Martha Medeiros*
Ninguém tem dúvida sobre a potência da internet, e o
fenômeno Clarice Falcão é uma prova mais do que evidente. É bem verdade
que não se pode falar de Clarice sem falar em Gregório Duvivier,
namorado e colega no hit Porta dos Fundos, o programa humorístico mais
comentado da atualidade, que só veicula na web. Mas Clarice não é só a
parceira do Gregório, nem só atriz, nem só roteirista, nem só filha dos
talentosos Adriana e João Falcão – a garota, além de ser também
compositora e cantora, é, antes de tudo, um acontecimento.
Comprovei. Estive no show Monomania, que ela apresentou no Bourbon Country no último domingo. Casa lotada. Mal entrou no palco, surto coletivo – antes de abrir a boca, ela já tinha a plateia na mão. Vestida com uma capa de vinil negro, galochas e um guarda-chuva em punho, estava ali para contar sobre como o amor fecha o tempo. E contou. E cantou. Encantou.
O espetáculo foi rápido como um raio, um flash, um clarão. Quantas músicas? Talvez 15, no máximo. Uma mais adorável que a outra, com letras espirituosas, inteligentes, de um humor para entendidos. E quem não é entendido em dores de cotovelo que nos tornam seres risíveis? Ela lembra o tempo todo: morro por você, mas não perco a piada.
Nada de bolero, tango, canções ao estilo rasga coração. O barato de Clarice é expor a natureza tragicômica de todos nós, as nossas inseguranças, infantilidades e maluquices, principalmente as maluquices, o termômetro de toda paixão não correspondida – ou mal sintonizada. Que sanidade, o quê. Amor é a casa dos loucos.
Clarice é boa de rima, boa de trama, boa de ritmo – não se estende demasiadamente, é rápida na transmissão do recado. Linda e doce, nos remete à infância, mas não à infância babaca dos príncipes encantados e finais felizes delirantes. O que ela assinala é que os ideais românticos sofrem uma influência perversa da vida real, simplesmente isso. Simplesmente mesmo. Clarice é simples como um sorvete de creme.
Pelo pouco tempo que Clarice está aí, eu esperava um espetáculo ligeiramente amador, mas ao contar com a experiência e a sensibilidade da sogra, a cantora Olivia Byington, que produz a turnê, o que se viu foi profissionalismo aliado a uma despretensão cativante. Clarice é quase tímida, quase deslocada, quase não entende como foi parar nas capas de revista, quase não sabe como tudo se deu – mas sabe, ou não teria dado a largada para uma carreira que promete ser um refresco para estes tempos de passeatas febris e necessárias – aliás, tomara que o movimento amadureça, sem nos dar motivos para perder o sono.
Então, salve Clarice, que faz canções de ninar para adultos.
Comprovei. Estive no show Monomania, que ela apresentou no Bourbon Country no último domingo. Casa lotada. Mal entrou no palco, surto coletivo – antes de abrir a boca, ela já tinha a plateia na mão. Vestida com uma capa de vinil negro, galochas e um guarda-chuva em punho, estava ali para contar sobre como o amor fecha o tempo. E contou. E cantou. Encantou.
O espetáculo foi rápido como um raio, um flash, um clarão. Quantas músicas? Talvez 15, no máximo. Uma mais adorável que a outra, com letras espirituosas, inteligentes, de um humor para entendidos. E quem não é entendido em dores de cotovelo que nos tornam seres risíveis? Ela lembra o tempo todo: morro por você, mas não perco a piada.
Nada de bolero, tango, canções ao estilo rasga coração. O barato de Clarice é expor a natureza tragicômica de todos nós, as nossas inseguranças, infantilidades e maluquices, principalmente as maluquices, o termômetro de toda paixão não correspondida – ou mal sintonizada. Que sanidade, o quê. Amor é a casa dos loucos.
Clarice é boa de rima, boa de trama, boa de ritmo – não se estende demasiadamente, é rápida na transmissão do recado. Linda e doce, nos remete à infância, mas não à infância babaca dos príncipes encantados e finais felizes delirantes. O que ela assinala é que os ideais românticos sofrem uma influência perversa da vida real, simplesmente isso. Simplesmente mesmo. Clarice é simples como um sorvete de creme.
Pelo pouco tempo que Clarice está aí, eu esperava um espetáculo ligeiramente amador, mas ao contar com a experiência e a sensibilidade da sogra, a cantora Olivia Byington, que produz a turnê, o que se viu foi profissionalismo aliado a uma despretensão cativante. Clarice é quase tímida, quase deslocada, quase não entende como foi parar nas capas de revista, quase não sabe como tudo se deu – mas sabe, ou não teria dado a largada para uma carreira que promete ser um refresco para estes tempos de passeatas febris e necessárias – aliás, tomara que o movimento amadureça, sem nos dar motivos para perder o sono.
Então, salve Clarice, que faz canções de ninar para adultos.
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* Escritora. Cronista.
Fonte: ZH on line, 29/06/2013
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