“O Monge e o Executivo” é um fenômeno no Brasil. O livro de James
Hunter, já vendeu três milhões de exemplares no país, o que corresponde a
75% das vendas no mundo inteiro. Este ano, atingiu a marca de 400
semanas nas listas dos livros mais vendidos. Hunter, que já veio ao
Brasil 25 vezes para dar palestras e falar sobre o livro, está mais uma
vez no país. Hoje, às 12h, ele participa da Bienal do Livro, no
Riocentro, do evento “Encontro com Grandes Autores”, que será mediado
pela professora da PUC-Rio, Claudia Chaves.
Em entrevista ao Boa Chance, o autor tenta explicar o sucesso do livro — lançado em 2003 e que trata do líder servidor, no original o título é “The Servant” — no Brasil e fala também sobre como desenvolver habilidades de liderança e ser um bom líder.
Seu livro “O Monge e o Executivo” vendeu mais de três milhões de cópias no Brasil. A que credita esse sucesso no país?
Precisei fazer várias viagens ao Brasil para conseguir começar a entender isso. Nos últimos oito anos, visitei o Brasil 25 vezes e dei 70 palestras, em mais de 30 cidades. Aprendi que o Brasil é um país muito espiritualizado, que inclui uma população católica substancial e uma grande população evangélica emergente. Acredito que a ideia de um monge religioso ensinando a um executivo lições de liderança tem certo apelo. Além disso, os brasileiros adoram histórias e acredito também que a alegoria da liderança capta a atenção. Os brasileiros também são um povo gentil, que possui muitas das características que descrevo no livro. Também estou convencido de que milhões de brasileiros estão mais preparados para assumir posições de liderança e esperam mais de seus líderes. Há apenas 30 anos o país vivia sob uma ditadura militar e, desde então, as pessoas estão ficando cada vez mais prontas para mudar. E, por último, acho que Deus também tem muito a ver com o sucesso do livro. É que, no fundo, não consigo explicar totalmente esse sucesso no Brasil.
Você teve a oportunidade de visitar o Brasil algumas vezes nos últimos dez anos. Como acha que o país mudou nesse tempo?
Como uma das nações dos BRICs, a explosão econômica do Brasil tem sido um fenômeno e tanto nos últimos anos — o que eu espero que continue, embora tenha havido alguns sinais recentes preocupantes. Como consequência desse crescimento, uma porção significativa da sociedade brasileira entrou para a classe média, o que é um desenvolvimento maravilhoso.
No Brasil, fala-se em “apagão de lideranças”. Como é possível mudar essa situação? Qual é a melhor forma de qualificar um líder?
Acredito que o Brasil já esteja dando passos nessa direção. A consciência da importância da liderança certamente cresceu, o que é evidenciado, por exemplo, pelo grande interesse no meu livro. Entretanto, é preciso acelerar a caminhada para construir boas lideranças. Sob meu ponto de vista, o Brasil tem tudo o que é necessário para ser grande: natureza vasta, pessoas amáveis, cultura, terra... Acredito que a única coisa que ainda impede o Brasil de crescer é a liderança. Temos o mesmo problema nos Estados Unidos. Na verdade, esse é um problema persistente em todo o mundo.
Nesse cenário de apagão de lideranças, pessoas muito jovens estão sendo promovidas a cargos de liderança. O que acha disso? Quais são os riscos para uma empresa que promove jovens a gestores?
Acho maravilhoso que jovens estejam sendo promovidos a gestores e líderes. Porém, eles vão precisar de treinamento adequado tanto para entender a verdadeira essência da liderança como o que é necessário ser feito para se tornar um líder efetivamente. O risco para qualquer organização pode ser grande, caso ela falhe em dar o tempo e os recursos necessários para desenvolver seus líderes. Minha experiência é que as melhores organizações sabem dar os passos necessários e designam os recursos certos para construir grandes equipes e grandes líderes. Quem não consegue fazer isso está colocando tanto as pessoas como a organização em risco.
Como você define a essência da liderança? Essa essência é a mesma em todo lugar ou pode ser mudada dependendo do contexto cultural de cada país?
