quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"A violência real não vem da fantasia"

Mário Corso*
Videogames

Para especialista, os games não são um gatilho para atos violentos

A violência de certos games, especialmente os de atirar, ao estilo de Doom e Quake, choca o observador alheio ao tema. A primeira ideia é de que aquilo não pode dar em boa coisa. Nossa intuição nos faz pensar o pior. Imaginamos que a experiência virtual contínua de atirar e matar deveria embrutecer os usuários. Muitos pesquisadores foram atrás de fatos que comprovassem essa tese e nada encontraram. Nenhuma pesquisa sugere uma correlação que sustente a tese espontânea, nossa intuição nos trai nesse caso.

Se de fato os jogos incitassem a violência, deveria haver um incremento dela no momento do auge dessa febre. Só que, no começo dos anos 1990, nos EUA, onde eles eram usados pela maioria dos meninos, houve uma baixa da violência e criminalidade juvenil no mesmo período.

Os videogames estão sob suspeita por serem praticamente desconhecidos da geração de quem é pai de adolescentes hoje. Essa é uma cultura que os adultos pouco conhecem e por isso parece mais misteriosa e perigosa do que é. Buscar culpados por dramas reais em experiências de fantasia não é de hoje, o cinema já passou por isso; as revistas em quadrinhos, também.

A violência real nasce de experiências da vida concreta e não da fantasia e da virtualidade. A ficção e os games no máximo, e às vezes, fornecem um cenário para um drama que já estava escrito e se encenaria de qualquer modo. Ao contrário do que acredita o senso comum, eles não são gatilho nem professores de violência, são apenas um brinquedo que os adultos acham de mau gosto, mas que crianças e adolescentes gostam. As guerras, o reinado da violência, nunca dependeram de que se brincasse de matar.
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* Psicanalista.
Fonte: ZH on line, 12/09/2013
Imagem da internet

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