quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A espiritualidade beneditina e o prazer em viver

Anselm Grün*
 Imagem
 "A verdadeira qualidade de vida está em experimentar a grandeza do coração no meio da pequenez do dia a dia. 
Quando eu percorro os conflitos diários e a pequenez que me rodeia, com este grande coração, torno-me vivo e livre. 
E ninguém me pode tirar essa grandeza da vida."

«Quem é o homem que tem prazer na vida?» São Bento tenciona mostrar, na sua Regra, um caminho para a vida. Como é que a vida dá resultado? Como podemos ganhar prazer na vida?
Esta questão move hoje muitas pessoas. A nossa cultura virada para o divertimento não pretende mais nada do que viver e viver depressa e de preferência com condições agradáveis. Mas a resposta que as pessoas dão hoje à questão da vida é frequentemente uma fraca ajuda para viver realmente. A vida gasta-se depressa quando queremos ter tudo de imediato. E torna-se a qualquer momento demasiado barata, quando tudo é de fácil acesso. A fixação em nos divertirmos arruína o divertimento. Ele torna-se vazio e, com o tempo, aborrecido. Ele não preenche o desejo dos homens. O homem torna-se objeto de animação. 

São Bento dá a resposta à questão do prazer de viver com o versículo de um salmo: «Se queres ter uma vida verdadeira e eterna, guarda a tua língua do mal e os teus lábios das palavras mentirosas! Desvia-te do mal e faz o bem; procura a paz e segue-a! Se fizerdes isso, os meus olhos olharão para vós e os meus ouvidos ouvirão as vossas preces; e antes de chamarem por mim, digo-vos Eu: olhai, Eu estou aqui». 

O prazer de viver não significa apenas a procura da satisfação pessoal. Para experimentar o prazer de viver, eu preciso de disciplina. Eu tenho de aprender a arte da vida. E ela implica ter contenção nas palavras, na língua. A língua corresponde aqui a cada declaração que se faz. 

Jesus diz: «Nada do que vem de fora para o Homem o pode tornar impuro; só aquilo que sai do Homem é que o torna impuro» (Mc 7,15). Temos de prestar atenção ao que está em nós. Não devemos deixá-lo à solta. É preciso lutar para transformar o nosso interior, para que aquilo que nós dizemos e fazemos sirva a vida em vez de a destruir. 

Quem procura a vida deve evitar o mal, afastar-se dos maus e fazer o bem. O mal prejudica a vida, uma vez que possui o homem. Mal é tudo o que é despropositado, contrário à natureza, destrutivo e desconcertante. Disso o homem deve afastar-se. Em latim diz-se: «deverte a malo» Trata-se de retrocesso, afastamento e abandono. É condição para nos virarmos para o bem e para o realizarmos. Não na medida em que eu procuro continuamente aquilo que me faz bem, mas na medida em que eu faço o bem, experimento a vida. Na realização do bem torno-me vivo. E, nesse caso, a vida floresce em mim. 

São Bento vê outro pressuposto para procurar e perseguir a paz (sequere, em latim). O monge deve procurar em todo o lado a presença da paz. O que é que está ao serviço da paz? Estou em paz comigo mesmo, com a criação, com as pessoas? Que recompensa tenho eu por espalhar a paz? 

O monge deve estar atento a tudo o que conduza à paz. Quando ele espalha a paz à sua volta, então experimenta a vida. Ele semeia a paz neste mundo. A sua vida torna-se importante para este mundo. Então - como diz São Bento - sentirá à sua volta a presença amorosa e tranquilizadora de Deus. A resposta de Deus com a sua proximidade purificadora e tranquilizadora será para ele uma experiência real de vida. Rodeado pelo amor de Deus, terá prazer na vida. 

São Bento encerra o seu convite para a arte da vida com esta frase: «Querido irmão, o que nos poderá dar mais satisfação do que a palavra de Deus, que nos convida? Vede: na sua bondade, Deus mostra-nos o caminho da vida». 

Hoje em dia, há um grande desejo de viver, sobretudo por parte dos jovens. Eles querem experimentar a vida a todo o custo. Mas, muitas vezes, confundem vida com vivência. Eles pensam que o recheio da vida está no facto de terem muitas vivências. São Bento remete-nos para o Senhor que nos mostra o caminho da vida e o caminho para a vida. O evangelista Lucas descreveu Jesus como o líder e o instigador da vida. Ele precede-nos no caminho da vida. Se o seguirmos, experimentamos o que a vida é na realidade. 

São Bento escolhe aqui, de novo, a palavra «dulcis = doce». Significa sempre a experiência interior, na tradição espiritual. A palavra do Senhor deixa-nos um gosto doce e agradável. Quem recebe em si a palavra de Deus, experimenta um novo sabor na vida. Tudo é doce. 

