Michel Aires de souza*
"No mercado de trabalho não há mais lugar para quem não sabe pensar,
para quem não gosta de aprender
e estar constantemente atualizado,
e
para quem não tem flexibilidade
para se adaptar a um ambiente
em constante mudança."
No início do seculo XX surgiu uma nova dinâmica capitalista,
desenvolveu–se a produção em massa, com enormes fábricas, que produziam
de tudo, a custo baixo para uma grande massa de consumidores. Era uma
época de emprego, aumento de renda, direitos sociais e consumo para a
classe trabalhadora. Mas essa dinâmica só se tornou possível a partir de
novas estratégias para controlar os trabalhadores e assegurar a
produção e o consumo das mercadorias. Novos mecanismos de controle dos
trabalhadores foram criados para a maximização da produção e do lucro
impulsionado pelo advento da sociedade de massas. O que começou a se
difundir foi a teoria de Frederic Taylor, engenheiro norte-americano,
conhecido como o pai da administração científica, que procurou
racionalizar o controle do tempo e do espaço dentro da fábrica. Taylor
a partir da observação direta percebeu, no final do século XIX, que os
trabalhadores eram indolentes e faziam corpo mole, e que poderiam
produzir muito mais do que produziam. Com isso ele demonstrou que
seria possível dividir as funções e disciplinar o trabalhador. Para se
obter um maior controle do operário ele criou uma burocracia de
supervisores, gerentes e chefes que passariam a controlar a execução das
tarefas.
No começo do século XX o industrial Henry Ford procurou
aperfeiçoar as ideias de Friderich Taylor. Ele criou a linha de montagem
e os processos de trabalho foram semi-automatizados. A criação da linha
de montagem levou a uma maior produção em menos tempo. Todo movimento
inútil foi eliminado e toda produção foi racionalizada. O grande
objetivo de Ford era a produção em série de carros modelo T para o
consumo em massa. Em 1912 um único carro era produzido em 12 horas, em
1913 sua fabricação foi reduzida para 1 hora e 33 minutos. Já em 1920 um
carro era produzido em 24 segundos. Ford previu que um dia toda
família possuiria um carro e ele estava certo. Seu carro custava apenas
295 dólares e em 1924 ele vendeu dez milhões de automóveis. Ele também
instituiu o trabalho de oito horas e pagava 5 dólares por dia de
trabalho. Com isso, o operário tinha mais espaço para a família e para o
lazer.
Não há dúvida de que com o taylorismo e o fordismo houve um grande
avanço no capitalismo industrial, uma vez que permitiu consideravelmente
aumentar a produtividade, reduzindo os custos de produção e baixando os
preços das mercadorias, com aumento significativo dos lucros dos
capitalistas, assim como um maior bem estar dos trabalhadores.
O padrão de produção fordista, embora não tenha se implantado
igualmente em todos os países industrializados, tornou-se referência ao
longo do século XX, como modelo mais adaptado à produção em massa e a
esta nova fase do processo de acumulação capitalista (RAMALHO, 2010, p.
88).
Contudo, o modelo fordista começou a declinar no começo da
década de 70. Naquela época houve a desregulamentação do sistema
monetário internacional. A moeda norte-americana que era referência para
o comércio das economias do ocidente começou a declinar. Os mercados
internos na Europa e no Japão estavam saturados. Houve a diminuição das
taxas de lucros decorrente do excesso de produção e esgotamento da
acumulação fordista. Para aumentar a recessão veio a crise do petróleo
que teve seus preços triplicados no mercado internacional, encarecendo a
energia e prejudicando, principalmente, as indústrias de siderurgia,
construção naval e de química pesada. Para complicar a crise, os países
da América Latina substituíram suas políticas de importação por grandes
indústrias multinacionais, com grande demanda de mão de obra barata. A
partir disso, a competição internacional se intensificou e a hegemonia
dos Estados Unidos começou a cair. Tornou-se evidente que o fordismo
juntamente com o estado de bem-estar social (Welfare State) não podiam
mais resolver as contradições do capitalismo.
David Harvey (1993) mostrou em seu livro “A condição pós-moderna”
que a crise da década de 70 podia ser mais bem apreendida por uma
palavra: rigidez. O problema da rigidez se deu não só nos investimentos
de capital fixo investido em produção em massa, que impediam a
flexibilidade de planejamento, assim como na rigidez dos mercados, na
alocação e nos contratos de trabalho. Toda tentativa para superar essa
rigidez era barrada por greves trabalhistas. Com a crise, os
compromissos do Estado se intensificaram cada vez mais com programas
assistenciais, mas Welfare State não conseguia dar conta de suas
demandas.
