Nilson Souza*
A excentricidade é o último refúgio
Certa talvez esteja a minha amiga que se recusa a usar
celular. Ela é uma pessoa civilizada e bem informada, não chega a ser
avessa à tecnologia, mas considera uma afronta à sua privacidade ser
interrompida pelo toque do telefone quando está caminhando na rua,
fazendo exercícios ou dirigindo. Então, optou por não ter celular – e
por passar por excêntrica entre amigos e conhecidos.
Claro que essa atitude meio ludita não a livra do olhar indiscreto das incontáveis câmeras de vigilância espalhadas pelas esquinas, residências e prédios públicos das grandes cidades. Também não a isenta dos mesmos riscos que corremos todos quando usamos computador, essa janelinha indiscreta dos tempos modernos. Tudo o que a gente clica, digita ou posta pode ser usado contra nós, pois, de algum ponto dessa estratosférica rede virtual, o Grande Irmão nos observa. Isso a gente já desconfiava. Só que agora sabemos seu nome: Barack Obama.
Não passa semana sem uma nova denúncia de espionagem contra os nossos queridos e odiados ianques. E não passa dia sem que uma nova piada seja acrescentada à antologia da espionagem. Uma das mais divertidas que li, entre tantas que circulam pela internet, é a do menino brasileiro que, em visita à Casa Branca, encontrou o presidente e o interpelou:
– Meu pai disse que vocês espionam os brasileiros!
Ao que Obama teria respondido de pronto:
– Ele não é seu pai...
Exageros à parte, mister presidente nem deve saber de tudo o que fazem seus agentes secretos. Talvez ele próprio seja alvo dessa estrutura invasora de intimidades que se desenvolveu a partir da invenção do telefone e de todos os mecanismos de encurtamento de distância entre as pessoas que se seguiram a ele. Só agora dá para entender aquela corrida espacial maluca dos anos 60, quando americanos e russos gastaram os tubos para colocar homens e equipamentos no lado escuro da Lua. Espionagem pura. Basta dar uma voltinha pelo Google Maps para se ter certeza do que um satélite é capaz.
Mas a tecnologia chegou para ficar, não adianta tentar fugir para lugares remotos da Terra, que estão cada vez mais raros. Esconda-se nas profundezas do oceano e logo aparecerá o James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, que tem a mania de mergulhar com sua câmera num submarino particular. Fuja para a selva amazônica e encontrará aquela última tribo de índios isolados apontando flechas para os aviões da Funai que insistem em fotografá-los. Não há saída.
Sorria, você está sendo filmado. A informação é cada vez mais visual. Tudo é imagem. Até as rádios, campeãs da instantaneidade entre os veículos de comunicação, agora encaminham os ouvintes para seus endereços eletrônicos, a fim de que vejam fotos e vídeos das informações descritas. Decreta-se, assim, a morte da imaginação.
Minha amiga é uma sábia. A excentricidade é o último refúgio.
Claro que essa atitude meio ludita não a livra do olhar indiscreto das incontáveis câmeras de vigilância espalhadas pelas esquinas, residências e prédios públicos das grandes cidades. Também não a isenta dos mesmos riscos que corremos todos quando usamos computador, essa janelinha indiscreta dos tempos modernos. Tudo o que a gente clica, digita ou posta pode ser usado contra nós, pois, de algum ponto dessa estratosférica rede virtual, o Grande Irmão nos observa. Isso a gente já desconfiava. Só que agora sabemos seu nome: Barack Obama.
Não passa semana sem uma nova denúncia de espionagem contra os nossos queridos e odiados ianques. E não passa dia sem que uma nova piada seja acrescentada à antologia da espionagem. Uma das mais divertidas que li, entre tantas que circulam pela internet, é a do menino brasileiro que, em visita à Casa Branca, encontrou o presidente e o interpelou:
– Meu pai disse que vocês espionam os brasileiros!
Ao que Obama teria respondido de pronto:
– Ele não é seu pai...
Exageros à parte, mister presidente nem deve saber de tudo o que fazem seus agentes secretos. Talvez ele próprio seja alvo dessa estrutura invasora de intimidades que se desenvolveu a partir da invenção do telefone e de todos os mecanismos de encurtamento de distância entre as pessoas que se seguiram a ele. Só agora dá para entender aquela corrida espacial maluca dos anos 60, quando americanos e russos gastaram os tubos para colocar homens e equipamentos no lado escuro da Lua. Espionagem pura. Basta dar uma voltinha pelo Google Maps para se ter certeza do que um satélite é capaz.
Mas a tecnologia chegou para ficar, não adianta tentar fugir para lugares remotos da Terra, que estão cada vez mais raros. Esconda-se nas profundezas do oceano e logo aparecerá o James Cameron, diretor de Titanic e Avatar, que tem a mania de mergulhar com sua câmera num submarino particular. Fuja para a selva amazônica e encontrará aquela última tribo de índios isolados apontando flechas para os aviões da Funai que insistem em fotografá-los. Não há saída.
Sorria, você está sendo filmado. A informação é cada vez mais visual. Tudo é imagem. Até as rádios, campeãs da instantaneidade entre os veículos de comunicação, agora encaminham os ouvintes para seus endereços eletrônicos, a fim de que vejam fotos e vídeos das informações descritas. Decreta-se, assim, a morte da imaginação.
Minha amiga é uma sábia. A excentricidade é o último refúgio.
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* Cronista da ZH
Imagem da Internet
Fonte: ZH on line, 21/09/2013
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