À frente de uma das principais empresas de investimento de risco do
Vale do Silício, nos EUA, Victor W. Hwang quer mostrar o caminho que
Porto Alegre pode seguir para se tornar uma cidade inovadora. Na Capital
nesta semana para promover workshops, o americano afirma que a cidade
tem boas universidades, dinâmica empresarial e mentes criativas, mas
falta estimular a troca de experiência. Uma das principais queixas de
empreendedores, a dificuldade em atrair investidores, pode ser
contornada com a proximidade, desde o projeto, entre quem tem a ideia e
quem tem o dinheiro. “O truque está na transição entre esses dois
mundos”, explica. Hwang também vai se reunir com o projeto Cite, grupo
de profissionais de diferentes áreas que fomenta a inovação. Confira a
entrevista concedida por e-mail.
Zero Hora – Como destravar o potencial de inovação na Capital?
Victor W. Hwang – Porto Alegre já tem uma base forte de educação, talento, riqueza e ideias. Agora, a chave é procurar moldar a cultura certa, pois a inovação vem das pessoas e de como elas colaboram entre si. A cultura da inovação é baseada em conectividade, confiança, tomada de riscos e ganho mútuo. O trabalho da T2 realizado em Bogotá é um exemplo de como isso pode ser feito, mas cada cidade precisa criar sua própria trilha. Podemos ajudar a criar um bom solo, mas as flores que crescerão neste solo serão únicas aqui.
ZH – A que distância está Porto Alegre do Vale do Silício em inovação e desenvolvimento de tecnologia, e qual o potencial da capital gaúcha?
Hwang – Muita gente tenta copiar o Vale do Silício ao contar bens materiais, como computadores, softwares e material tecnológico. Essa é uma batalha perdida. Para cidades como Porto Alegre, o ideal é olhar para seu próprio ambiente. O ambiente é o que criou o Vale do Silício. É o que chamamos de rainforest (floresta tropical): um ecossistema com rica diversidade, interação e experiências. Porto Alegre tem um grande potencial, graças a fortes universidades, empresas de sucesso, compromisso social e cultura prática. A questão é como vamos aproveitar esses grandes ativos e desencadear esse processo dinâmico.
ZH – De que forma ações como o Cite, que o senhor visitará em Porto Alegre, podem tornar a cidade mais criativa e colaborativa?
Hwang – Muitas pessoas querem contribuir para sua comunidade, mas nunca tiveram chance. O Cite pode criar uma plataforma para dar os caminhos para se envolver.
ZH – Como o senhor pretende colaborar com o Cite? Pode se envolver na mediação para troca de conhecimento entre a cidade e San Francisco, nos EUA?
Hwang – Construir pontes entre Porto Alegre e os Estados Unidos é importante, porque as pessoas que cruzam esses limites podem formar redes de trabalho. Essas pontes podem conduzir a novos produtos, abrir mercados, refrescar ideias e derrubar barreiras de colaboração. Não se trata apenas de atrair investimentos e pessoas. Trata-se de construir conexões que liguem os inovadores de Porto Alegre ao mundo.
ZH – A criação de um polo de inovação tecnológica depende mais de políticas públicas ou de empresários e universidades?
Hwang – Políticas públicas não podem controlar a inovação, mas podem criar o ambiente certo. As pessoas da comunidade precisam assumir o desafio de criar novos produtos e soluções que podem ser vendidos para o mundo. O trabalho do setor público é capacitar essas pessoas e dar a elas ferramentas certas para ativar sua visão.
ZH – Ao contrário do que ocorre no Vale do Silício, no Brasil as startups, mesmo brilhantes, têm dificuldade para atrair capital. Como empreendedores brasileiros podem contornar a falta de apetite dos investidores?
Hwang – Em Porto Alegre, o caminho é envolver pessoas que sejam hábeis em finanças diretamente no processo de criação da empresa. Quando as pessoas criam juntas, elas investem juntas.
ZH – O que o Vale do Silício pode ensinar ao Brasil sobre rentabilizar boas ideias?
Hwang – Mentes criativas procuram o inesperado. Mentes de negócios procuram o previsível. O truque está na transição entre esses dois mundos. Isso demanda abertura e respeito de ambos os lados, pois os dois têm formas legítimas de enxergar o mundo.
ZH – Qual será a startup que vai “bombar” no Vale do Silício?
