sexta-feira, 3 de maio de 2013

Diário de bordo de um peregrino

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Deve ficar bem claro desde o início que «uma peregrinação» não é apenas um termo religioso para o turismo moderno.

A própria peregrinação em si reflete a experiência viva da realidade mais profunda da Igreja e é uma experiência viva dessa realidade.

A peregrinação deveria ser uma fabulosa jornada de descoberta - descoberta de si mesmo, dos outros, da natureza e de Deus.

Os que vão em peregrinação devem estar prontos a deixar realmente para trás as suas ocupações, negócios, preocupações profissionais e com a família - nada de telemóveis, de telefonemas…

Libertos das preocupações ordinárias, podemos mais facilmente medir-nos tanto com o lado sombrio quanto com o lado luminoso da vida e aceitar-nos, respeitar-nos e amar-nos como realmente somos.
A experiência positiva da separação de casa pode constituir a própria passagem para novas formas e níveis de intimidade quando eu voltar para casa.

Não se deve ir em peregrinação com expectativas bem definidas… É no espírito de total abertura e entrega à sabedoria e à força do amor divino que obteremos as maiores graças da peregrinação.

Milagres ocorrem sem dúvida, muito mais frequentemente do que ousamos suspeitar, mas muitas vezes o maior número de milagres não são as curas físicas, mas a cura interior da pessoa inteira que, mediante o processo da peregrinação, descobre uma vida nova.

A peregrinação é um tempo de liberdade… É um tempo privilegiado de ouvir a Palavra de Deus que através da peregrinação vem em muitas formas, experiências e pessoas diversas.

Para haver uma verdadeira peregrinação deve reservar-se tempo suficiente para gastar consigo mesmo, longe dos outros. No entanto, deve haver também tempo suficiente para gastar com os outros: caminhar, cantar, comer juntos, relaxar e igualmente rezar juntos, contemplar, ouvir os testemunhos e a Palavra de Deus e celebrar especialmente os sacramentos da reconciliação e da eucaristia.

A peregrinação não é um tempo para desculpas ou lamentações como tampouco é um tempo para vaidade ou fanfarronice, mas é um tempo para descobrir a proximidade na distância, o oportuno no intempestivo, o ilimitado nos limites do lugar e tempo, o sagrado no humano, o divino no ordinário e o eterno no temporal.

A meditação sobre as Escrituras à luz dos passos do meu próprio caminho pode sem dúvida levar a uma iluminação da mente e do coração que irá transformar-me a partir de dentro.

Uma peregrinação triste e sem riso não seria uma peregrinação cristã. Seriedade não se opõe a felicidade e devoção não se opõe a alegria.

Ninguém deveria partir para casa tal qual partiu de casa para a peregrinação! O encerramento da missa da peregrinação deveria ser um verdadeiro envio missionário para os que foram transformados e receberam nova vida mediante o processo da peregrinação.
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TEXTO DE : Virgil Elizardo
Fonte: http://www.snpcultura.org/diario_de_bordo_de_um_peregrino.html 02.05.13

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