Brasão de armas da Eslováquia
Nunca terá passado pela cabeça de Cirilo e Metódio que
mais de mil após a sua morte haveriam de estar no centro de uma disputa
reveladora dos problemas que as religiões, e em particular o
Cristianismo, causam no Velho Continente.
Em 2012 a Eslováquia decidiu comemorar os 1150 anos
da chegada dos dois santos ao seu território com a cunhagem de uma
moeda, desenhada por um artista local.
O problema começou quando a Comissão Europeia torceu o
nariz ao desenho da face nacional da moeda - a outra é comum em todos
os estados membros. A reprovação foi seguida por vários países membros.
De acordo com as regras da União Europeia (UE), a que a
Eslováquia pertence desde 2009, os estados membros devem ter em
consideração que as moedas circulam por 27 países - mais um no próximo
mês, com a entrada da Croácia.
Por isso, quando emitem moedas comemorativas -
possibilidade concedida aos estados da UE uma vez por ano - os países
devem submeter o desenho a representantes de outras nações.
As cruzes estão presentes em moedas de vários países. A
própria bandeira nacional da Eslováquia, por exemplo, inclui uma cruz
de dois braços no topo de um conjunto formado por três montanhas,
desenho que se encontra nas moedas de um euro.
Não foi a cruz de dois braços ao centro das imagens
de Metódio e Cirilo que causou problemas. A dificuldade consistiu nas
auréolas sobre as cabeças dos santos, assim como nas cruzes que
ornamentam a estola de um deles.
A divisão sobre os símbolos cristãos de Cirilo e
Metódio é vista por alguns analistas como mais um sinal da perturbação
que as questões religiosas causam na Europa.
«Posso assegurar-vos que a Comissão [Europeia] não é o
Anticristo, afirmou ao jornal "New York Times" a responsável da UE
pelo diálogo entre grupos laicos e religiosos.
Projeto da nova moeda após as críticas
Katharina von Schnurbein negou que Bruxelas tenha uma
agenda ateia: «A União Europeia é muitas vezes vista como se procurasse
banir toda a fé, mas não é assim. Relacionamo-nos com pessoas que
creem e com pessoas que não creem».
A França também se opôs porque atribui grande
importância à separação entre Igreja Estado, enquanto a Grécia
considera que os monges bizantinos pertencem exclusivamente à sua
herança.
No fim de 2012 várias notícias indicavam que o banco
central da Eslováquia tinha cedido às pressões, eliminando os símbolos
da discórdia (ver imagem). Hoje soube-se que, afinal, o projeto inicial
vai para a frente sem alterações. Cirilo e Metódio vão ser moeda de
troca a partir de julho, com dois meses de atraso em relação ao
previsto.
«Há um movimento na União Europeia que quer a
neutralidade religiosa total e não aceita as nossas tradições cristãs»,
disse ao jornal nova-iorquino D. Stanislav Zvolensky, arcebispo de
Bratislava, capital da Eslováquia.
Num continente dividido por muitos idiomas, além de
grandes diferenças culturais e económicas, o prelado defendeu que os
séculos de cristianismo oferecem um raro elemento partilhado por todos
os países.
Os irmãos Cirilo e Metódio, nasceram em Tessalónica,
atual Grécia, no início do século IX. Do alfabeto glagolítico, por eles
criado com o objetivo de traduzir a Bíblia e outros textos para os
povos eslavos, deriva o alfabeto cirílico, hoje utilizado em países
como a Rússia e a Bulgária, sendo este o único estado da UE a usá-lo.
A Igreja católica evoca a 14 de fevereiro os dois santos que o beato papa João Paulo II declarou em 1980 padroeiros da Europa.
Nova moeda eslovaca comemorativa dos santos Cirilo e Metódio (versão definitiva)
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Fonte: http://www.snpcultura.org/dificil_questao_religiosa_uniao_europeia_contada_pelas_cruzes_e_aureolas_nova_moeda.html
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