Gilmar Passos*
Dentro da história da humanidade há grandes relatos sobre grandes
reinos e impérios. Duas dimensões que ganham destaque e encantam a
muitos. O encanto vem da imagem que ficou dentro da história e na
psicologia das pessoas. Reis e imperadores são apresentados como aqueles
que se fixavam numa região geograficamente estratégica, de onde partiam
para conquistar terras e pessoas de um modo ambicioso e sem limites.
São vários os impérios e imperadores registrados na memória da
humanidade. O Império Romano, como tantos outros, ambicionou conquistar
todos os territórios, todos os lugares. Foi potencialmente rico em
expansão territorial, rico em privilégios e regalias. Ele tem deixado no
mundo sua marca.
Os modelos de impérios e reinados provocam uma ânsia de poder,
criando uma cultura de escravos. A partir disso as consequências são
trágicas para as pessoas. Isso acontece porque elas passam focar todas
as atividades da vida na busca insistente para conseguir o poder de
domínio.
Na atualidade, a busca intensiva pelo domínio e poder já não se
estabelece tanto pela busca em conseguir o maior território avançando as
linhas de fronteiras, também os números de escravos não estão fixados
ou distribuídos ao longo das terras conquistadas. Assim como esses
modelos mudaram, também houve mudança no modelo de busca pelo poder,
pelo domínio.
A maneira de alcançar os territórios está fixada de um jeito novo,
acompanhando as mudanças do tempo. As conquistas territoriais não são
feitas avançando os limites das regiões de fronteiras, mas conquistando o
maior número de bens matérias e do aumento da conta bancária em todo o
planeta. É assim que vemos crescer as empresas nacionais e
multinacionais.
Assim sendo, os ambiciosos pelo poder e domínio, continuaram na
história provocando transtornos pela ganância de poder e de escravidão. O
que vemos na atualidade é ser desenvolvida uma política internacional
institucionalizada que agride a consciência das pessoas sem limites de
fronteiras.
Os cidadãos de hoje já não são mais de uma determinada localidade
geográfica, vivendo sobre o domínio de um determinado imperador ou rei. A
cidadania tem se internacionalizado, ficando as pessoas originadas de
uma nacionalidade e abertas aos limites internacionais. É através disso
que os habitantes das cidades ficam livres para transitar em toda a
parte do planeta, desde que sejam seguidos os acordos e as orientações
dos parâmetros internacionais ditados pelos donos dos lucros.
Quem legisla as leis internacionais são os detentores da economia, os
imperados e reis do nosso tempo. São eles que detêm a grande
concentração das riquezas mundiais e carregam os nomes e marcas de seus
produtos em todo o mercado internacional. Eles criam e sustentam uma
falsa cultura da busca pelo poder. Algumas pessoas não conseguem ter o
poder em mãos, no entanto, participam das regalias, dos privilégios
oferecidos pelos reis e imperadores da atualidade.
Quem participa do grupo dos privilegiados matem a postura de proteger
o seu rei ou seu imperador dos possíveis ataques dos agressores. Hoje
os agressores são aqueles que tiveram seus direitos roubados e, por não
se contentarem, exigem os seus direitos e lutam por eles. Também eles
recebem o nome de subversivos, baderneiros, etc.
Mas os reis e imperadores ficam escravos da ganância em lucrar, em obter mais bens, em aumentar sua conta bancária…
Os reis não são livres, também são escravos. Ficamos, pois, numa
sociedade de muitas pessoas escravas e poucas pessoas livres. Umas são
escravas em lucrar mais, outros em estarem submetidas às leis dos
ambiciosos e donos dos lucros, outras são escravas em criar mecanismos
que regulem as leis ou em manipular pessoas para se curvarem perante
elas e diante dos seus patrões, coronéis, reis, imperadores.
Uma coisa não se discute: essas histórias de impérios e reinados,
imperadores e reis chamam a atenção da pessoa que prioriza a ambição na
própria vida. O modelo psicológico de projeto imperial causa euforia,
efeito de concorrência, e os concorrentes entram para disputar. Esse
modelo é uma das causas das brigas, das intrigas e dos atropelos na
sociedade.
O bom em saber é que embora tudo isso aconteça, há enraizada a
presença e atuação de pessoas livres. As pessoas que alcançam a
liberdade são aquelas que conseguem sobrevoar todo o sistema opressor,
vendo e analisando as suas fraquezas e desce para o meio dos
escravizados para apontar as vias de liberdade. Essas pessoas são
pássaros, águias que sobrevoam livremente em todo o território
internacional.
Os pássaros nós já sabemos como vivem na natureza. Sabemos que eles
vivem e respeitam as leis da natureza. Eles são capazes de migrar de um
lugar para outro para buscar alimentos. As águias se destacam pela
esperteza em buscar o alimento, elas sobrevoam ao alto, quando veem o
alimento param ao longe, e de lá ficam observando o momento certo de
descer e capturar-lo.
A liberdade dos pássaros também fica evidente na ajuda que eles
prestam à natureza. Eles espalham as sementes das plantas, contribuindo
para o nascimento de delas, novas árvores. Eles ajudam e protegem os
indefesos, voam longe para buscar o alimento para seus filhotes.
Realmente eles são solidários, companheiros e protetores do meio
ambiente.
Essas características não estão presentes nos reis e imperadores ou
naqueles que carregam a imagem psicológica de rei e imperador. Estes não
são solidários, não são companheiros e não protegem a vida dos mais
fracos. Mesmo quando eles passam por momentos de fraquezas eles querem
que tudo ao seu redor esteja a sua disposição, continuam querendo
dominar o ambiente.
É por essas questões analisadas que eu sou levado a proclamar:
“Precisamos ser pássaros e não devemos ser rei ou imperador”. Devemos
querer a liberdade e ter a coragem em promovê-la.
Não devemos ser rei ou imperador porque a história nos mostra que
todo reino e todo império tiveram um fim. Muitos imperadores e reis
tiveram um fim trágico. Nenhum reino ou império sobrevive eternamente,
significando que quando se elege tanto um como em outro se investe tempo
e energia numa coisa frágil. Mas, o ser humano vive para sua realização
pessoal e o que lhe traz essa realização são coisas sólidas e não as
que facilmente se destroem, como os impérios e reinos.
A liberdade é algo sólido e que não se desfaz. Por isso, nos
asseguramos que são de pessoas livres que precisamos. Por outro lado,
precisamos destruir primeiro dos nossos pensamentos e em seguida de
nossas ações, a imagem psicológica de rei e imperador. A imagem e modelo
que mais se divulgada na sociedade são dos imperadores e reis, no
entanto, são os pássaros quem têm muito conteúdo bom a nos ensinar.
Precisamos conhecê-los mais a fundo.
------------------------------
* Gilmar Passos é Escritor e teólogo. Alguém que acredita na humanidade e na liberdade. Contato: gilmpasssos@hotmail.com
Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2013/09/20/
Nenhum comentário:
Postar um comentário