A vida não está dependente da quantidade das vivências, mas da sua qualidade. A arte da vida implica viver cada momento, estar atento a si próprio, estar em sintonia consigo e com o mundo, compreender com todos os sentidos. Quando estou de posse dos meus sentidos, experimento tudo o que vem ter comigo de uma forma intensa. Então vejo em tudo o segredo, vejo em todas as coisas o Deus invisível. Quando ouço plenamente, ouço o que é inaudível. 

A vida não é, antes de mais, consumir, mas percecionar, sentir, provar e saborear. Não é a quantidade de coisas que eu tomo para mim que decidem se eu vivo realmente, mas o modo como eu perceciono e experimento aquilo que me é oferecido. Tem a ver, sobretudo, com a intensidade da vida. E essa precisa de sossego, serenidade, liberdade, admiração, entrega àquilo que verdadeiramente é importante. 

Logo no prólogo, São Bento remete-nos para a palavra da Sagrada Escritura, para nos mostrar o caminho da vida. Juntamente com os salmos, ele cita as palavras que encerram o Sermão da Montanha, como sendo o verdadeiro caminho da vida: «Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática pode comparar-se ao homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu muita chuva, vieram as cheias e os ventos sopraram com força contra aquela casa. Mas ela não caiu, porque os seus alicerces estavam assentes na rocha» (Mt 7,24). 

São Bento está convencido de que a palavra de Jesus nos abre o caminho para a vida. A Igreja primitiva via no Sermão da Montanha um resumo dos ensinamentos de Jesus. Quem segue o Sermão da Montanha encontra a verdadeira vida. O Sermão da Montanha é uma interpretação do Pai-Nosso. O Pai-Nosso está precisamente no centro do Sermão da Montanha. E os parágrafos do Sermão correspondem às preces do Pai-nosso. 

O novo comportamento, que Jesus nos põe diante dos olhos, nasce da oração. Jesus não apresenta nenhuns princípios morais. Ele mostra-nos como a pessoa pode viver muito mais quando vive a partir da experiência da oração. O comportamento brota da oração. E, por sua vez, a nossa oração não é algo sem compromisso. Arrasta para novas formas de comportamento. 

A expressão beneditina «ora et labora» tem o seu fundamento no Sermão da Montanha. No Pai-Nosso ficamos a saber que somos filhas e filhos de Deus. Enquanto filhas e filhos de Deus lidaremos de forma diferente com as nossas necessidades e com as nossas emoções. No Sermão da Montanha, Jesus dá-nos conselhos para uma vida que sara as feridas que dilaceram a sociedade. Para São Bento, o Sermão da Montanha é o caminho para uma convivência pacífica em sociedade. É a fonte da paz para este mundo. 

A parábola da casa na rocha é utilizada num sermão de João Crisóstomo, como prova da sua tese: «Ninguém te pode magoar a não ser tu mesmo.» Aquele que constrói a sua casa na rocha não pode ser prejudicado pelas tormentas interiores e exteriores. As tormentas de emoções que correm para ele não o magoam. As pessoas que lutam contra ele, que o difamam, que intrigam contra ele, não têm qualquer poder sobre ele. A sua casa permanece de pé. 

O seu fundamento não está em ser amado pelos homens, mas por Cristo. Numa comunidade acabamos sempre por ser magoados. Aí, temos por vezes a sensação de que estamos num pântano de emoções, numa maré de agressões reprimidas e de necessidades oprimidas. Muitos sucumbem a esta maré. Jesus está convencido de que as tormentas e marés não nos podem fazer mal se nós tivermos construído a nossa casa na rocha das suas palavras. 

As emoções que correm para nós, remetem-nos sempre para o fundamento da nossa vida. Elas desafiam-nos a ver o nosso fundamento, não nos sentimentos nem nas relações, nem nas estruturas ou no desempenho, mas em Deus. Só então sobreviveremos, sem danos, à maré cheia. 

Com a parábola da casa construída na rocha, São Bento remete-nos para o verdadeiro fundamento da nossa vida. É o próprio Cristo. Quando construímos a nossa casa em Cristo, encontramos o caminho para a verdadeira vida, então aprendemos a ter prazer na vida, sempre e em todo o lado, mesmo nas tormentas que nos assaltam, mesmo nas marés de emoções que se abatem sobre nós diariamente. Cristo, como fundamento da casa da nossa vida, oferece-nos segurança e liberdade, tranquilidade e serenidade, em todos os contratempos da vida. 

Uma condição decisiva para experimentarmos realmente a vida é que não nos magoemos continuamente. Há muitos que tornam a sua vida difícil, porque se deixam sempre magoar ou porque se magoam a si mesmos. Eles desvalorizam-se, sentenciam-se, culpabilizam-se, procuram em si mesmos a razão de cada conflito que acontece. Ou então deixam-se magoar pelos outros, permitindo que tenham demasiado poder sobre eles. Tornam-se completamente dependentes das doações de uma pessoa. 

