Roberto Malvezzi (Gogó)
O ser humano tem 10% da genética de certos vermes e 15% de um tipo de
mosca. Temos ainda 99% da genética dos chimpanzés. Entre nós, seres
humanos, nossa identidade genética é de 99,9%.
Todos nós temos origem na África e pode haver mais diferença entre dois louros que entre um louro e um africano.
A tonalidade da pele não difere geneticamente os seres humanos. Não há duas raças humanas, mas uma só.
Esse é o resultado do mapeamento do genoma humano publicado há algum tempo e comparado ao mapeamento de outros seres vivos.
É um prazer pertencer à comunidade da vida com vermes, moscas,
chimpanzés e humanos que habitam esse planeta. Provavelmente sem aqueles
seres que nos transmitiram sua carga genética não estaríamos aqui. Se
houve evolução das espécies, então devemos a eles todos os degraus da
evolução.
Mesmo que não tenha havido, somos todos irmãos, parentes, geneticamente irmanados.
Portanto, mais que um preconceito, o que os peruanos fizeram com o
Tinga, ou quando os europeus pensam estar ofendendo algum brasileiro ou
africano, chamando-os de macaco, é pura ignorância.
Certos ramos das ciências sociais, entretanto, acham interessante
manter o conceito interpretativo de raça, não porque existem duas ou
três raças humanas, mas porque ele capta a discriminação conveniente
para os grupos dominantes que consideram seus semelhantes inferiores por
razões de cor.
A polícia que atira nos negros e índios em primeiro, ou o deputado
que diz serem “os negros, índios e gays tudo que não presta”, assim
revela seu entendimento ignorante e discriminatório em relação aos seus
irmãos “gêmeos”. Ele segue o princípio nazista de dividir os seres
humanos em raças e afirmar que os “arianos” são superiores aos demais.
Os peruanos, os africanos, os brasileiros, os europeus, todos somos
geneticamente os mesmos. Portanto, de alguma forma, todos somos
chimpanzés.
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* Roberto Malvezzi (Gogó),
Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia
e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.Fonte: EcoDebate, 17/02/2014
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