Deve ficar bem claro desde o início que «uma peregrinação» não é apenas um termo religioso para o turismo moderno.
A própria peregrinação em si reflete a experiência viva
da realidade mais profunda da Igreja e é uma experiência viva dessa
realidade.
A peregrinação deveria ser uma fabulosa jornada de descoberta - descoberta de si mesmo, dos outros, da natureza e de Deus.
Os que vão em peregrinação devem estar prontos a deixar
realmente para trás as suas ocupações, negócios, preocupações
profissionais e com a família - nada de telemóveis, de telefonemas…
Libertos das preocupações ordinárias, podemos mais
facilmente medir-nos tanto com o lado sombrio quanto com o lado luminoso
da vida e aceitar-nos, respeitar-nos e amar-nos como realmente somos.
A experiência positiva da separação de casa pode
constituir a própria passagem para novas formas e níveis de intimidade
quando eu voltar para casa.
Não se deve ir em peregrinação com expectativas bem
definidas… É no espírito de total abertura e entrega à sabedoria e à
força do amor divino que obteremos as maiores graças da peregrinação.
Milagres ocorrem sem dúvida, muito mais frequentemente
do que ousamos suspeitar, mas muitas vezes o maior número de milagres
não são as curas físicas, mas a cura interior da pessoa inteira que,
mediante o processo da peregrinação, descobre uma vida nova.
A peregrinação é um tempo de liberdade… É um tempo
privilegiado de ouvir a Palavra de Deus que através da peregrinação vem
em muitas formas, experiências e pessoas diversas.
Para haver uma verdadeira peregrinação deve reservar-se
tempo suficiente para gastar consigo mesmo, longe dos outros. No
entanto, deve haver também tempo suficiente para gastar com os outros:
caminhar, cantar, comer juntos, relaxar e igualmente rezar juntos,
contemplar, ouvir os testemunhos e a Palavra de Deus e celebrar
especialmente os sacramentos da reconciliação e da eucaristia.
A peregrinação não é um tempo para desculpas ou
lamentações como tampouco é um tempo para vaidade ou fanfarronice, mas é
um tempo para descobrir a proximidade na distância, o oportuno no
intempestivo, o ilimitado nos limites do lugar e tempo, o sagrado no
humano, o divino no ordinário e o eterno no temporal.
A meditação sobre as Escrituras à luz dos passos do meu
próprio caminho pode sem dúvida levar a uma iluminação da mente e do
coração que irá transformar-me a partir de dentro.
Uma peregrinação triste e sem riso não seria uma
peregrinação cristã. Seriedade não se opõe a felicidade e devoção não se
opõe a alegria.
Ninguém deveria partir para casa tal qual partiu de
casa para a peregrinação! O encerramento da missa da peregrinação
deveria ser um verdadeiro envio missionário para os que foram
transformados e receberam nova vida mediante o processo da
peregrinação.
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TEXTO DE : Virgil Elizardo
Fonte: http://www.snpcultura.org/diario_de_bordo_de_um_peregrino.html 02.05.13
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