Quando vejo numa outra pessoa a minha salvação ou a minha cura estou a magoar-me a mim mesmo. Pois nenhuma pessoa pode corresponder a estas expectativas. Apenas Cristo é o meu Salvador e em mais ninguém eu devo projetar as minhas esperanças. 

João Crisóstomo pensa que não são as pessoas que nos magoam mas a ideia que fazemos delas. Quando eu identifico uma pessoa com uma imagem arquetípica, como por exemplo com a imagem do salvador, do purificador, do auxiliador, tenho uma representação falsa dessa pessoa. Vejo nela coisas que só pertencem a Deus. Com esta visão quase religiosa das pessoas, acabo por me magoar. Pois as pessoas nunca corresponderão às minhas imagens, à ideia que eu faço delas. 

Jesus convida-nos a vermo-nos corretamente e a vermos os outros corretamente. Mas só me posso ver corretamente, a mim e aos outros, quando tenho o meu fundamento em Cristo, quando coloco toda a minha esperança em Cristo e espero dele purificação e vida. 

São Bento não deseja impor nada duro e difícil aos monges. Quando a vida numa comunidade monástica parece por vezes dura, então ele encoraja: «Não te deixes perturbar pelo medo e não fujas do caminho da purificação; no início ele pode parecer estreito. Mas quem progride na vida monástica e na fé, verá o seu coração tornar-se largo, enquanto percorre o caminho dos mandamentos de Deus na alegria indizível do amor». 

O caminho da purificação, no qual nos tornamos puros e completos, está em conformidade com «o caminho estreito» de que falava Jesus (Mt 7,13). O caminho largo é o caminho que todos percorrem. O caminho estreito é o caminho em que eu vivo todas as minhas vocações pessoais, em que vou crescendo na imagem que Deus pensou para mim. Para encontrar o meu próprio caminho tenho de atravessar a porta estreita que me foi destinada para chegar à plenitude. 

Franz Kafka conta a história de um homem que queria atravessar os portões de um castelo. Mas o porteiro impedia-o. Ele esperou diante da porta até ficar velho e doente. Quando estava a morrer, o porteiro fechou o portão dizendo: «Este portão era destinado só a ti.» 

Há muitas pessoas que, durante toda a sua vida, não atravessam a porta que as conduz à vida. Preferem outras. Ou então têm medo de atravessar a porta estreita. Elas receiam os esforços, o ter de incomodar o porteiro até que ele as deixe passar. A porta estreita não é a porta do trabalho, mas a porta que está destinada só para mim. Para atravessar esta porta preciso de me desfazer das ilusões que fiz de mim. 

O caminho espiritual, como São Bento o entende, liberta-me de todo o lastro que eu transporto comigo, para poder entrar pela porta estreita para o caminho da purificação, o caminho que me conduz à pureza, o caminho no qual eu me tomo eu próprio. Este caminho conduz-me à plenitude. 

São Bento adota a imagem do coração grande dos Padres da Igreja. Ambrósio pensa que apenas o coração grande oferece espaço a Deus para lá morar. E Cassiano está convencido de que apenas um coração grande pode alcançar a serenidade e encontrar a paz interior. 

A pessoa com um coração pequeno toma-se cobarde e impaciente. Quando a cascata de agressões e depressões correm para o coração pequeno, ele é inundado por elas. Quando o coração se tornou grande através do amor, as marés de emoções rapidamente fenecem nele. Só um coração grande pode experimentar a abundância da vida. Um coração pequeno é demasiado estreito para a riqueza da vida. Fechar-se-á com medo das normas de conduta, em vez de se entregar à vida. 

Santo Agostinho fala do amor e da alegria que toma o coração grande. São Bento encontrou a expressão do coração grande certamente no Salmo 119,32. São Bento gosta deste salmo. Quem reflete sobre os mandamentos de Deus, quem medita no amor de Deus, verá que o seu coração se torna grande. Quem realmente experimentou Deus, recebe um coração grande. O coração grande é sinal de verdadeira espiritualidade. 

A grandeza de São Bento seria hoje benéfica para a nossa Igreja. No seu seio, experimenta-se hoje muita pequenez e medo. Os bispos têm medo que os cristãos façam meditação segundo padrões orientais e têm dificuldade em dialogar com outras religiões. 

