, mas outras são altamente questionáveis, porque usam formas que violam a ética natural e o respeito pelo ser humano.
Exige-se, portanto, um aprofundamento e um esclarecimento sobre esta nova forma de sincretismo religioso, que é difícil de definir. Só é bom o que é verdadeiro: este é o critério que deve nos guiar. Temos uma obrigação de consciência para com a verdade e um dever de obediência à Palavra revelada, advertidos que fomos por São Paulo de que existe sempre o risco de trocarmos a verdade de Deus pela mentira e de adorarmos "a criatura no lugar do Criador" (Rm 1, 25).
43. A resposta cristã para a Nova Era está no mistério da Encarnação: o Filho de Deus nasceu da Virgem Maria "para nos salvar". Não há salvação em nenhum outro nome (cf. At 4 , 12). Ninguém pode salvar a si mesmo, com técnicas humanas.
Apesar da companhia de todas as constelações e com todas as práticas psicológicas possíveis, o homem permanece irremediavelmente sozinho. Veio Outro para nos salvar, aquele que "por nós, homens, e pela nossa salvação, desceu dos céus" e está vivo e operante mediante o seu Espírito na Igreja.
O cristão não adere a um salvador humanamente inventado, mas ao Jesus Cristo do Evangelho, que nos salva através da cruz e da ressurreição, propondo o caminho das bem-aventuranças e nos fazendo transcender o horizonte terreno, ainda que o ilumine e o promova".
A New Age desvaloriza e torna irrelevante o critério de verdade, e quem evoca a sua necessidade é considerado perigoso para a concórdia entre os homens, perturbador do caminho rumo à nova era, a qual estaria destinada a pôr fim às disputas e divisões das idades anteriores do mundo.
No limiar do milênio, é prometida uma "nova era" do mundo, a "Era de Aquário", que será de unidade e paz universal, caracterizada pelo advento de uma religião planetária, herdeira do que houve de positivo em todas as religiões anteriores, levando-as, assim, ao seu cumprimento. Embora faça referências também ao pensamento de autores cristãos, esse movimento esvazia o evento salvífico de Cristo eliminando a sua verdade, singularidade e plenitude.
Além do sincretismo, a New Age é dominada por um vago naturalismo e imanentismo. O homem, de acordo com essa linha de pensamento, pode se tornar capaz, através de algumas técnicas, de fazer a experiência do divino sem a ajuda da graça divina, realizando com as próprias forças a sua salvação, da qual depende a harmonia universal.
42. O pensamento da New Age se espalha de modo sutil e quase imperceptível, por muitos canais e formas, e é apresentado com metodologias adequadas inclusive para as crianças, sublinhando as suas características de amor universal e de proteção da natureza.
Esta proposta pode ser enganosa, porque apresenta determinados objetivos com os quais é fácil concordar: harmonia entre homem e natureza, consciência e compromisso para tornar o mundo melhor, mobilização de todas as forças do bem para um novo projeto unitário de vida.
Algumas técnicas propostas podem ser consideradas naturalmente boas e psicologicamente úteis, mas outras são altamente questionáveis, porque usam formas que violam a ética natural e o respeito pelo ser humano.
Exige-se, portanto, um aprofundamento e um esclarecimento sobre esta nova forma de sincretismo religioso, que é difícil de definir. Só é bom o que é verdadeiro: este é o critério que deve nos guiar. Temos uma obrigação de consciência para com a verdade e um dever de obediência à Palavra revelada, advertidos que fomos por São Paulo de que existe sempre o risco de trocarmos a verdade de Deus pela mentira e de adorarmos "a criatura no lugar do Criador" (Rm 1, 25).
43. A resposta cristã para a Nova Era está no mistério da Encarnação: o Filho de Deus nasceu da Virgem Maria "para nos salvar". Não há salvação em nenhum outro nome (cf. At 4 , 12). Ninguém pode salvar a si mesmo, com técnicas humanas.
Apesar da companhia de todas as constelações e com todas as práticas psicológicas possíveis, o homem permanece irremediavelmente sozinho. Veio Outro para nos salvar, aquele que "por nós, homens, e pela nossa salvação, desceu dos céus" e está vivo e operante mediante o seu Espírito na Igreja.
O cristão não adere a um salvador humanamente inventado, mas ao Jesus Cristo do Evangelho, que nos salva através da cruz e da ressurreição, propondo o caminho das bem-aventuranças e nos fazendo transcender o horizonte terreno, ainda que o ilumine e o promova".
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Por Sandro Leoni
Fonte: Zenit.org. 08/10/2013
Imagem da Internet
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