Crise de representatividade
DAIANA KMIECIK*
Pode-se falar atualmente em descrença
diante das ações dos agentes políticos que ocupam as diversas instâncias
do Estado. Esta condição leva estudiosos a pesquisa acerca de uma crise
de representatividade. Representa-se um grupo, um povo, uma multidão,
uma sociedade, uma nação pautado em princípios como responsabilidade,
conhecimento de causa e formação qualificada para funções próprias do
sistema democrático.
Segundo esses estudos, existe uma
desconfiança da sociedade em relação aos atores políticos (presidente,
governadores, prefeitos, vereadores, senadores, deputados), isso por
conta da não-eficácia de suas atividades executivas e parlamentares, que
intermedia os interesses sociais junto ao Estado. Essa crise afeta os
partidos políticos que se constituem em instituições que representam uma
ideologia, uma concepção de Estado, uma proposta de governar o Estado, a
prefeitura, e/ou mesmo uma forma de legislar, fiscalizar, que é a
tarefa do Legislativo (vereadores, deputados e senadores). Segundo
Boaventura de Souza Santos, os eleitores se sentem “cada vez menos
representados por aqueles que elegeram”.
Paralelamente a essa crise de
representatividade, entendemos que ocorre cada vez mais a diminuição da
legitimidade de autoridades, de representantes. A vontade popular fica
sem saber a quem recorrer quando reconhece no poder estatal um espaço
elitista, em que se defendem interesses privados e econômicos.
Portanto, para Hannah Arendt, a dominação
política moderna, ou, então, a crise da representatividade encontra-se
no nascimento do Estado-nação, onde se fecham os espaços de liberdade
dos cidadãos, de agir conforme a pluralidade. Aparecendo novos
comportamentos, segundo normas técnicas, que visam ao poder econômico
com a maximização da produção e do trabalho. Isola-se a política entre
os homens, assim ocorre a despolitização da sociedade, caracterizada
como o não-envolvimento com o que se refere à discussão política da
sociedade atual.
Ainda nesta discussão acerca da crítica
da crise de representatividade, a busca de explicações à apatia e à
indiferença política, Zigmunt Bauman fala em sua obra “Em Busca da
Política” de uma impotência política em não se conseguir chegar onde se
quer, e ao mesmo tempo prezar tanto pela liberdade individual. É a falta
de seguridade, de garantia do homem moderno.
Ocorre que, para se pensar o fim de uma
crise de representatividade, deveria haver a repolitização da sociedade,
por meio de reivindicações populares, como as que estão sendo feitas
pelos movimentos sociais que têm se destacado nas diversas manifestações
das necessidades sociais, uma cultura política mais participativa. Isso
cria novos espaços públicos de discussão e ação política.
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* Socióloga -12/01/2010
Fonte: http://hannaharendt.wordpress.com/2010/01/12/crise-de-representatividade/
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