Nosso mundo encontra-se numa grande encruzilhada entre narrativas competidoras.
De um lado, as narrativas do sagrado insistem que devemos admirar gente como Buda e como Jesus, e nos dizem:
desapegue-se,
meu caro.
Deixe de correr atrás do vento.
Deixe de derramar ansiedade
sobre si mesmo e sobre os outros.
Não seja idiota de ajuntar riquezas
inconstantes onde tudo se perde.
Conquiste o seu coração.
Respeito o
próximo e o ambiente.
Ame.
Reduza, e será grande.
Recolha-se, e estará
no centro.
Sirva, e será maior do que todos.
Recue, e verá a paisagem
que todos perdem.
A notícia da graça é a gratuidade de todas as coisas.
Rico é quem não precisa de nada.
Do outro lado, as narrativas da sociedade de consumo querem que admiremos os grandes e bem-sucedidos, e nos dizem:
tome
posse, meu caro.
Corra atrás de resultados.
Crise é oportunidade,
canalize em produtividade essa insatisfação.
Acumule, e será finalmente
livre para desfrutar.
Conquiste o mundo, e seu coração encontrará a paz.
Faça alianças sinergéticas e aposte todas as suas fichas.
Consuma.
Pense grande, e será grande.
Cada palmo que você pisar será seu.
Seja
servido, e sua grandeza será evidente.
Um dia tudo isso será seu.
Todo
aquele que invocar o nome da performance será salvo.
Rico é quem tem
tudo.
Diga-me quem você admira, e saberei quanto você é admirável.
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* Escritor.
Fonte: http://www.baciadasalmas.com/
Imagem da Internet
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