Muitas das discussões da Igreja desenrolam-se em volta de temas laterais, de problemas de estrutura, de leis e de rubricas sobre como celebrar um serviço religioso. Em tais discussões sinto a falta da grandeza da espiritualidade. As pessoas espirituais são sempre grandes pessoas. Elas pensam no modo como devem continuar o caminho da humanidade, nas questões mais importantes do nosso tempo e em como podemos responder-lhes, em sintonia com Cristo. Um coração grande é terreno fecundo para discussões. Trata-se da vida, do essencial. De que forma é que a vida vale a pena? Como podemos viver no mundo uns com os outros em clima de dignidade e atenção? De que bagagem necessitamos para percorrer o caminho do terceiro milénio? 

O coração grande é uma condição para a experiência da vida verdadeira. A outra marca é a alegria indizível do amor. Em latim está escrito: «inenarrabili dilectionis dulcedine = a indescritível doçura do amor» O amor tem um gosto doce. Em alemão a palavra doce (süß) perdeu o seu sentido. «Dulcedo» é para os latinos o mesmo que amor. O amor é doce. Tem um sabor doce. Os latinos sabiam que o amor ao homem empresta outro sabor, ao contrário do ódio que faz o homem amargo. Para os latinos, a sabedoria está no sabor (Sapientia). Quem saboreia a essência, é sábio. Quem ama sente um sabor doce e agradável, um sabor amoroso. Quem ama saboreia a vida. Na tradição espiritual, a «dulcedo Dei = A doçura de Deus» desempenha um papel importante. 

A experiência de Deus deixa no homem um sabor doce. A «dulcedo Dei» relaciona-se sempre com a experiência interior de Deus nos próprios corações. Deus não é o sentimento. Mas deixa os seus vestígios no sentimento. Não conseguimos ver Deus, mas podemos saboreá-lo. O sabor doce é a experiência mais profunda de Deus que nos é possível. 

Para o papa São Gregório Magno, a doçura interior é fruto da contemplação. Ele diz que a alma não existe sem alegria. A alegria indestrutível é a alegria espiritual. Na contemplação, a alma é penetrada por uma doçura inenarrável. São Bento entende esta doçura i da experiência de Deus, quando se refere à inenarrável «dulcedo» do amor. 

Os Padres da Igreja veem a transformação da água salgada em água doce como uma imagem da ação de Jesus Cristo (cf. Ex 15,22-25). O tronco que Moisés atira à água salgada é para os Padres da Igreja um símbolo da cruz. Cristo transformou toda a amargura deste mundo em doçura. Na cruz, Cristo amou-nos até à perfeição. Este amor que tudo abrange transforma a nossa amargura num gosto doce e agradável. 

Através do encontro com Cristo, o nosso sentimento de vida transforma-se. Os sentimentos venenosos dissolvem-se. A vida não tem sempre um sabor amargo, mas doce. Santo Agostinho encontrou esta experiência no versículo do salmo «Quam magna multitudo dulcedinis tuae, domine [Quão grande é a tua doçura, Senhor]»  (Salmo 31[30],20 segundo a tradução da Vulgata). Este doce sabor da vida já não pode ser expresso em palavras. Mas todo o nosso desejo vai na direção deste doce sabor do amor. É aí que reside a vida. 

O caminho para esta glória do amor passa, para São Bento, pelos mandamentos de Deus, pelas instruções do Senhor. Mas não é um caminho penoso, é um passeio. Quem saboreou a vida, percorre calmamente o seu caminho, tudo lhe vai ter à mão. 

Para as muitas promessas de qualidade de vida e de abundância, que hoje encontramos por todo o lado, São Bento podia mostrar-nos um caminho realizável para preenchermos o nosso desejo de viver. Não é um caminho rápido e barato, mas um caminho que no início custa algum esforço. Pois, neste caminho, temos de abandonar muitas ilusões. Temos de aprender aquilo que é realmente vida. A vida é a capacidade de estar totalmente em cada momento, é viver intensivamente. E viver está na grandeza do coração e na doçura do amor. A vida tem sabor. Com um coração grande posso experimentar a grandeza e a liberdade da vida. Mas o caminho para esta grandeza do coração atravessa a estreiteza da ordem e da renúncia. Para poder saborear, tenho de aprender a renunciar. Para me tornar grande, tenho de atravessar a estreiteza. Só em alguém que está preparado para se ligar a uma comunidade concreta - seja uma comunidade monástica limitada, seja o casamento e a família - é que o coração se torna grande. 

A verdadeira qualidade de vida está em experimentar a grandeza do coração no meio da pequenez do dia a dia. Quando eu percorro os conflitos diários e a pequenez que me rodeia, com este grande coração, torno-me vivo e livre. E ninguém me pode tirar essa grandeza da vida.
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* Anselm Grün é monge beneditino e escritor alemão.
In Bento de Núrsia - Mestre da espiritualidade, ed. Paulinas
Fonte: http://www.snpcultura.org/espiritualidade_beneditina_e_o_prazer_em_viver.html 04.09.13
Imagem:  S. Bento por Pietro Perugino

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