segunda-feira, 12 de maio de 2014

A invenção das juventudes – a construção de ‘juventude’ na Modernidade e o desmoronamento dessa categoria na Pós-Modernidade


 Rossana Cassanta Rossi*
 
(...) Na Modernidade, a condição de juventude foi associada principalmente a questões de idade, corpo, moradia, estudo. De acordo com Margulis e Urresti (2000), idade e sexo foram aspectos utilizados para classificação social em muitas sociedades. Era um período de idade que definia quem era jovem ou não. Segundo os autores, é “a partir dos séculos XVII e XIX [que] começa a ser identificada como camada social que goza de certos privilégios, de um período de permissividade [...] entre a maturidade biológica e a maturidade social” (idem, p. 04). Denominada pelos autores como moratória social, esse período é visto como uma prerrogativa para uma parcela de jovens pertencentes a setores sociais mais favorecidos economicamente, os quais poderiam se dedicar por mais tempo aos estudos: posterga-se o matrimônio, a construção de uma moradia e o trabalho remunerado. Juventude era uma categoria fixa, sólida. 

Porém, no contexto pós-moderno, ocorre o desmoronamento dessas barreiras tradicionais, tanto sociológicas quanto biológicas. Como sustenta Canevacci (2005, p. 07): “Morrem as faixas etárias, morre o trabalho, morre o corpo natural, desmorona a demografia, multiplicam-se as identidades móveis e nômades”. Ou seja, podem fazer partes das culturas juvenis sujeitos que antes eram considerados como crianças ou adultos; sujeitos que possuem empregos fixos; sujeitos de estado civil casado; sujeitos que já assumiram maternidade/paternidade, pois tais aspectos não são mais constitutivos das identidades juvenis. Inventam-se novos modos de ser jovem, diferentes daqueles definidos na Modernidade. E o conceito de juventude se torna um conceito líquido. 
 
As culturas juvenis, como hoje as conhecemos, são vistas por Clarke et al (1976) e Reguillo (2003) como uma invenção do pós-guerra. De acordo com Clarke et al, cinco mudanças que ocorreram após esse período contribuíram para a construção de culturas juvenis: 

(1) o aumento da importância do mercado e do consumo, bem como o crescimento das indústrias de entretenimento direcionadas à juventude, proporcionando o aparecimento do jovem consumidor;  

(2) o surgimento das comunicações, do entretenimento, da arte e da cultura direcionado a massas1; 

(3) a ocorrência de um hiato na experiência social precipitada pela guerra – devido à ausência dos pais e outras quebras na ‘normalidade’ da vida familiar, as quais foram responsáveis pela delinquência juvenil na década de 50 (características associadas aos Teds2, os quais foram os precursores da tendência à violência nas culturas juvenis); 

(4) o desenvolvimento doensinomédioparatodosbemcomoa sua extensão massiva, aumentando o número de jovens e o tempo que passam nas instituições de ensino;  

(5) o surgimento de um massivo investimento de estilos (nos modos de vestir) e da música rock. Segundo os autores, o caráter específico de estilos e de música em termos de quem estava usando ou escutando, e por qual motivo, foi fundamental para a afirmação dessa invasão de estilos. 
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 * Excerto do texto: A invenção das juventudes – a construção de ‘juventude’ na Modernidade e o desmoronamento dessa categoria na Pós-Modernidade da Prof. Universitária Rossana Cassanta Rossi na revista online: Espaço Acadêmico.
Para o texto completo: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/21997/0
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