Scott Moore*
Ladies & Gentlemen:
Foi uma das piores partidas da temporada a que deu o título da UEFA para o Real Madrid.
Não fossem as arquibancadas repletas e coloridamente lindas e o gramado impecável, parecia um jogo do campeonato brasileiro.
Ficou claro para mim: o futebol hoje é universalmente fraco, se
comparado ao passado. A diferença está no chamado “entorno” – o que você
vê nos arredores do gramado. Um estádio lotado, com torcidas vibrantes,
faz toda a diferença.
O dinheiro que jorra no futebol como uma cachoeira de superprodução de Hollywood produziu mercenários, mas não craques.
Qual a diferença entre o Atletico de Madrid e o São Paulo, por exemplo?
O Chelsea, com meia seleção brasileira e mais jogadores caríssimos,
tem uma impotência lancinante de fazer gols que lembra o Corinthians.
(Mourinho é um treinador que tem muito mais pose que talento.)
Boss me conta que Rivellino disse que nenhum jogador da seleção
brasileira atual estaria na seleção de 1970. Boss completou, exaltado:
“Nem entre os reservas, nem entre os reservas.”
O único time que vi jogar um futebol de alto nível, nesta temporada europeia, foi meu Manchester City.
Isto porque temos o maior jogador do mundo, ao lado de Messi: Yaya
Touré. Touré tem a chamada visão de campo de arquibancada: parece ver e
administrar o jogo lá do alto, com um olhar privilegiado.
Teremos, logo mais, uma Copa.
Não dá para esperar futebol de alto nível, infelizmente. Que o resto
funcione: a tecnologia da transmissão das partidas, por exemplo, que dá
uma sensação de cinema para o futebol.
Como os estádios estarão cheios e vibrantes, a ausência de brilho futebolístico será compensada pelo “entorno” do campo.
Me darei feliz se, em minha torcida pelo English Team e em minha
cobertura do torneio como um todo, desfrutar momentos de emoção que
mesmo jogos ruins trazem, por conta da importância da situação.
Grande futebol dificilmente você verá.
Sincerely.
Scott
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Tradução: Erika K. Nakamura
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