sábado, 7 de setembro de 2013

‘Desaprender dá mais trabalho do que aprender’, diz Silvio Meira



O cientista Silvio Meira na palestra em comemoração aos 20 anos do caderno Boa Chance
Foto: Guillermo Giansanti
O cientista Silvio Meira na palestra em comemoração aos 20 anos do caderno Boa Chance Guillermo Giansanti 
 
 Na palestra em comemoração aos 20 anos do caderno Boa Chance, o cientista falou sobre o futuro do trabalho
Desaprender dá mais trabalho do que aprender”. Mas é tão importante quanto aprender, habilidade que será exigida continuamente dos profissionais no futuro pelo mercado de trabalho. É o que defende o cientista-chefe do Centro de Estudos de Sistemas Avançados do Recife (Cesar), que na manhã desta sexta-feira deu uma palestra aberta ao público sobre o tema “O novo mercado de trabalho e as novas profissões”, em comemoração aos 20 anos do Boa Chance, no Centro Empresarial Rio, em Botafogo.


— Para continuar no mercado de trabalho, a estratégia é investir em aprendizado e cultura. E, como os próximos anos vão mudar muito e cada vez mais rapidamente, os profissionais precisam fazer três coisas, que são aprender, desaprender e reaprender. E desaprender é muito mais complicado e dá mais trabalho do que aprender — disse Silvio Meira, lembrando que, quando a internet foi lançada, por cerca de dez anos muitas empresas negavam a sua existência. — Ninguém conseguia desaprender a fazer as coisas como faziam. Quando conseguiram, já estavam atrasadas.

Meira afirmou, também, que, embora hoje em dia se tenha a percepção de que é preciso aprender cada vez mais rápido, isso não é uma novidade:

— Seja qual for o mercado, ele está em constante transformação.

Nesse cenário, o cientista do Cesar acredita também que os profissionais vão precisar renovar o conhecimento a todo momento:

— No mercado de informática, por exemplo, a cada 18 meses, pelo mesmo preço, tem-se o dobro da capacidade. Quem se formar e não se mantiver aprendendo o tempo todo corre o risco de não arranjar outro trabalho.

O palestrante também destacou as ondas de inovação vividas pela sociedade desde o século 18. Foram elas: a mecanização e o comércio, entre 1785 e 1845; o surgimento da energia a vapor e das ferrovias, entre 1845 e 1900; a eletricidade e o motor, entre 1900 e 1950; a eletrônica e a aviação, de 1950 a 1990; a de software e redes, a partir de 1990.

— Para cada onda de inovação, há profissões que são criadas e outras que são destruídas. E cada onda cria demanda para que as pessoas aprendam mais, pois cada pico faz aumentar a obsolecência do conhecimento.

Silvio prevê, ainda, que, no futuro, a informatização será muito maior do que nos dias de hoje. A ponto de neurocirurgias serem realizadas por robôs e ônibus não terem mais motoristas.

— O quer der para informatizar, nós vamos informatizar. O mercado de informática contamina todos os outros mercados.

O que também deve acontecer nos próximos anos — e já está ocorrendo, frisou o cientista — é a sobreposição das competências pessoais às competências técnicas.

— Em entrevistas de emprego, cada vez mais são feitas perguntas que não têm a ver com a formação clássica do profissional, mas com sua disposição para o mundo. Algumas coisas são mais importantes do que ser o melhor físico de partículas — diz Meira, exemplificando com o conjunto de “És” que integra as entrevistas. — Você é fácil de ser encontrado? É simples? É ágil? É flexível? É confiável? É móvel? É útil? É autêntico?
-------------------------------
Reportagem por  Maíra Amorim (Email)
Fonte: http://oglobo.globo.com/07/09/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário