Patricia Gomes*
Eles
são jovens entre 18 e 30 anos que pouco ou nada se lembram de como a
vida funcionava antes da internet e telefonia serem bens de fácil
acesso. É a chamada – e ainda pouco estudada – geração Y, que hoje já
está no mercado de trabalho, é atuante em suas comunidades e que foi
analisada no Millennial Survey, estudo global feito numa parceira entre a
Telefónica e o Finantial Times divulgado ontem (6) em São Paulo. A
pesquisa, que propôs 190 perguntas a mais de 12 mil jovens de 27 países,
mostra que os “millenniuns”, como também são conhecidos os membros
desse grupo, são extremamente ligados à tecnologia e têm um nível de
engajamento alto com as causas com as quais se preocupam – o que pode
ser economia, questões ambientais, desigualdades sociais. Mas, no Brasil
e na América Latina, o ponto mais sensível é mesmo a educação.
“O Brasil – e a região como um todo – está muito mais preocupado com
educação do que o resto do mundo”, diz Alex Braun, vice-presidente do
PSB, instituto responsável pela pesquisa. No estudo, 19% dos jovens da
América Latina se disseram preocupados com educação, o tema mais
mencionado na região ao lado de desigualdades sociais. “Em comparação
com outros países, notamos também que a educação é um tema relevante de
maneira heterogênea na América Latina. É uma preocupação no Brasil, mas
também no Chile, no Peru… Não sabemos bem por que, mas várias das
perguntas [do questionário] apontaram para essa tendência”, disse o
especialista. Na América do Norte, na Europa e na Ásia, o primeiro lugar
ficou com a economia, que por aqui aparece apenas na quarta colocação.
“Fizemos uma pergunta como essa na ONU e tivemos um resultado
parecido”, acrescentou Jorge Chediek, coordenador-residente do Pnud
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) no Brasil, à
resposta de Brown. “A economia está gerando emprego, então não é
percebida como um problema central. Já a educação é vista como elemento
chave para o crescimento econômico”, completou. Essa percepção na região
também se mostrou presente na pesquisa apresentada hoje. Quando
perguntados sobre o que é mais importante para se promover as mudanças
necessárias na sociedade, 53% dos jovens latino-americanos apontaram o
acesso à educação de qualidade como fator crítico, à frente de proteção
do meio ambiente, erradicação da pobreza e alimentação básica para
todos. Globalmente, com 42%, a educação também lidera essa lista, mas é
na América Latina que esse número é maior.
Além de se mostrar muito preocupada com a educação, a geração do
milênio latino-americana e brasileira também está entre as que mais
valoriza o empreededorismo no mundo e mais disposta a assumir para si a
responsabilidade de protagonizar “a diferença”. Na região, 82% dos
jovens disseram acreditar que podem fazer a diferença localmente, contra
a taxa de 62% do mundo. No Brasil, 47% dos jovens acham que ser um
empreendedor é algo muito importante; 24% acreditam ter oportunidade de
se tornar empreendedor – contra 19% mundialmente.
De acordo com Braun, uma das maiores surpresas que teve ao avaliar os
dados foi o grau de otimismo mostrado por brasileiros e
latino-americanos. “A América Latina sempre foi muito positiva, mas o
nível que encontramos agora nos surpreendeu. Há dois dias estava em
Londres e a diferença é gritante”, afirma o executivo. No Brasil, a
pesquisa contou 1.028 pessoas espalhadas pelo país, de forma a compor
uma amostra representativa do país. “Em 20 anos, esses jovens estarão
liderando o mundo. Com o que estamos vendo, a nova revolução vai vir
daqui”, completa ele.
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* Do Porvir
Fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/07/06/2017
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