Rossana Cassanta Rossi*
(...) Na Modernidade, a condição de
juventude foi associada principalmente
a questões de idade, corpo, moradia,
estudo. De acordo com Margulis e
Urresti (2000), idade e sexo foram
aspectos utilizados para classificação
social em muitas sociedades. Era um
período de idade que definia quem era
jovem ou não. Segundo os autores, é “a
partir dos séculos XVII e XIX [que]
começa a ser identificada como camada
social que goza de certos privilégios, de
um período de permissividade [...] entre
a maturidade biológica e a maturidade
social” (idem, p. 04). Denominada pelos
autores como moratória social, esse
período é visto como uma prerrogativa
para uma parcela de jovens pertencentes
a setores sociais mais favorecidos
economicamente, os quais poderiam se
dedicar por mais tempo aos estudos:
posterga-se o matrimônio, a construção
de uma moradia e o trabalho
remunerado. Juventude era uma
categoria fixa, sólida.
Porém, no contexto pós-moderno,
ocorre o desmoronamento dessas
barreiras tradicionais, tanto sociológicas
quanto biológicas. Como sustenta
Canevacci (2005, p. 07): “Morrem as
faixas etárias, morre o trabalho, morre o
corpo natural, desmorona a demografia,
multiplicam-se as identidades móveis e
nômades”. Ou seja, podem fazer partes
das culturas juvenis sujeitos que antes
eram considerados como crianças ou adultos; sujeitos que possuem empregos
fixos; sujeitos de estado civil casado;
sujeitos que já assumiram
maternidade/paternidade, pois tais
aspectos não são mais constitutivos das
identidades juvenis. Inventam-se novos
modos de ser jovem, diferentes daqueles
definidos na Modernidade. E o conceito
de juventude se torna um conceito
líquido.
As culturas juvenis, como hoje as
conhecemos, são vistas por Clarke et al
(1976) e Reguillo (2003) como uma
invenção do pós-guerra. De acordo com
Clarke et al, cinco mudanças que
ocorreram após esse período
contribuíram para a construção de
culturas juvenis:
(1) o aumento da
importância do mercado e do consumo,
bem como o crescimento das indústrias
de entretenimento direcionadas à
juventude, proporcionando o
aparecimento do jovem consumidor;
(2)
o surgimento das comunicações, do
entretenimento, da arte e da cultura
direcionado a massas1;
(3) a ocorrência
de um hiato na experiência social
precipitada pela guerra – devido à
ausência dos pais e outras quebras na
‘normalidade’ da vida familiar, as quais
foram responsáveis pela delinquência
juvenil na década de 50 (características
associadas aos Teds2, os quais foram os precursores da tendência à violência nas
culturas juvenis);
(4) o desenvolvimento
doensinomédioparatodosbemcomoa
sua extensão massiva, aumentando o
número de jovens e o tempo que passam
nas instituições de ensino;
(5) o
surgimento de um massivo investimento
de estilos (nos modos de vestir) e da
música rock. Segundo os autores, o
caráter específico de estilos e de música
em termos de quem estava usando ou
escutando, e por qual motivo, foi
fundamental para a afirmação dessa
invasão de estilos.
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* Excerto do texto: A invenção das juventudes – a construção de ‘juventude’ na Modernidade e o desmoronamento dessa categoria na Pós-Modernidade da Prof. Universitária Rossana Cassanta Rossi na revista online: Espaço Acadêmico.
Para o texto completo: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/21997/0
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