segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sínodo sobre a Família: Kasper pede misericórdia em situações concretas.

Cardeal Walter Kasper

Cardeal Walter Kasper

“Vatican Insider” entrevista o cardeal alemão que apresentou o encontro de dois dias e falou sobre a beleza da família e do problema dos divorciados recasados. “O Papa me pediu para formular perguntas e agora é o momento de refletir”

 “Minha apresentação sobre a beleza da família teve um viés teológico. Precisamos tomar esse momento como um ponto de partida para lidar com tudo o mais, incluindo as questões candentes da atualidade. Também falei sobre a questão dos divorciados recasados, mas nesse contexto como um todo.” A pedido de Francisco, o Cardeal Walter Kasper, Presidente Emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade entre os Cristãos, fez a abertura do Consistório Extraordinário sobre a família, que começou hoje e termina amanhã. O cardeal alemão respondeu a algumas perguntas e deixou a Sala Nova do Sínodo no Vaticano.

Por acaso foram tomadas decisões com relação à possibilidade de administrar a Comunhão para divorciados recasados?
“Falei da necessidade de reflexão. Há algumas situações muito variadas, algumas regras gerais, mas também algumas situações concretas. O Papa falou sobre o trabalho pastoral corajoso e inteligente, que seja repleto de amor, e eu falei a respeito da reflexão sobre situações concretas: as pessoas não são simplesmente casos, elas têm uma dignidade que precisa ser respeitada.”

Qual é a sua opinião pessoal sobre esse assunto?
“Não se pode generalizar. Vou lhe dar um exemplo: Eu era bispo há dez anos e um dia um pároco veio a mim e me contou a respeito de uma mãe (que era uma divorciada recasada] cujo filho ele estava preparando para a primeira Comunhão. O filho ia receber a Comunhão, mas não a mãe. Então me pergunto: Como isso é possível? Temos o arrependimento, a misericórdia e o perdão de Deus. Será que podemos realmente negar a remissione peccatorum?

A posição tomada pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Ludwig Müller, sobre esse assunto difere da sua …
“Não discuti sobre esse assunto com Müller, apenas apresentei o tópico. Porém, ele e eu concordamos em questões fundamentais. Certamente sou um pouco menos firme em questões concretas, mas eu não discuti com ele.”

 O senhor conversou com o Papa antes do Consistório Extraordinário?
“Sim, o Papa me pediu para fazer perguntas, não para propor soluções. E é correto que os fiéis façam perguntas. A situação [família] mudou muito na sociedade ocidental. Fiz perguntas, mas não estou tentando forçar minha posição. Não tenho uma solução, precisamos refletir e, em qualquer caso, o Sínodo [que o Papa convocou para o próximo mês de outubro] abordará essas questões. Com o Papa Jorge Mario Bergoglio, o Consistório Extraordinário de hoje transcorreu em uma atmosfera muito tranquila, o que é muito importante. O Papa abriu a discussão, que, a princípio não prevê quaisquer decisões, precisamos apenas refletir.”

Existe um risco de dissensão dentro do Colégio Cardinalício sobre as questões relacionadas à família?
“Não, este é um contexto sinodal; precisamos chegar a um consenso, precisamos de troca de ideias, discussões e orações.”

A Igreja é uma democracia?
“Não, ela não é uma democracia; a Igreja toma decisões que são fruto de um processo sinodal. Democracia é outra coisa.”
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 Por Vatican Insider | Tradução: Fratres in Unum.com

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