quinta-feira, 13 de junho de 2013

Ricardo Antunes: o trabalho e o capitalismo financeiro



Em entrevista concedida à TV Carta Maior, o professor da Unicamp Ricardo Antunes, pesquisador do campo da sociologia do trabalho, falou sobre o polêmico Acordo Coletivo Especial (ACE), projeto que permite que o negociado entre sindicato e empresa tenha mais valor do que o legislado, a nova organização do trabalho e sua relação com a lógica do capitalismo financeiro.

 
 
São Paulo - Em entrevista concedida durante o evento Marx: a Criação Destruidora, promovido pela Boitempo Editorial, o professor da Unicamp Ricardo Antunes, especialista e pesquisador de sociologia do trabalho, falou à TV Carta Maior sobre as novidades no campo do trabalho e do sindicalismo, como o polêmico Acordo Coletivo Especial (ACE), a nova organização do trabalho e sua relação com a lógica do capitalismo financeiro.

Em relação ao Acordo Coletivo Especial (ACE), proposto pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Ricardo Antunes lembrou que “várias categorias de trabalhadores são contrários [ao ACE] porque o princípio do negociado se sobrepondo ao legislado acaba com os direitos sociais do trabalho”.

Segundo cartilha publicada pelo sindicato filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), “a CLT exerce um controle excessivo e com regras engessadas sobre as relações trabalhistas”. O projeto atualmente em trâmite na Câmara dos Deputados define que os sindicatos devem demonstrar que representam mais da metade da categoria (em número de trabalhadores filiados) e manter um comitê sindical no interior da empresa com a qual pretendem negociar, para obter prevalência do negociado sobre o legislado.

Para o pós-doutor em sociologia do trabalho, "os sindicatos mais enfraquecidos serão pressionados pelo patronato - imagine os operadores de telemarketing, comerciários - a negociarem abaixo da CLT. É uma concepção neocorporativa dos sindicatos, não pensa na classe, mas numa parte isolada da classe", defendeu Ricardo Antunes.

Perguntado sobre um possível descompasso entre o sindicalismo e as novas demandas do mundo do trabalho, Ricardo disse que há “uma nova morfologia da classe trabalhadora. Numa empresa, hoje, você tem o trabalhador estável e o trabalhador instável, o terceirizado com direito e o terceirizado sem direito, o trabalhador part-time e o full-time. Para o sindicato representar tudo isso, ainda mais o sindicato herdeiro da fase fordista e taylorista, é difícil”, afirmou.

O professor, no entanto, pontua ganhos na luta dos trabalhadores - a entrada dos empregados e empregadas domésticos na vigência da Consolidação das Leis de Trabalho - e não pensa que os sindicatos desaparecerão “Os sindicatos têm sabido enfrentar desafios e alguns deles têm oferecido respostas inclusive no cenário mundial”, afirmou.
 
Para ver a entrevista clique aqui.
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Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=22174

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