Quando o nosso trabalho começa a ficar mais lento,
devemos procurar a razão. Conforme a razão assim será o remédio. Se a
causa é a fadiga, então temos de descansar. Se, por outro lado, é a
preguiça, então temos de nos esforçar. Com efeito, quase sempre, se a
nossa vida está bem regulada, o melhor de todos os remédios é o
esforço. Mas é necessário variá-lo. Descansamos de uma tarefa começando
outra. Uma mudança é suficiente, dado que são diferentes as forças
exercitadas.
Seja como for, não se deve dissipar a energia
espalhando-a por demasiados objetos. De outra forma, não nos daremos a
nenhum e o gosto que daí extrairemos será apenas superficial, e nunca
uma alegria profunda. A vida é necessariamente uma unidade: quanto mais
estamos divididos, mais parecidos ficamos com a morte, que é
essencialmente separação. Ao ir atrás de tudo, ficamos com nada. Ao
mergulharmos profundamente numa coisa, descobrimos muitas outras.
Acredito que se pudéssemos atingir a verdadeira profundidade de alguma
coisa que fosse, haveríamos de encontrar tudo!
O esforço consiste no controlo das nossas faculdades.
Em vez de as deixarmos à solta aqui e ali, concentramo-las no objeto
que temos em vista. O esforço, contudo, é ajudado pelo distanciamento,
que é a tranquilidade da mente. Precisamos de nos libertar de toda a
preocupação, todos os pensamentos de sucesso, todo o desejo de vencer a
luta, todas as considerações de castigo ou recompensa. Devemos
voltar-nos total e serenamente na direção do nosso objeto e
concentrarmo-nos no máximo da nossa força. Da mesma maneira, quando
descansamos, devemos descansar com todo o coração e não pensar em mais
nada.
Dar o melhor em qualquer coisa que façamos, usando
todas as nossas faculdades, é o segredo de todo o verdadeiro
desenvolvimento e de toda a verdadeira alegria.
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Um Cartuxo
In Where silence is praise
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