Durante a infância, o número de neurônios cresce rapidamente. Seu nascimento veloz pode provocar amnésia
Sua avó consegue se lembrar de incidentes ocorridos há 50 anos, mas seu
irmão mais novo, do alto de seus 5 anos, mal se lembra daquela viagem
que fez 2 anos atrás. A dificuldade que todos temos para recuperar
memórias da primeira infância intriga a ciência há muito tempo. Um artigo publicado na revista científica Science propõe
uma explicação. Segundo o trabalho, os neurônios jovens que nascem
constantemente nos cérebros infantis bagunçam as memórias, fazendo com
que elas se percam. Para crescer, temos de esquecer.
A pesquisa foi desenvolvida por pesquisadores do SickKids, um hospital infantil associado à Universidade de Toronto, no Canadá. Segundo o estudo, crianças pequenas registram lembranças perfeitamente. Em seus cérebros, no entanto, a neurogênese – o processo de criação de novos neurônios – ocorre muito velozmente. Em cérebros mais maduros, a criação de novos neurônios é comumente associada a ganhos cognitivos e benefícios para a memória. Para as crianças, a violência do processo bagunça sinapses – a ligação entre os neurônios, por meio das quais as memórias se consolidam. O número de neurônios cresce tão rapidamente que provoca esquecimento.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas recorreram a testes com ratinhos. Primeiro, estimularam a criação de memórias, criando uma associação entre um determinado lugar e um choque elétrico (se o ratinho tocar essa ou aquela barra na gaiola, leva um choque, por exemplo). O segundo passo foi estimular a criação de novos neurônios e observar o resultado.
Ao estimular a neurogênese, por meio de drogas ou ao deixar os ratinhos correndo em uma roda por algumas semanas, os cientistas perceberam que os animais passaram a esquecer o que aprenderam. Ao diminuir a velocidade de criação de neurônios, ao contrário, os ratos mostraram ser mais capazes de lembrar o que aprenderam. Eles também descobriram ser possível eliminar a amnésia infantil ao interromper a neurogênise.
Os pesquisadores fizeram coisa semelhante com outros roedores. No caso, porquinhos-da-índia e um tipo de roedor chileno chamado degu. Ambas as espécies possuem cérebros mais maduros que os ratos ao nascer, e taxas de criação de neurônios mais baixas. O resultado é que não experimentam amnésia infantil. Ao acelerar a neurogênise artificialmente, os pesquisadores perceberam que os animais passaram a se esquecer do que haviam aprendido.
Ao longo dos anos, diversas explicações foram dadas para as raízes da amnésia infantil. Freud, por exemplo, achava tratar-se de uma forma de esquecer traumas da primeira infância. A hipótese proposta por esse novo trabalho não elimina, necessariamente, as explicações anteriores. Mas propõe a existência de um mecanismo biológico para o processo.
De todo modo, esquecer não é, em todos os casos, algo ruim: “Existe uma capacidade finita.” Disse Paul Frankland, principal autor da pesquisa, ao site Vox. “E você quer se livrar da porcaria para se lembrar dos eventos que realmente importam”.
A pesquisa foi desenvolvida por pesquisadores do SickKids, um hospital infantil associado à Universidade de Toronto, no Canadá. Segundo o estudo, crianças pequenas registram lembranças perfeitamente. Em seus cérebros, no entanto, a neurogênese – o processo de criação de novos neurônios – ocorre muito velozmente. Em cérebros mais maduros, a criação de novos neurônios é comumente associada a ganhos cognitivos e benefícios para a memória. Para as crianças, a violência do processo bagunça sinapses – a ligação entre os neurônios, por meio das quais as memórias se consolidam. O número de neurônios cresce tão rapidamente que provoca esquecimento.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas recorreram a testes com ratinhos. Primeiro, estimularam a criação de memórias, criando uma associação entre um determinado lugar e um choque elétrico (se o ratinho tocar essa ou aquela barra na gaiola, leva um choque, por exemplo). O segundo passo foi estimular a criação de novos neurônios e observar o resultado.
Ao estimular a neurogênese, por meio de drogas ou ao deixar os ratinhos correndo em uma roda por algumas semanas, os cientistas perceberam que os animais passaram a esquecer o que aprenderam. Ao diminuir a velocidade de criação de neurônios, ao contrário, os ratos mostraram ser mais capazes de lembrar o que aprenderam. Eles também descobriram ser possível eliminar a amnésia infantil ao interromper a neurogênise.
Os pesquisadores fizeram coisa semelhante com outros roedores. No caso, porquinhos-da-índia e um tipo de roedor chileno chamado degu. Ambas as espécies possuem cérebros mais maduros que os ratos ao nascer, e taxas de criação de neurônios mais baixas. O resultado é que não experimentam amnésia infantil. Ao acelerar a neurogênise artificialmente, os pesquisadores perceberam que os animais passaram a se esquecer do que haviam aprendido.
Ao longo dos anos, diversas explicações foram dadas para as raízes da amnésia infantil. Freud, por exemplo, achava tratar-se de uma forma de esquecer traumas da primeira infância. A hipótese proposta por esse novo trabalho não elimina, necessariamente, as explicações anteriores. Mas propõe a existência de um mecanismo biológico para o processo.
De todo modo, esquecer não é, em todos os casos, algo ruim: “Existe uma capacidade finita.” Disse Paul Frankland, principal autor da pesquisa, ao site Vox. “E você quer se livrar da porcaria para se lembrar dos eventos que realmente importam”.
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Fonte: http://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/05/
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