RICARDO MARIANO*
Alarmada e mobilizada pela tendência aparentemente irrefreável de um
futuro cada vez menos católico, a hierarquia eclesiástica vem investindo
mundos e fundos para tentar conquistar os jovens.
Algo crucial para assegurar sua reprodução institucional num contexto
pluralista e de liberdade no qual a pertença religiosa tornou-se questão
de livre escolha individual. Crucial ainda porque é entre os com menos
de 40 anos que a Igreja Católica mais perde terreno no Brasil.
Esforços para reverter tal situação não faltam. A 49ª Assembleia Geral
da CNBB criou a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude. O tema da
campanha da Fraternidade de 2013 será a juventude. E a 28ª Jornada
Mundial da Juventude ocorrerá no Rio, não por acaso o Estado com o menor
percentual de católicos (45,8%) e ponta de lança do movimento de
pluralização religiosa e de aumento dos sem religião no país.
"Ide e fazei discípulos entre todas as nações!", eis o lema da Jornada,
que não poderia ser mais explícito quanto à atitude que pretende
estimular: a evangelização. Seu principal difusor é o papa.
O pontífice quer mais seguidores jovens militantes e doutrinária e
moralmente virtuosos. Quer um séquito religiosamente qualificado e ainda
mais numeroso. E quer robustecer a Igreja Católica frente aos desafios
impostos pelo avanço do pluralismo religioso e cultural. Quereres
reativos que tendem a levar ao recrudescimento do conservadorismo
religioso e moral, à formação de uma subcultura religiosa sectária e à
intensificação do ativismo político de motivação religiosa.
É fato que, ao mesmo tempo em que diluem as bases tradicionais de
pertença religiosa, a liberdade religiosa, o pluralismo e a
secularização abrem espaço para projetos religiosos de viés conservador e
fundamentalista. A opção conservadora, porém, tem de enfrentar a crise
de credibilidade da Igreja. Metido nessa sinuca, o papa parece
visualizar só duas saídas: ou se mergulha de cabeça na opção
conservadora e sectária ou se cai na irrelevância.
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