A essência da liderança é a habilidade para inspirar pessoas a agir e brilhar. Para inspirar verdadeiramente as pessoas, é necessário servi-las — para identificar e satisfazer a suas vontades legítimas. Não os seus caprichos, mas suas necessidades, e há uma grande diferença nisso. O que os meus filhos ou meus funcionários precisam pode não ser o que eles querem. Devemos servir os outros, não ser escravos deles. Os princípios de que falo no livro estão por aí há milhares de anos e vão continuar circulando por um bom tempo no futuro. Nunca conheci alguém que quisesse ter um chefe impaciente, cruel, arrogante, desrespeitoso, egoísta, desonesto ou corrupto. Então eu digo a gestores e líderes: simplesmente seja o chefe que você gostaria que o seu chefe fosse.
É importante ter experiência internacional para ser um bom líder?
É certamente enriquecedor ser exposto ao máximo de experiências possíveis. Mas a experiência internacional não é essencial para se tornar um bom líder — ajuda, mas não é essencial.
Qualquer pessoa pode ser um bom líder se for capacitada ou a liderança é uma habilidade nata?
Praticamente qualquer pessoa pode ser treinada para aprimorar suas habilidades de liderança. A maioria de nós é capaz de se tornar pais melhores, maridos e mulheres melhores, professores melhores, coaches e chefes melhores. A tecnologia está disponível para nos ajudar a nos tornarmos líderes melhores. Basta que a pessoa esteja disposta a crescer e a fazer as mudanças necessárias. Os grandes líderes que conheço são comprometidos com a excelência e com o aprendizado contínuo e eles compreendem que isso começa com eles em primeiro lugar.
Como uma pessoa pode identificar se tem as habilidades necessárias para ser um bom líder?
Quase todo mundo tem o potencial para aprimorar sua capacidade de liderar. O que não significa dizer que você será o presidente ou CEO de uma empresa algum dia. Mas significa, sim, que podemos nos qualificar se temos a vontade de crescer e de muda.
É importante que profissionais que não são presidentes ou CEOs também saibam liderar?
As melhores empresas, hoje em dia, trabalham para se tornar um grande grupo de líderes, inspirando e influenciando uns aos outros à ação e à excelência. Um grupo em que todos são líderes, mas têm responsabilidades distintas. Liderança é influência: é a marca que deixamos em outra pessoa. Você não precisa ser chefe para influenciar os outros. Todos deixamos a nossa marca. A única questão é: será que vamos ficar contentes por você ter estado aqui? A empresa será um lugar melhor porque você esteve lá? Sua casa, seu casamento, sua igreja? Sempre que duas pessoas estão juntas por um propósito, há uma oportunidade de liderança. O teste para saber se é um bom líder é se perguntar se você deixa as coisas melhores do que quando as encontrou? As pessoas se desafiam por estarem perto de você?
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Em entrevista ao Boa Chance, o autor tenta explicar o sucesso do livro — lançado em 2003 e que trata do líder servidor, no original o título é “The Servant” — no Brasil e fala também sobre como desenvolver habilidades de liderança e ser um bom líder.
Seu livro “O Monge e o Executivo” vendeu mais de três milhões de cópias no Brasil. A que credita esse sucesso no país?
Precisei fazer várias viagens ao Brasil para conseguir começar a entender isso. Nos últimos oito anos, visitei o Brasil 25 vezes e dei 70 palestras, em mais de 30 cidades. Aprendi que o Brasil é um país muito espiritualizado, que inclui uma população católica substancial e uma grande população evangélica emergente. Acredito que a ideia de um monge religioso ensinando a um executivo lições de liderança tem certo apelo. Além disso, os brasileiros adoram histórias e acredito também que a alegoria da liderança capta a atenção. Os brasileiros também são um povo gentil, que possui muitas das características que descrevo no livro. Também estou convencido de que milhões de brasileiros estão mais preparados para assumir posições de liderança e esperam mais de seus líderes. Há apenas 30 anos o país vivia sob uma ditadura militar e, desde então, as pessoas estão ficando cada vez mais prontas para mudar. E, por último, acho que Deus também tem muito a ver com o sucesso do livro. É que, no fundo, não consigo explicar totalmente esse sucesso no Brasil.
Você teve a oportunidade de visitar o Brasil algumas vezes nos últimos dez anos. Como acha que o país mudou nesse tempo?
Como uma das nações dos BRICs, a explosão econômica do Brasil tem sido um fenômeno e tanto nos últimos anos — o que eu espero que continue, embora tenha havido alguns sinais recentes preocupantes. Como consequência desse crescimento, uma porção significativa da sociedade brasileira entrou para a classe média, o que é um desenvolvimento maravilhoso.
No Brasil, fala-se em “apagão de lideranças”. Como é possível mudar essa situação? Qual é a melhor forma de qualificar um líder?
