Cardeal Walter Kasper
“Vatican Insider” entrevista o cardeal alemão que apresentou o
encontro de dois dias e falou sobre a beleza da família e do problema
dos divorciados recasados. “O Papa me pediu para formular perguntas e
agora é o momento de refletir”
“Minha apresentação sobre a beleza da família teve um viés teológico.
Precisamos tomar esse momento como um ponto de partida para lidar com
tudo o mais, incluindo as questões candentes da atualidade. Também falei
sobre a questão dos divorciados recasados, mas nesse contexto como um
todo.” A pedido de Francisco, o Cardeal Walter Kasper, Presidente
Emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade entre os
Cristãos, fez a abertura do Consistório Extraordinário sobre a família,
que começou hoje e termina amanhã. O cardeal alemão respondeu a algumas
perguntas e deixou a Sala Nova do Sínodo no Vaticano.
Por acaso foram tomadas decisões com relação à possibilidade de administrar a Comunhão para divorciados recasados?
“Falei da necessidade de reflexão. Há
algumas situações muito variadas, algumas regras gerais, mas também
algumas situações concretas. O Papa falou sobre o trabalho pastoral
corajoso e inteligente, que seja repleto de amor, e eu falei a respeito
da reflexão sobre situações concretas: as pessoas não são simplesmente
casos, elas têm uma dignidade que precisa ser respeitada.”
Qual é a sua opinião pessoal sobre esse assunto?
“Não se pode generalizar. Vou lhe dar um
exemplo: Eu era bispo há dez anos e um dia um pároco veio a mim e me
contou a respeito de uma mãe (que era uma divorciada recasada] cujo
filho ele estava preparando para a primeira Comunhão. O filho ia receber
a Comunhão, mas não a mãe. Então me pergunto: Como isso é possível?
Temos o arrependimento, a misericórdia e o perdão de Deus. Será que
podemos realmente negar a remissione peccatorum?
A posição tomada pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller, sobre esse assunto difere da sua …
“Não discuti sobre esse assunto com
Müller, apenas apresentei o tópico. Porém, ele e eu concordamos em
questões fundamentais. Certamente sou um pouco menos firme em questões
concretas, mas eu não discuti com ele.”
O senhor conversou com o Papa antes do Consistório Extraordinário?
“Sim, o Papa me pediu para fazer
perguntas, não para propor soluções. E é correto que os fiéis façam
perguntas. A situação [família] mudou muito na sociedade ocidental. Fiz
perguntas, mas não estou tentando forçar minha posição. Não tenho uma
solução, precisamos refletir e, em qualquer caso, o Sínodo [que o Papa
convocou para o próximo mês de outubro] abordará essas questões. Com o
Papa Jorge Mario Bergoglio, o Consistório Extraordinário de hoje
transcorreu em uma atmosfera muito tranquila, o que é muito importante. O
Papa abriu a discussão, que, a princípio não prevê quaisquer decisões,
precisamos apenas refletir.”
Existe um risco de dissensão dentro do Colégio Cardinalício sobre as questões relacionadas à família?
“Não, este é um contexto sinodal; precisamos chegar a um consenso, precisamos de troca de ideias, discussões e orações.”
A Igreja é uma democracia?
“Não, ela não é uma democracia; a Igreja toma decisões que são fruto de um processo sinodal. Democracia é outra coisa.”
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Por Vatican Insider | Tradução: Fratres in Unum.com
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