Hwang – Hoje, a onda das startups de mídias sociais está em baixa. Muitas pessoas perderam muito dinheiro tentando prever a próxima grande onda. Há muita oportunidade para companhias que fazem coisas práticas, não apenas diversão e entretenimento. Acho que a próxima onda será muito mais prática do que a que está passando.
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erik.farina@zerohora.com.br
Reportagem por ERIK FARINAZero Hora – Como destravar o potencial de inovação na Capital?
Victor W. Hwang – Porto Alegre já tem uma base forte de educação, talento, riqueza e ideias. Agora, a chave é procurar moldar a cultura certa, pois a inovação vem das pessoas e de como elas colaboram entre si. A cultura da inovação é baseada em conectividade, confiança, tomada de riscos e ganho mútuo. O trabalho da T2 realizado em Bogotá é um exemplo de como isso pode ser feito, mas cada cidade precisa criar sua própria trilha. Podemos ajudar a criar um bom solo, mas as flores que crescerão neste solo serão únicas aqui.
ZH – A que distância está Porto Alegre do Vale do Silício em inovação e desenvolvimento de tecnologia, e qual o potencial da capital gaúcha?
Hwang – Muita gente tenta copiar o Vale do Silício ao contar bens materiais, como computadores, softwares e material tecnológico. Essa é uma batalha perdida. Para cidades como Porto Alegre, o ideal é olhar para seu próprio ambiente. O ambiente é o que criou o Vale do Silício. É o que chamamos de rainforest (floresta tropical): um ecossistema com rica diversidade, interação e experiências. Porto Alegre tem um grande potencial, graças a fortes universidades, empresas de sucesso, compromisso social e cultura prática. A questão é como vamos aproveitar esses grandes ativos e desencadear esse processo dinâmico.
ZH – De que forma ações como o Cite, que o senhor visitará em Porto Alegre, podem tornar a cidade mais criativa e colaborativa?
Hwang – Muitas pessoas querem contribuir para sua comunidade, mas nunca tiveram chance. O Cite pode criar uma plataforma para dar os caminhos para se envolver.
ZH – Como o senhor pretende colaborar com o Cite? Pode se envolver na mediação para troca de conhecimento entre a cidade e San Francisco, nos EUA?
Hwang – Construir pontes entre Porto Alegre e os Estados Unidos é importante, porque as pessoas que cruzam esses limites podem formar redes de trabalho. Essas pontes podem conduzir a novos produtos, abrir mercados, refrescar ideias e derrubar barreiras de colaboração. Não se trata apenas de atrair investimentos e pessoas. Trata-se de construir conexões que liguem os inovadores de Porto Alegre ao mundo.
ZH – A criação de um polo de inovação tecnológica depende mais de políticas públicas ou de empresários e universidades?
Hwang – Políticas públicas não podem controlar a inovação, mas podem criar o ambiente certo. As pessoas da comunidade precisam assumir o desafio de criar novos produtos e soluções que podem ser vendidos para o mundo. O trabalho do setor público é capacitar essas pessoas e dar a elas ferramentas certas para ativar sua visão.
ZH – Ao contrário do que ocorre no Vale do Silício, no Brasil as startups, mesmo brilhantes, têm dificuldade para atrair capital. Como empreendedores brasileiros podem contornar a falta de apetite dos investidores?
Hwang – Em Porto Alegre, o caminho é envolver pessoas que sejam hábeis em finanças diretamente no processo de criação da empresa. Quando as pessoas criam juntas, elas investem juntas.
ZH – O que o Vale do Silício pode ensinar ao Brasil sobre rentabilizar boas ideias?
Hwang – Mentes criativas procuram o inesperado. Mentes de negócios procuram o previsível. O truque está na transição entre esses dois mundos. Isso demanda abertura e respeito de ambos os lados, pois os dois têm formas legítimas de enxergar o mundo.
ZH – Qual será a startup que vai “bombar” no Vale do Silício?
Hwang – Hoje, a onda das startups de mídias sociais está em baixa. Muitas pessoas perderam muito dinheiro tentando prever a próxima grande onda. Há muita oportunidade para companhias que fazem coisas práticas, não apenas diversão e entretenimento. Acho que a próxima onda será muito mais prática do que a que está passando.
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erik.farina@zerohora.com.br
Fonte: ZH on line, 16/09/2013
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