quinta-feira, 15 de maio de 2014

Cartas de Gandhi revelam indignação por filho abusar de menina

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Mahatma Gandhi (direita) ao lado do primeiro-ministro indiano, Jawarlal Nehru, em 1946. Cartas revelam difícil relação do líder indiano com seu primogênito, Harilal
Foto: Arquivo/Reuters
Mahatma Gandhi (direita) ao lado do primeiro-ministro indiano, Jawarlal Nehru, em 1946. 
Cartas revelam difícil relação do líder indiano com seu primogênito, 
Harilal Arquivo/Reuters 

 Harilal, primogênito do líder indiano, 
rejeitava estilo de vida do pai.
Criança poderia ser neta ou sobrinha 
de Gandhi

NOVA DÉLHI — Três cartas escritas por Mahatama Gandhi revelam a turbulenta relação que o líder indiano mantinha com seu filho mais velho, Harilal, e demonstram sua indignação com o comportamento do filho, que teria abusado sexualmente de uma menina de menos de 8 anos.

“Saiba que seu problema se tornou muito difícil para mim, mais difícil até que a luta pela nossa liberdade nacional. Manu me conta que você a estuprou, antes mesmo que ela tivesse 8 anos, e que ela estava tão machucada que precisou de tratamento médico”, escreveu Gandhi a seu filho em 1935. A “Manu” citada na carta pode ser Manubem Gandhi, filha de Harilal, que foi viver com seu avô em um retiro espiritual, ou Manu Gandhi, filha de Jaisukhlal, sobrinho do líder indiano.

A casa de leilões britânica, que apresentará as cartas no dia 22 de maio, e que espera arrecadar um valor superior a €120 mil com a correspondência afirma que os documentos — escritos em gujarati, e em boas condições — chegaram a suas mãos por descendentes de Gandhi, e nunca foram reveladas ao público.

Nas cartas, Mahatma Gandhi pede a seu filho que abandone a vida que levava. “Por favor, diga-me a mais pura verdade. Diga-me se ainda recorre ao álcool e à vida desenfreada. Deus queira que você prefira morrer antes de recorrer ao álcool em qualquer situação”, escreveu o líder indiano.

A relação de Gandhi e Harilal foi turbulenta desde cedo. O jovem queria estudar com uma bolsa na Inglaterra para ser advogado como seu pai, mas Gandhi lhe negou essa possibilidade por não querer favorecer um membro de sua família com uma bolsa, e por não permitir que seu filho recebesse uma educação ocidental, o que enfraqueceria sua luta contra o Império Britânico. Hiralal então se rebelou, se afastando do estilo de vida asceta pregado por seu pai, passando a beber, e frequentar mesas de jogo e bordéis. O filho mais velho do líder indiano foi um vendedor de roupas britânicas durante o período em que Gandhi pregava o boicote aos produtos do Reino Unido, e se converteu ao Islã em 1948, adotando o nome de Abdullah, meses depois de seu pai ser assassinado por um extremista hindu.
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Fonte: Jornal O Globo online, 15/05/2014


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