FÊCRIS VASCONCELLOS
Não basta mais pensar para existir: é preciso compartilhar. As redes
sociais na internet, que se multiplicaram desde o surgimento há cerca de
10 anos, são parte da identidade de pessoas de todas as idades e não
estar nelas é, por vezes, abdicar de parte do eu na era digital. Mas,
atenção: uma conta no Facebook, aparentemente gratuita, pode custar mais
que um simples cadastro com e-mail.
Quem aceita os termos de adesão de um site do tipo, posta imagens, localização e qualquer outra informação está abrindo mão de um bem precioso: a privacidade. Não entender exatamente o que as produtoras de software e os sites estão fazendo com os seus dados custa caro.
O sucesso do aplicativo de avaliação masculina Lulu trouxe de carona uma enxurrada de manifestações contrárias à liberação de dados pessoais fornecidos às redes para terceiros. Só que essa é uma das contrapartidas pedidas pela maioria dos sites para cadastro. O advogado especialista em Direito Digital, sócio do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados, de São Paulo, Victor Haikal, explica que é difícil chegar a uma conclusão se essa exigência é ou não abusiva, pois não há como medir quanto valem os dados das pessoas. Além disso, não há leis específicas sobre privacidade na internet a que se possa apelar, especialmente quando o site oferece a opção de bloquear algumas informações para não permitir o acesso público, como no Facebook.
– O usuário, quando entra na rede ou usa o app, permite o acesso a seus dados, mas eles não são de propriedade da empresa. A partir do momento em que a pessoa concordou com as políticas de privacidade e não configurou a rede de modo que lhe proteja, fica difícil reclamar. Na prática, quanto mais opções derem para proteger a conta, há menos chance de reclamar – esclarece.
Vontade de participar motiva exposição
Por vezes, não é uma questão de falta de compreensão. Usuários, ainda que saibam que estão expostos, preferem abrir mão do controle a estar fora da conversa.
– Num primeiro momento, as pessoas talvez não se deem conta do que pode acontecer. Mas depois, em troca dos benefícios e para ter as práticas de sociabilidade, elas abrem mão da privacidade sem sentir. A contrapartida é prazerosa – diz Adriana Amaral, professora e pesquisadora do Pós-graduação em Comunicação da Unisinos.
Esse prazer em estar na rede não é mais o bastante para algumas pessoas. De acordo com Adriana, há um movimento – especialmente dos mais jovens – de deixar redes como o Facebook por acreditar que o preço é alto demais:
– O problema do Facebook é que ele integra todos os dados, a vida pessoal, profissional etc. Isso dá um volume e um cruzamento de dados maior. Nos deixa mais vulneráveis.
A debandada da maior rede social do mundo estaria beneficiando sites menores e mais focados, como o Pinterest (para referências visuais), o LikedIn (focado na vida profissional) e mesmo o Instagram.
– A identidade sempre foi fragmentada, num momento tu és profissional, noutro és pai de família. A internet possibilita um melhor gerenciamento desses fragmentos – explica Adriana.
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fecris.vasconcellos@zerohora.com.br
FÊCRIS VASCONCELLOS Quem aceita os termos de adesão de um site do tipo, posta imagens, localização e qualquer outra informação está abrindo mão de um bem precioso: a privacidade. Não entender exatamente o que as produtoras de software e os sites estão fazendo com os seus dados custa caro.
O sucesso do aplicativo de avaliação masculina Lulu trouxe de carona uma enxurrada de manifestações contrárias à liberação de dados pessoais fornecidos às redes para terceiros. Só que essa é uma das contrapartidas pedidas pela maioria dos sites para cadastro. O advogado especialista em Direito Digital, sócio do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados, de São Paulo, Victor Haikal, explica que é difícil chegar a uma conclusão se essa exigência é ou não abusiva, pois não há como medir quanto valem os dados das pessoas. Além disso, não há leis específicas sobre privacidade na internet a que se possa apelar, especialmente quando o site oferece a opção de bloquear algumas informações para não permitir o acesso público, como no Facebook.
– O usuário, quando entra na rede ou usa o app, permite o acesso a seus dados, mas eles não são de propriedade da empresa. A partir do momento em que a pessoa concordou com as políticas de privacidade e não configurou a rede de modo que lhe proteja, fica difícil reclamar. Na prática, quanto mais opções derem para proteger a conta, há menos chance de reclamar – esclarece.
Vontade de participar motiva exposição
Por vezes, não é uma questão de falta de compreensão. Usuários, ainda que saibam que estão expostos, preferem abrir mão do controle a estar fora da conversa.
– Num primeiro momento, as pessoas talvez não se deem conta do que pode acontecer. Mas depois, em troca dos benefícios e para ter as práticas de sociabilidade, elas abrem mão da privacidade sem sentir. A contrapartida é prazerosa – diz Adriana Amaral, professora e pesquisadora do Pós-graduação em Comunicação da Unisinos.
Esse prazer em estar na rede não é mais o bastante para algumas pessoas. De acordo com Adriana, há um movimento – especialmente dos mais jovens – de deixar redes como o Facebook por acreditar que o preço é alto demais:
– O problema do Facebook é que ele integra todos os dados, a vida pessoal, profissional etc. Isso dá um volume e um cruzamento de dados maior. Nos deixa mais vulneráveis.
A debandada da maior rede social do mundo estaria beneficiando sites menores e mais focados, como o Pinterest (para referências visuais), o LikedIn (focado na vida profissional) e mesmo o Instagram.
– A identidade sempre foi fragmentada, num momento tu és profissional, noutro és pai de família. A internet possibilita um melhor gerenciamento desses fragmentos – explica Adriana.
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fecris.vasconcellos@zerohora.com.br
FONTE: ZH on line, 01/12/2013
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