Naquela
época as grandes indústrias se viram com um excedente de produção,
assim como fábricas e equipamentos ociosos num mercado cada vez mais
competitivo. Era uma época de recessão e agravamento da inflação, ou
seja, de estagnação da produção de bens e alta inflação de preços. Foi a
partir daí que o sistema capitalista entrou em um novo ciclo de
reestruturação do capital. Começou um período de racionalização e
intensificação do controle do trabalho. A mudança tecnológica, a
automação, a busca de novos produtos e novos mercados, as fusões de
empresas, a busca de novos locais onde a mão de obra era barata
tornaram-se necessárias para as grandes corporações. Harvey (1993)
chamou essa nova reestruturação do capital de “acumulação flexível”. É
flexível, pois,
[...]
se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de
trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo
surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de
fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas
altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e
organizacional (HARVEY, 1993, p. 140).
A reestruturação produtiva também introduziu novas técnicas
gerenciais e administrativas. Em contraste com a rigidez do fordismo,
foi criada no Japão, na empresa Toyota, um novo método que se
mundializou: a produção flexível. Esse método associava uso intensivo
da tecnologia, terceirização e flexibilidade na produção. Em vez da
produção em larga escala criou-se a produção em pequenos lotes e com
produtos variados. Os grandes estoques comuns à produção fordista
deixaram de existir. Surgiu o trabalho por encomenda produzido na hora
certa (Just in time). A empresa produzia somente o necessário de acordo
com a demanda do mercado. Uma grande parte da produção era terceirizada
vinda de produtores e fornecedores que eram responsáveis por sua
fabricação. A terceirização eliminou setores da fábrica como ajudou a
diminuir os trabalhadores e foi indispensável para reduzir custos numa
época de crise. Outra característica importante foi o uso de alta
tecnologia e de funcionários multifuncionais para produzir produtos com
qualidade total. Se o trabalhador na linha de produção fordista fazia um
trabalho repetitivo, mecânico e especializado, no toyotismo o
trabalhador era polivalente, com múltiplas habilidades e competências.
Para criar funcionários multifuncionais o Japão investiu maciçamente em
educação e as empresas investiam na qualificação dos seus funcionários.
Se na organização fordista o modelo de gestão é verticalizado, pois a
administração tem o controle de todos os setores e departamentos, no
toyotista o modelo de gestão é organizado de forma horizontal uma vez
que os trabalhadores têm maior participação no controle da produção
como no processo de gestão dos grupos de trabalho. Segundo Sennet, “as
empresas buscaram eliminar camadas de burocracia, tornar-se organizações
mais planas e flexíveis. Em vez das organizações tipo pirâmide, a
administração quer agora pensar nas organizações como redes (...)”
(SENNETT, 2009, p.23).
Se a reestruturação produtiva foi boa para as empresas, não foi para
o trabalhador. Essa revolução teve grandes consequências para o mercado
de trabalho. A reestruturação produtiva causou a desregulamentação das
relações de trabalho aumentando o desemprego, fomentando o trabalho
informal e fazendo surgir relações precárias de trabalho: trabalho
temporário, jornada parcial, terceirização, subcontratação, etc.
Diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e
do estreitamento das margens de lucro, os patrões tiraram proveito do
enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão de obra
excedente (desempregados ou subempregados) para impor regimes de
contrato mais flexíveis (...). Mais importante do que isso é a aparente
redução do emprego regular em favor do crescente uso do trabalho em
tempo parcial, temporário ou subcontratado” (HARVEY, 1993, p.143).
Com a acumulação flexível nós entramos na era da sociedade
pós-industrial. A sociedade industrial surgiu, grosso modo, na segunda
metade do século XVIII e se estendeu até a primeira metade do século XX.
Com o desenvolvimento das novas tecnologias da informação, da
microeletrônica, da robotização e da inteligência artificial surgiu a
partir da segunda metade do século XX a sociedade pós-industrial. Esta
sociedade não se fundamenta mais na produção agrícola (setor primário),
nem na industrial (setor secundário), mas sim no setor de serviços
(setor terciário), que compreende as atividades como comércio,
informática, telecomunicações, educação, saúde e turismo.
O surgimento do setor de serviços e de terceirização abriu grandes
oportunidades para os pequenos negócios. A produção doméstica e familiar
que existia na época da revolução industrial começou a voltar como
consequência da reestruturação produtiva. Para Harvey (1998) ela começou
a retornar não como algo periférico, mas como peça central da nova
organização industrial. Hoje uma grande parte dos serviços terceirizados
é feito em domicílios familiares ou pequenas oficinas. Também se tornou
comum por parte das grandes empresas empregarem trabalhadores
“informais” e “subterrâneos” sem direitos trabalhistas, que prestam
serviços em casa. Esse tipo de contratação é bastante comum entre os
imigrantes como filipinos e vietnamitas em Los Angeles, Bolivianos em
São Paulo e indianos em Londres.
