Certa
vez houve uma inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que
deveriam promover a vida dessa vez anunciou morte. Os grandes animais
bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhotes para
trás. Devastavam tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam
seus rastros. De repente uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu
na contramão procurando a quem salvar. As hienas viram a atitude da
andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: “Você é louca! O que
poderá fazer com um corpo tão frágil?”. Os abutres bradaram: “Utópica!
Veja se enxerga a sua pequenez!”. Por onde a frágil andorinha passava,
era ridicularizada. Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar.
Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor
debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter aprendido
mergulhar, ela se atirou na água e com muito esforço pegou o diminuto
pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada, carregando o filhote no
bico. No caminho de voltas, encontrou outras hienas, que não tardaram
muito a declarar: “Maluca! Está querendo ser heroína!”. Mas não parou;
muito fatigada, só descansou após deixar o pequeno beija-flor em local
seguro. Horas depois, encontrou as hienas embaixo de uma sombra.
Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: “Só me sinto digna das minhas
asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem”...
(Do livro O Vendedor de Sonhos)
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Texto de Augusto Cury
Fonte: http://luzecalor.blogspot.fr/2013/05/27
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