sábado, 16 de junho de 2012

Sobre simpatia, empatia, cuidado e mundo conectado

Silvia Marcuzzo*

 
Esse mega evento, incobrível, para os jornalistas – onde tudo acontece ao mesmo tempo agora – para quem não tem seus aparatos tecnológicos de ultima geração, leia-se tablets, netbooks, 3G etc., é um desafio a mais. Mas para quem já trabalhou em redação de telejornal nos tempos analógicos, onde se produzia matéria apenas com uma linha fixa e um ramal, tudo se dá um jeito.
Mesmo assim, quem não dispõe de aparatos tecnológicos está a margem do evento. Por um lado é muito bom, tem muito menos papel, mas sem internet é difícil saber do que está rolando. O Rio não dispõe de wi-fi como deveria. Caminhei algumas quadras no Centro e não consegui encontrar um estabelecimento que dispusesse desse serviço gratuito. No Forte de Copacabana, a rede não dá conta de tanta gente conectando ao mesmo tempo. E a cidade não disponibiliza redes em pontos estratégicos em um evento desse porte.

Outros lados
Ao mesmo tempo em que assisto palestras, exposições, instalações sobre a situação do planeta, estou sendo obrigada a não separar o meu lixo. Onde estou parando, o papel higiênico vai direto para o vaso e as cascas do mamão se juntam com as garrafas plásticas. O Rio não dispõe de coleta seletiva!!! Nem São Paulo, diga-se de passagem.
O preço das coisas, em relação à Porto Alegre, é espantoso. Pelo menos em Copacabana. O que compro na feira de orgânicos do Menino Deus, em Porto Alegre, é infinitamente mais barato. A cara das frutas e verduras nos mercados não é nada animadora. Creio que boa parte das pessoas come na rua e não se importa de onde os alimentos vêm.
Os milhares de bares, restaurantes, abarrotados de gente tomando seu chopinho, já denotam o quanto precisamos aprender com esses brasileiros, que encaram a vida de uma forma menos dura e incisiva. Creio que temos muito o que aprender com o lifestyle carioca, porém, vale lembrar que por aqui os ponteiros do relógio são de borracha.

 "A criança precisa sempre saber que o
 resultado de suas ações reflete no outro."
-  O pedagogo colombiano Bernado Toro -

Sorriso, empatia e cuidado
Aqui encontrei sorrisos e simpatias no porteiro, na recepção dos prédios e no táxi. Aliás, empatia, cuidado, o colocar-se no lugar do outro foi o tema do painel que assisti hoje, dia 15 pela manhã. Leonardo Boff, Bernardo Toro, Anamaria Schindler, mediados por Renata Ceribelli. O encontrou mostrou como é necessário enfrentar esse paradigma, novas atitudes para uma civilização que respeite todos os seres vivos.
Cientificamente foi comprovado que aquele que recebe carinho, aconchego nos primeiros meses de vida tem mais capacidade de se envolver, fazer amigos, ser “mais empático”, ao longo da vida, disse Anamaria Schinler, da AshoKa, uma das promotoras do Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia durante o painel Empatia e Cuidado: paradigmas da nova civilização, no grande avento Humanidades 2012, no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro.
O pedagogo colombiano Bernado Toro afirmou que é preciso ter políticas públicas de Estado para a família, para que possam ser travados vínculos emocionais fortes com os filhos. Por exemplo, em vez de castiga-los, os pais devem discipliná-los para que possam ser livres e terem mais autonomia. A criança precisa sempre saber que o resultado de suas ações reflete no outro.
Ele comentou que na Suécia, a licença maternidade é de dois anos. O salário da mãe é pago pelo próprio Estado durante esse período. Segundo ele, os países nórdicos entendem que é mais barato investir no começo da vida de seus cidadãos do que ter que desembolsar na resolução de problemas sociais de um adulto de uma infância mal resolvida. Ele defende a promoção de uma educação mais espiritual e menos religiosa.
Já Boff acredita que “está na hora de se praticar o cuidado, que está dentro de nós”. O teólogo afirma que tudo precisa de cuidado: a mente, o coração, as palavras, o lado espiritual. E que, segundo ele, isso começa pelo cuidado que temos por nós próprios.
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* Silvia Marcuzzo é jornalista e trabalha a temática socioambiental desde 1993. Já transitou em diversos “ecossistemas” e arranjos energéticos do jornalismo. Ao passar por assessorias de ONGs, governos e consultorias para empresas, em Porto Alegre, São Paulo e Brasília, sempre manteve a convicção de que é possível melhorar a relação entre os “ambientes” e a comunicação. Por isso, fundou a ECOnvicta Comunicação para Sustentabilidade.
(Silvia Marcuzzo/Mercado Ético)
FONTE:  http://mercadoetico.terra.com.br/15/06/2012

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