Segundo o sociólogo especialista em relações do trabalho, José Pastore
(2008), ainda hoje o mundo do trabalho passa por uma enorme revolução.
Ele afirma que essa revolução é devida a um profundo processo de mutação
pelo qual passam as empresas. Muitas se fundem. Outras se subdividem.
Várias entram em ramos novos. Inúmeras adotam novas tecnologias e novos
modos de produzir e vender. Pastore refere-se a sua infância para
exemplificar as grandes mudanças que sofreram as indústrias nos últimos
anos. A “General Motors”, por exemplo, ganhava dinheiro vendendo
automóveis. Hoje essa empresa gera uma colossal receita, através de
seus bancos, emprestando dinheiro. A “General Electric” construiu um
império mundial vendendo turbinas de avião e tomógrafos para hospitais.
Hoje ela dá assistência técnica às turbinas e aos tomógrafos. É uma
indústria que fatura prestando serviços. O “McDonald´s”, conhecida pelos
bilhões de sanduíches que serve, partiu para o ramo hoteleiro usando o
seu famoso nome nos campos da presteza, higiene e automação. Seus hotéis
se destinam a executivos que são hóspedes exigentes nesses três
quesitos. Nos dias atuais, já não se sabe a que setor uma empresa
pertence. Há indústrias que entram no campo dos serviços. Outras entram
no campo das finanças. Da mesma forma, há empresas do comércio que
passam a fazer trabalhos industriais como é o caso da papelaria que, ao
adquirir uma máquina Xerox e um computador, passa a funcionar como
gráfica.
O grande problema da reestruturação produtiva são as graves
consequências para os trabalhadores e governos. O desemprego, as
relações precária de trabalho, o trabalho informal, a enorme exigência
de qualificação do trabalhador, o enfraquecimento dos sindicatos e das
organizações dos trabalhadores são alguns deles. Com a dispersão do
trabalhador em empreendimentos domésticos, assim como serviços
temporários e subcontratados, tornou quase impossível à organização da
classe trabalhadora. A desestruturação do mercado de trabalha não só
diminui o poder de reivindicação do trabalhador, mas também
desestruturou famílias, produziu insegurança, e ainda tem gerado
problemas sociais, como miséria, fome e violência.
No
modelo de produção fordista o trabalhador é um simples executor de
tarefas. Ele executa tarefas simples, parceladas e repetitivas.
Geralmente era treinado em um serviço especializado numa determinada
etapa da produção. As tarefas eram planejadas e a quantidade de produção
era fixada pela administração. Nesse modelo não se necessitava de
homens com sólida formação ou grandes competências, com exceção da
administração, que fazia o trabalho intelectual. Os funcionários eram
escolhidos de acordo com suas aptidões. As qualidades normalmente
esperadas pela empresa eram força física, percepção aguçada, disciplina e
obediência. O trabalhador não precisava ser inteligente ou criativo,
mas precisava ser pontual, disciplinado e serviente. A grande
consequência disso era o embrutecimento, a despersonalização e alienação
dos indivíduos, que interiormente se sentiam insatisfeitos, tediados e
frustrados devido a um trabalho mecânico e repetitivo.
A rotina parecia, em todos esses cenários de trabalho, pessoalmente
degradante, uma fonte de ignorância mental — e ignorância de um
determinado tipo. O presente imediato pode ser bastante claro, quando um
trabalhador maneja a mesma alavanca ou manivela horas a fio. O que
falta ao trabalhador da rotina é qualquer visão mais ampla de um futuro
diferente, ou o conhecimento de como fazer a mudança (SENNETT, 2009,
p.49).
Com o advento do sistema de produção flexível o perfil do
trabalhador se modificou. Ele se tornou multifuncional e polivalente,
com uma visão mais ampla dos vários processos de trabalho, participando e
envolvendo-se em todas as etapas da produção. A execução de tarefas
repetitivas, simplificadas e fragmentadas deixou de existir. Também
deixou de existir a separação entre o trabalho físico e o intelectual. O
que começou a se valorizar foi a subjetividade do trabalhador. Devido a
uma maior automação e complexidade da produção o trabalhador tornou-se
mais criativo, inteligente, versátil e crítico. Exige-se dele a
capacidade de mobilizar saberes, conhecimentos e esquemas mentais para
resolver problemas. Dessa forma ele deve ter conhecimentos, competências
e habilidades diversificadas, e uma sólida formação profissional e
cultural. O trabalho sendo feito em equipes multifuncionais de
cooperação mútua propicia uma maior autonomia para tomada de decisões.
