Silvia Marcuzzo*
Esse
mega evento, incobrível, para os jornalistas – onde tudo acontece ao
mesmo tempo agora – para quem não tem seus aparatos tecnológicos de
ultima geração, leia-se tablets, netbooks, 3G etc., é um desafio a mais.
Mas para quem já trabalhou em redação de telejornal nos tempos
analógicos, onde se produzia matéria apenas com uma linha fixa e um
ramal, tudo se dá um jeito.
Mesmo assim, quem não dispõe de aparatos tecnológicos está a margem
do evento. Por um lado é muito bom, tem muito menos papel, mas sem
internet é difícil saber do que está rolando. O Rio não dispõe de wi-fi como
deveria. Caminhei algumas quadras no Centro e não consegui encontrar um
estabelecimento que dispusesse desse serviço gratuito. No Forte de
Copacabana, a rede não dá conta de tanta gente conectando ao mesmo
tempo. E a cidade não disponibiliza redes em pontos estratégicos em um
evento desse porte.
Outros lados
Ao mesmo tempo em que assisto palestras, exposições, instalações
sobre a situação do planeta, estou sendo obrigada a não separar o meu
lixo. Onde estou parando, o papel higiênico vai direto para o vaso e as
cascas do mamão se juntam com as garrafas plásticas. O Rio não dispõe de
coleta seletiva!!! Nem São Paulo, diga-se de passagem.
O preço das coisas, em relação à Porto Alegre, é espantoso. Pelo
menos em Copacabana. O que compro na feira de orgânicos do Menino Deus,
em Porto Alegre, é infinitamente mais barato. A cara das frutas e
verduras nos mercados não é nada animadora. Creio que boa parte das
pessoas come na rua e não se importa de onde os alimentos vêm.
Os milhares de bares, restaurantes, abarrotados de gente tomando seu
chopinho, já denotam o quanto precisamos aprender com esses brasileiros,
que encaram a vida de uma forma menos dura e incisiva. Creio que temos
muito o que aprender com o lifestyle carioca, porém, vale lembrar que por aqui os ponteiros do relógio são de borracha.
"A criança precisa sempre saber que o
resultado de
suas ações reflete no outro."
- O pedagogo colombiano Bernado Toro -
Sorriso, empatia e cuidado
Aqui encontrei sorrisos e simpatias no porteiro, na recepção dos
prédios e no táxi. Aliás, empatia, cuidado, o colocar-se no lugar do
outro foi o tema do painel que assisti hoje, dia 15 pela manhã. Leonardo
Boff, Bernardo Toro, Anamaria Schindler, mediados por Renata Ceribelli.
O encontrou mostrou como é necessário enfrentar esse paradigma, novas
atitudes para uma civilização que respeite todos os seres vivos.
Cientificamente foi comprovado que aquele que recebe carinho,
aconchego nos primeiros meses de vida tem mais capacidade de se
envolver, fazer amigos, ser “mais empático”, ao longo da vida, disse
Anamaria Schinler, da AshoKa, uma das promotoras do Fórum de
Empreendedorismo Social na Nova Economia durante o painel Empatia e
Cuidado: paradigmas da nova civilização, no grande avento Humanidades
2012, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.
O pedagogo colombiano Bernado Toro afirmou que é preciso ter
políticas públicas de Estado para a família, para que possam ser
travados vínculos emocionais fortes com os filhos. Por exemplo, em vez
de castiga-los, os pais devem discipliná-los para que possam ser livres e
terem mais autonomia. A criança precisa sempre saber que o resultado de
suas ações reflete no outro.
Ele comentou que na Suécia, a licença maternidade é de dois anos. O
salário da mãe é pago pelo próprio Estado durante esse período. Segundo
ele, os países nórdicos entendem que é mais barato investir no começo da
vida de seus cidadãos do que ter que desembolsar na resolução de
problemas sociais de um adulto de uma infância mal resolvida. Ele
defende a promoção de uma educação mais espiritual e menos religiosa.
Já Boff acredita que “está na hora de se praticar o cuidado, que está
dentro de nós”. O teólogo afirma que tudo precisa de cuidado: a mente, o
coração, as palavras, o lado espiritual. E que, segundo ele, isso
começa pelo cuidado que temos por nós próprios.
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* Silvia Marcuzzo é jornalista e trabalha a temática socioambiental desde
1993. Já transitou em diversos “ecossistemas” e arranjos energéticos do
jornalismo. Ao passar por assessorias de ONGs, governos e consultorias para
empresas, em Porto Alegre, São Paulo e Brasília, sempre manteve a convicção
de que é possível melhorar a relação entre os “ambientes” e a comunicação.
Por isso, fundou a ECOnvicta Comunicação para Sustentabilidade.
(Silvia Marcuzzo/Mercado Ético)FONTE: http://mercadoetico.terra.com.br/15/06/2012
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