Juremir Machado da Silva*
Eu tenho muitas dúvidas.
Mas não todas.
Ter dúvidas é fundamental, mas não obriga a jamais ter certezas.
Tenho ouvido muito que ser espionado pelos mais fortes é normal.
Pode ser. Mas duvido que seja aceitável.
Fico com a impressão de que quem acha “normal” ser espionado,
considerado “anormal” reclamar. Um pouco mais e alguns dirão que ser
espionado pelos Estados Unidos é um honra. A presidente Dilma Rousseff
fez bem em cancelar a sua visita de Estado a Barack Obama e de soltar o
verbo na ONU.
O “realismo” dos que ser vergam à espionagem tem a estranha magia dos
fatos aparentemente irrefutáveis: se a espionagem sempre acontece, é
normal. Se é normal, por que reclamar? Porque o normal pode ser anormal.
Há muito odor de ideologia na suposta resignação de alguns diante da escandalosa invasão americana em nossos negócios.
O discurso “furioso” de Dilma na ONU, segunda termo usado pela
imprensa inglesa, é a resposta justa de quem não quer mostrar a
retaguarda.
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* Sociólogo. Prof. Universitário. Escritor.
Fonte: Correio do Povo on line, 24/09/2013
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