Além disso, o conceito de qualidade total torna o trabalho mais crítico e
participativo, com discussões e debates para melhorias no processo de
produção.
Hoje vivemos em uma época onde o cenário econômico e empresarial está
cada vez mais acirrado, onde as empresas são cada vez mais competitivas.
Com as novas tecnologias e a exigência de maior criatividade e
inteligência no ambiente de trabalho, os indivíduos tornaram-se a pedra
angular da reestruturação produtiva. Nesse contexto, as empresas não só
buscam uma maior automação da produção, mas também procuram
funcionários mais qualificados. O trabalhador com maior formação torna o
trabalho mais eficaz e produtivo, pois através de suas atitudes,
conhecimentos e habilidades ele sabe pensar e agir melhor.
Segundo Pastore (2009) a procura por pessoas altamente qualificadas
decorre da própria dinâmica da economia moderna. A economia moderna se
baseia em métodos de produção e venda que requerem um bom domínio de
novas máquinas e equipamentos assim como de uma visão ampla de processos
produtivos que se tornam cada vez mais dependentes de inovações
tecnológicas e um ajuste adequado à questão ambiental. Nos últimos
tempos, as novas máquinas e equipamentos tornaram-se sofisticados,
inteligentes e baratos. O uso de sua plena potencialidade, porém,
depende da capacidade dos operadores – os seres humanos. Para tanto, não
basta ser adestrado. É preciso ser educado -, e bem educado.
Com as novas tecnologias o trabalho em nossa época tornou-se mais
intelectual e criativo. Nessa nova dinâmica do capital, o papel do
trabalhador é produzir ideias, resolver problemas e criar soluções.
Esse é o novo paradigma para se pensar o trabalho no século XXI. O
trabalho mecânico e repetitivo está sendo abolido e sendo substituído
pelo trabalho lúdico, intelectual, criativo. O trabalhador de hoje deve
saber mobilizar esquemas mentais e conhecimentos para resolver
problemas, analisar situações e fazer diagnósticos, trabalhar em equipe e
saber proceder e agir com criatividade em qualquer situação. Mas sua
principal competência deve ser a de aprender continuamente. O sociólogo
italiano Domenico Masi especialista no assunto ilustra bem como será o
trabalho no século XXI: “o trabalho braçal a máquina faz; o mental o
computador realiza; ao ser humano cabe ter ideias e ser criativo”.
Num futuro bem próximo o termo “home Office” deve tornar-se uma palavra
bastante comum. Trabalhar em casa com um computador deve ser o ambiente
de criação e produção. Segundo Pastore (2007), os serviços que mais se
expandem são os de economia intangível, que dependem muito mais do
talento intelectual do que da força física. É intangível, pois os papéis
exercidos pelos empregados e empregadores não são claramente divididos e
identificáveis. Essa é uma tendência no mundo todo, os profissionais de
hoje empenham-se em atividades especializadas e atuam como pessoas
jurídicas. Hoje se trabalha como cooperado, por projeto, à distância,
como free lancer, intermitente, colaborativo, etc.
No mercado de trabalho não há mais lugar para quem não sabe pensar,
para quem não gosta de aprender e estar constantemente atualizado, e
para quem não tem flexibilidade para se adaptar a um ambiente em
constante mudança.
Bibliografia
HARVEY, David. Do Fordismo à Acumulação Flexível. In: A condição pósmoderna. São Paulo: Loyola, 1993, p. 135-176
PASTORE, José. Crescimento de 6%: e a mão de obra? Folha de São Paulo, (08/12/2009). Disponível em < http://www.josepastore.com.br/artigos/ed/ed_045.htm > Acesso em Junho de 2012.
________, José. Mudanças nos Cenários das Profissões: Educação e Empregabilidade. Palestra realizada no Congresso Brasileiro de Contabilidade, Gramado, (RS), 28/08/2008. Disponível em < http://www.josepastore.com.br/artigos/em/em_122.htm > Acesso em Junho de 2012.
________, José. O pior é a informalidade. Jornal O Globo, (21/03/2007). Disponível em < http://www.josepastore.com.br/artigos/ti/ti_015.htm > Acesso em Junho de 2012.
RAMALHO, José. R. Trabalho na Sociedade Contemporâneo. MORAES, Amaury C. (Coord). Sociologia. Brasilia: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2010, p. 85-99
SENNET, Richard. A corrosão do caráter: as consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2009.
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* Professor.
Fonte: http://filosofonet.wordpress.com/2013/09/05/o-modo-de-producao-flexivel-e-o-novo-perfil-do-trabalhador-no-seculo-xxi/
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