Cuba e as mentiras da direita na internet

Juremir Machado da Silva*

 

A internet é um espaço do vale-tudo. A direita tornou-se campeã em disseminar mentiras para confundir os incautos, seguindo um velho inspirador do campo, Goebells. Algumas mentiras da direita convencem certos motoristas de táxi, que andam pelas ruas difundindo-as e esbravejando contra o que não existe, mas que os apavora.

1) A capa da revista Forbes dando Lula como um dos homens mais ricos do Brasil.

2) A notícia de que o filho de Lula seria sócio da Friboi.

3) O bolsa-família criando preguiçosos que recusam todos empregos.

4) Nunca houve tanta corrupção no Brasil.

Nem vou continuar. A direita tem usado um texto meu, Cuba, o inferno no paraíso, para adulterá-lo, introduzindo frases que nele não constam de modo a fazer politicagem e destilar seu ódio contra o PT e contra o governo Dilma.

Não sou petista. Não sou nada.

Mas nada escrevi nesse texto sobre o PT.

Escrevi em outros ao longo do tempo.

Frustrarei os dois lados.

Para mim Cuba é mesmo um favelão tropical.

Estive lá duas vezes.

A culpa disso é, em parte, do regime castrista. O resto vem do embargo americano.

Cuba é mesmo uma ditadura na qual as pessoas nascem condenadas à prisão perpétua.

Posso entender que um país não queira receber uma pessoa.

Não posso aceitar que um país não deixe sair uma pessoa, que tenha para onde ir, se ela nada está devendo.

Ter de pedir autorização para deixar um país, e não receber, torna a pessoa prisioneira.

Se eu quiser ir embora para a Mauritânia, e for aceito lá, não tenho de dar qualquer explicação ao Brasil.

Em Cuba, não é assim. Tive uma longa conversa com o principal escritor cubano. Ele me explicou cada detalhe do seu calvário para sair de Cuba cada vez que é convidado para ir palestrar pelo mundo. Pediu-me para não citar o seu nome.

Cuba, no entanto, não é o problema do Brasil. Nem do mundo. Cuba é apenas um vestígio arqueológico. Os problemas do Brasil são a concentração de renda, o “bolsa-rico”, transferência de renda para os mais aquinhoados através da dívida pública, a ganância da direita Miami, a baba ideológica dos lacerdinhas, a desinformação trabalhada diariamente na internet pelos setores mais reacionários, a falta de cultura da extrema-direita, o racismo dos conservadores, que se expressa na rejeição às cotas, a homofobia, o machismo, a política fracassada no combate às drogas, a sonegação de impostos pelos mais ricos, os ganhos obscenos dos bancos, as isenções fiscais para empresas multinacionais, empréstimos demasiadamente camaradas para o agronegócio, financiamentos do BNDES para empreiteiras parasitas e por aí vai. Cuba é um só um pontinho perdido.

Não fede nem cheira.

O Brasil não pretende ser Cuba. Isso é só uma paranoia da nossa direita primitiva, composta de dinossauros macartistas perseguidos por fantasmas dos anos 1950 e 1960. Nada disso, contudo, os salvará do futuro.

A extinção dos dinossauros.

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* Prof. Universitário. Sociólogo.

Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/

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