segunda-feira, 26 de maio de 2014

O dinheiro no futebol produziu mercenários, mas não craques

  Scott Moore*
 Jogo sofrível

Ladies & Gentlemen:

Foi uma das piores partidas da temporada a que deu o título da UEFA para o Real Madrid.

Não fossem as arquibancadas repletas e coloridamente lindas e o gramado impecável, parecia um jogo do campeonato brasileiro.

Ficou claro para mim: o futebol hoje é universalmente fraco, se comparado ao passado. A diferença está no chamado “entorno” – o que você vê nos arredores do gramado. Um estádio lotado, com torcidas vibrantes, faz toda a diferença.

O dinheiro que jorra no futebol como uma cachoeira de superprodução de Hollywood produziu mercenários, mas não craques.

Qual a diferença entre o Atletico de Madrid e o São Paulo, por exemplo?

O Chelsea, com meia seleção brasileira e mais jogadores caríssimos, tem uma impotência lancinante de fazer gols que lembra o Corinthians. (Mourinho é um treinador que tem muito mais pose que talento.)

Boss me conta que Rivellino disse que nenhum jogador da seleção brasileira atual estaria na seleção de 1970. Boss completou, exaltado: “Nem entre os reservas, nem entre os reservas.”

O único time que vi jogar um futebol de alto nível, nesta temporada europeia, foi meu Manchester City.

Isto porque temos o maior jogador do mundo, ao lado de Messi: Yaya Touré. Touré tem a chamada visão de campo de arquibancada: parece ver e administrar o jogo lá do alto, com um olhar privilegiado.

Teremos, logo mais, uma Copa.

Não dá para esperar futebol de alto nível, infelizmente. Que o resto funcione: a tecnologia da transmissão das partidas, por exemplo, que dá uma sensação de cinema para o futebol.

Como os estádios estarão cheios e vibrantes, a ausência de brilho futebolístico será compensada pelo “entorno” do campo.

Me darei feliz se, em minha torcida pelo English Team e em minha cobertura do torneio como um todo, desfrutar momentos de emoção que mesmo jogos ruins trazem, por conta da importância da situação.

Grande futebol dificilmente você verá.

Sincerely.

Scott
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Tradução: Erika K. Nakamura
*Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.
Fonte: http://www.diariodocentrodomundo.com.br/26/05/2014

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