Acredito que o Brasil já esteja dando passos nessa direção. A consciência da importância da liderança certamente cresceu, o que é evidenciado, por exemplo, pelo grande interesse no meu livro. Entretanto, é preciso acelerar a caminhada para construir boas lideranças. Sob meu ponto de vista, o Brasil tem tudo o que é necessário para ser grande: natureza vasta, pessoas amáveis, cultura, terra... Acredito que a única coisa que ainda impede o Brasil de crescer é a liderança. Temos o mesmo problema nos Estados Unidos. Na verdade, esse é um problema persistente em todo o mundo.
Nesse cenário de apagão de lideranças, pessoas muito jovens estão sendo promovidas a cargos de liderança. O que acha disso? Quais são os riscos para uma empresa que promove jovens a gestores?
Acho maravilhoso que jovens estejam sendo promovidos a gestores e líderes. Porém, eles vão precisar de treinamento adequado tanto para entender a verdadeira essência da liderança como o que é necessário ser feito para se tornar um líder efetivamente. O risco para qualquer organização pode ser grande, caso ela falhe em dar o tempo e os recursos necessários para desenvolver seus líderes. Minha experiência é que as melhores organizações sabem dar os passos necessários e designam os recursos certos para construir grandes equipes e grandes líderes. Quem não consegue fazer isso está colocando tanto as pessoas como a organização em risco.
Como você define a essência da liderança? Essa essência é a mesma em todo lugar ou pode ser mudada dependendo do contexto cultural de cada país?
A essência da liderança é a habilidade para inspirar pessoas a agir e brilhar. Para inspirar verdadeiramente as pessoas, é necessário servi-las — para identificar e satisfazer a suas vontades legítimas. Não os seus caprichos, mas suas necessidades, e há uma grande diferença nisso. O que os meus filhos ou meus funcionários precisam pode não ser o que eles querem. Devemos servir os outros, não ser escravos deles. Os princípios de que falo no livro estão por aí há milhares de anos e vão continuar circulando por um bom tempo no futuro. Nunca conheci alguém que quisesse ter um chefe impaciente, cruel, arrogante, desrespeitoso, egoísta, desonesto ou corrupto. Então eu digo a gestores e líderes: simplesmente seja o chefe que você gostaria que o seu chefe fosse.
É importante ter experiência internacional para ser um bom líder?
É certamente enriquecedor ser exposto ao máximo de experiências possíveis. Mas a experiência internacional não é essencial para se tornar um bom líder — ajuda, mas não é essencial.
Qualquer pessoa pode ser um bom líder se for capacitada ou a liderança é uma habilidade nata?
Praticamente qualquer pessoa pode ser treinada para aprimorar suas habilidades de liderança. A maioria de nós é capaz de se tornar pais melhores, maridos e mulheres melhores, professores melhores, coaches e chefes melhores. A tecnologia está disponível para nos ajudar a nos tornarmos líderes melhores. Basta que a pessoa esteja disposta a crescer e a fazer as mudanças necessárias. Os grandes líderes que conheço são comprometidos com a excelência e com o aprendizado contínuo e eles compreendem que isso começa com eles em primeiro lugar.
Como uma pessoa pode identificar se tem as habilidades necessárias para ser um bom líder?
Quase todo mundo tem o potencial para aprimorar sua capacidade de liderar. O que não significa dizer que você será o presidente ou CEO de uma empresa algum dia. Mas significa, sim, que podemos nos qualificar se temos a vontade de crescer e de muda.
É importante que profissionais que não são presidentes ou CEOs também saibam liderar?
As melhores empresas, hoje em dia, trabalham para se tornar um grande grupo de líderes, inspirando e influenciando uns aos outros à ação e à excelência. Um grupo em que todos são líderes, mas têm responsabilidades distintas. Liderança é influência: é a marca que deixamos em outra pessoa. Você não precisa ser chefe para influenciar os outros. Todos deixamos a nossa marca. A única questão é: será que vamos ficar contentes por você ter estado aqui? A empresa será um lugar melhor porque você esteve lá? Sua casa, seu casamento, sua igreja? Sempre que duas pessoas estão juntas por um propósito, há uma oportunidade de liderança. O teste para saber se é um bom líder é se perguntar se você deixa as coisas melhores do que quando as encontrou? As pessoas se desafiam por estarem perto de você?
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Fonte: http://oglobo.globo.com/emprego/
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