George-François Sassine
Uma piedosa estória contada para
crianças e relembrada pelos mais velhos libaneses. Nesta Semana Santa,
rezemos por esse povo sofrido e fiel.
“No começo dos tempos, no Líbano, Deus
criou os 3 primeiros e grandes cedros do Líbano, dos quais todos os
outros descenderam. Ao primeiro, ele o fez o mais sábio. Ao segundo, ele
o fez o mais forte. Ao terceiro, ele o fez o mais belo.
Por milhares de anos as árvores cresceram
em estatura, sabedoria e beleza, tendo assistido a uma expedição
enviada pelo rei Salomão contra os assírios, conhecido ao profeta Elias e
assistido à invenção do alfabeto pelos fenícios.
Até que um lenhador viesse, e maravilhado
com a imponência daquelas árvores, as cortasse. Os cedros, sussurando
em meio às suas folhas, compartilhavam seus desejos do que seria o
destino de cada um.
O primeiro disse “… quero viajar pelo
mundo afora, e, quando encontrá-lo, ser transformado no trono do rei
mais poderoso da Terra…”.
O segundo cedro disse “… eu quero ficar
nesta terra, como sinal de força e estabilidade. Assim, serei parte da
lembrança da vitória do bem sobre o mal…”
O terceiro cedro finalizou “… seja aqui
ou seja onde for, eu quero trazer às pessoas esperança e assim ser
lembrança de Deus aos olhos dos homens …”
Porém concordaram “De Deus somos criaturas, por causa de Sua Bondade infinita existimos, então confiemos na Sua Providência”.
E assim Deus ouviu aos desejos dos 3 cedros, e assim Deus os concedeu.
Ao primeiro cedro que se tornasse abrigo de animais, e, que de suas sobras fosse feito um cocho para feno.
Ao segundo, que se tornasse uma mesa grande e robusta, mas muito simples e rústica.
Ao terceiro, que fosse apenas cortado e armazenado, quase abandonado.
Muitos anos depois, talvez séculos, numa
noite gelada e cheia de estrelas, um casal peregrino que não encontrava
refúgio resolveu passar a noite naquele estábulo, construído com a
madeira do primeiro cedro. A mulher, em trabalho de parto, deu à luz ali
mesmo. Ela envolveu seu filhinho em panos e colocou-o sobre o feno e a
madeira. Naquele momento a primeira árvore entendeu que seu sonho tinha
sido cumprido: sobre ele, o mais sábio dos cedros, era deitado o Rei dos
reis da Terra.
Poucas décadas mais tarde, à noite e numa
casa modesta, vários homens sentaram-se em refeição ao redor daquela
mesa grande e robusta, simples e rústica. Um deles, após a ceia, tomou
para si pão e vinho. Antes que os distribuísse, fez aos seus convidados
ouvir palavras nunca ditas antes. O mais forte dos cedros entendeu então
que pão e vinho já não eram mais a mesma coisa, senão a eterna aliança
renovada entre os homens e o Criador Todo Poderoso.
Passadas poucas horas, o terceiro cedro
que havia sido quase largado em um depósito, teve dois de seus lenhos
tomados. O maior foi carregado para o alto de um monte e deitado na
terra. O segundo, menor, foi entregue a um homem dilacerado e humilhado,
que o carregou por horas até que chegar ao alto daquele monte. Os
lenhos foram unidos e a eles foi cravado o homem, que a eles molhou com
seu sangue.
Horrorizado, o terceiro e o mais belo dos
cedros lamentou a herança bárbara que a vida lhe deixara, ao ter que
assistir à agonia e morte de homem tão manso. Não suficiente, assistiu à
terrível dor de uma jovem mãe que morria em vida assistindo ao seu
filho cravado naquela cruz.
Porém, antes que três dias decorressem,
entendeu seu destino: o homem que ali estivera pregado ressurgia vivo em
glória e poder, demonstrando definitivamente que é a Luz do mundo, o
Filho de Davi, o Cordeiro de Deus.
A cruz feita com sua madeira já não mais
era símbolo de tortura, mas transformara-se em sinal concreto e visível
da vitória do Amor sobre o ódio, da Humildade sobre a soberba, da
Obediência sobre a revolta, do Bem sobre o mal, da Vida sobre a morte”.
Os três cedros do Líbano então
glorificaram a Deus, por ter-lhes concedido, mesmo privados da
imaginação de cada um deles, cumprir ao destino que cada um aspirara.
Não segundo suas vontades, mas segundo a vontade de Deus.
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Fonte: http://fratresinunum.com/16/04/2014
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