A morte, às vezes, mostra um rosto simpático. Aprendamos a desmascará-la!
O que está acontecendo com a nova geração? Por que alguns jovens
rejeitam a ideia de se divertir com tranquilidade, sem cair em excessos?
Drogas e álcool acham cada vez mais espaço em locais de lazer e
diversão.
É claro que não devemos cair na armadilha de generalizar, porque nem
todas as baladas têm armadilhas. Há muitas pessoas que se esforçam para
criar espaços seguros de diversão, onde os jovens estão protegidos. É um
erro atacar todo o universo dos clubes noturnos: temos que respeitar
quem procura fazer o seu trabalho a sério.
Porém, não podemos fechar os olhos para um fenômeno que precisa ser cuidadosamente vigiado.
O ambiente das baladas não é nenhum lugar satânico a ser visto sempre
com um pé atrás. Ele dá uma resposta a um desejo compreensível dos
jovens, de se reunir para “agitar” e encontrar os amigos. O problema é
que, às vezes, ambientes que deveriam relaxar e divertir escondem sérias
ameaças.
Particularmente perigosos são os excessos das raves, imensos
encontros musicais em locais isolados, longe dos centros, com alto
consumo de drogas e álcool. Nesse tipo de contexto, o principal
instrumento de autodestruição é o ecstasy, uma pílula colorida vendida nas raves
e também em diversas baladas e casas noturnas. Entre os fatores que têm
incentivado a sua expansão, merece atenção a sua aparência sedutora.
Poderíamos chamá-lo de "droga que sorri", por causa do seu visual
engraçado, divertido. Não surpreendentemente, ele é muitas vezes
fornecido na forma de pastilhas que retratam personagens de desenhos
animados (reproduzidos ilegalmente). São figuras enganadoras, destinadas
a esconder a natureza perigosa do que é de fato consumido.
A armadilha do ecstasy consiste em dar aos jovens a ilusão de assumir
"superpoderes" como os de alguns heróis do mundo dos quadrinhos. Ele é
ingerido com facilidade e não levanta preocupações de outros tipos de
drogas, como, por exemplo, o risco de contrair aids. Produz um estado de
excitação anormal e uma perda de consciência das reações do próprio
corpo.
Às vezes, no delírio das raves, o ritmo da música é tão martelado que o ecstasy
se torna um combustível necessário para se manter no ritmo. Música e
droga se tornam um: se alimentam e se apoiam mutuamente. Cada um, para
existir, precisa do outro.
O risco mortal do ecstasy está ligado ao calor, causado pela
atividade física excessiva e por um aumento crítico na temperatura do
corpo. O usuário se ilude, por um momento, achando que se tornou um
super-homem. Mas, depois, os efeitos podem ser devastadores.
O ecstasy é uma droga erroneamente considerada "possível":
muitos adolescentes se enganam pensando que podem conviver com ela. Quem
consome o ecstasy rejeita a ideia de ser um drogado. Pensa
apenas em viver um instante de transgressão, para depois retornar à vida
normal. Mas isto não passa de um engano.
O paradoxo é que a balada nasce como um meio de diversão e de
entretenimento. Uma forma como qualquer outra de relaxar depois de uma
semana de estudo ou trabalho. Deveria ser um interlúdio de descanso.
Mas o oposto acontece com muita frequência. Os jovens, depois de uma
noite de balada, estão cansados. Exaustos. Literalmente sacudidos. Tudo
menos descansados.
Passar uma noite relaxante com os amigos não exige varar a noite,
ficar bêbado nem se drogar. Basta aprender a se controlar e a gerenciar
inteligentemente a própria liberdade.
A cultura do limite deveria ser a base de toda verdadeira
civilização. Infelizmente, porém, hoje em dia, muitos jovens são quase
encorajados a viver sem regras.
São muitas vezes os próprios pais que os empurram para a beira do
barranco. Quando eles falam sobre os filhos, é comum ouvirmos frases
como "Eu os deixo livres. Eles é que vão decidir quando forem maiores de
idade. Eu não quero condicioná-los. Eles têm que ser livres para
escolher".
O risco é que os jovens permaneçam eternos bebês que não crescem
nunca nem assumem as suas responsabilidades. Com o pretexto de
"deixá-los livres para escolher", os jovens acabam não sabendo o que
escolher. E a liberdade se transforma em escravidão.
A palavra "liberdade" é interpretada muitas vezes como a
possibilidade de fazer qualquer coisa. Esquece-se que, para ser
verdadeiramente livre, é preciso definir limites morais para as próprias
ações. Sem isso, tudo acaba permitido. O mau uso da liberdade pode
fazer mal a nós mesmos e aos outros seres humanos.
A verdadeira educação dos jovens propõe limites, propõe regras,
propõe nãos. Ela pode até parecer desagradável, mas, sem dúvida, trará
ótimos resultados. Esta é a solução certa para iluminar o futuro das
novas gerações: um amanhã onde se possa dançar e se divertir sem
pastilhas coloridas que sorriem vendendo a morte.
(Trad.ZENIT)---------------------
Texto POR Carlo Climati
Fonte: ROMA, terça-feira, 6 de novembro de 2012 (ZENIT.org)
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