Heleni Passos*
Um jovem executivo (aquele da geração Y) chega à empresa e liga seu notebook, mas antes já respondeu no MSN pelo celular ao convite de almoçar. É óbvio que vai ler os e-mails só depois que visualizar as notificações do TweetDeck. São muitos flashes ao mesmo, e todos multicanal. A atenção é multidinâmica, mas o filtro do que é relevante é sempre focado no que primeiro é melhor para si próprio. Lê tudo o que estiver em uma única frase e só consome a informação telegráfica. É "fast food" por natureza em todos os seus atos, e pensa todos os dias qual será a próxima empresa onde quer trabalhar.
O imediatismo e a ambição são duas características essenciais da chamada "geração Y", que compreende os jovens nascidos a partir de 1978, e esse novo perfil impõe novos desafios às empresas, aos gestores - afinal, reter este talento está cada vez mais difícil. A geração Y impulsiona uma era de gratificação instantânea, onde tudo tem que ser imediato na carreira: a promoção, o alto salário, a sala exclusiva, o reconhecimento.
Um executivo experiente (lá da geração X) chega à empresa e liga seu notebook, mas antes passou na academia e fez sua hora de natação para manter a forma. É óbvio que os e-mails e os boletins de notícias são prioridade, entretanto, seu tempo é curto e seu foco são as decisões que precisa tomar. Sua ambição é grande, mas a profundidade de seu conhecimento é maior ainda.
A empresa onde trabalha é importante, mas está sempre aberto a novos convites e gosta de conhecer novos desafios, mesmo que não irá aceitá-los. Sua ambição é resultado do crescimento através do aprendizado e desenvolvimento de novas habilidades, bem como da sua postura autoconfiante e espírito empreendedor.
Gerenciar estes líderes exige visão de futuro aliada ao crescimento profissional e pessoal. Aliás, este executivo é o que mais valoriza a qualidade de vida como importante fator de crescimento profissional. O desafio para seus gestores foi conciliar a empresa e seus downsizings e reengenharias com a possibilidade de ter vida familiar, algo tão valorizado por esta geração. Podemos dizer que X é o imigrante da era digital e vive entre os paradigmas dos individualistas "babyboomers" e imediatismo dos Ys.
Um executivo "babyboomer" chega à empresa, mas antes leu os três principais jornais e já sabe tudo o que aconteceu no dia anterior, como a bolsa se comportou e o que deve decidir ao longo do período. Seu lema é trabalho e resultado, pois conhece as armadilhas do seu negócio e os enganos que a vida traz. Valoriza o conhecimento e o comprometimento, mas dificilmente consegue descobrir alguém assim nesta empresa onde trabalha. Dificilmente sairá da organização onde fez carreira por mais de 20 anos e não consegue entender a "infidelidade" da geração Y. - "esses trainees!".
Sua geração consolidou a cultura da maior parte das organizações de sucesso e longevidade do pós-guerra. Construiu as empresas tais como são hoje, apesar da busca da inovação ser o desafio das gerações posteriores. São, na maioria, os grandes líderes que ainda sobrevivem no poder, seja na presidência ou no pior no conselho de acionistas.
A preocupação em reter este talento é menor, pois se não estiver em alto cargo empresarial, está iniciando o processo de aposentadoria. Mas, o que pensar desta geração que construiu os principais pilares do mundo que vivemos hoje, que estão na entrando na "melhor idade" e, portanto, sua contribuição é descartável?
Vivemos um momento de diversidade no ambiente empresarial. São três gerações com comportamentos distintos, com visões diferentes e valores antagônicos. Como gerir todos e ainda cumprir as metas da empresa? E aí, onde está o sucesso?
Fonte:RH.com.br 09/11/2009
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