Casa Fernando Pessoa
A escritora Inês Pedrosa qualifica de
«desassossegada» a relação que Fernando Pessoa (13.6.1888 - 30.11.1935)
manteve com a Bíblia.
A questão da fé não era «acessória» para o autor
do "Livro do Desassossego", referiu em abril de 2011 a diretora da Casa
Fernando Pessoa, em Lisboa, aquando da primeira sessão do ciclo "A
Bíblia, coisa curiosa".
«Era um homem completamente viciado em enigmas e
por isso nunca se fixou numa religião, como nunca se fixaria a nada»,
lembrou Inês Pedrosa em declarações à Agência Ecclesia.
A multiplicidade de perspetivas em Pessoa
condicionou o seu posicionamento face à religião: «Foi muita coisa em
simultâneo e em catadupa», pelo que «nunca poderia dizer “Eu sou deste
dogma”, dado que não saberia se amanhã acordaria assim».
«[Pessoa] tinha a noção do sagrado, como acho que
os grandes artistas têm sempre», salientou, acrescentando que embora
«não se possa dizer que fosse católico», era todavia «um homem de fé».
Para Inês Pedrosa, a evocação de Jesus que «desce
do céu e vem brincar» com os humanos constitui um texto «realmente
bíblico e sublime»: «Esse momento é particularmente forte e mostra bem o
brilho» que a figura de Cristo tinha para Fernando Pessoa.
O padre Tolentino Mendonça lembrou na ocasião que
Pessoa, através do heterónimo Álvaro de Campos, adjetivou a Bíblia de
«coisa curiosa», uma forma que o poeta madeirense diz ser «muito
acertada» para falar dos livros que a compõem.
«A Bíblia está na gestação de cultura, sendo comentada
não apenas por teólogos e exegetas, mas também por músicos, poetas e
pintores», realçou o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da
Cultura.
Casa Fernando Pessoa
---------------------- Reportagem por: Rui Martins
Agência Ecclesia, com SNPC
12.06.13
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