Edson Athayde*
Entre
as efemérides que marcam esta semana encontram-se a Páscoa e o meu
aniversário. Sei que as duas não se comparam. Mas só de citar coisas tão
distintas na mesma frase já me faz pensar o quanto o ser humano é
voltado para o próprio umbigo.
O umbigo. Sim, o umbigo é um dos maiores mistérios da humanidade.
Há algo de metafórico e de metafísico no umbigo de toda gente. Em vez deste ritual ridículo que é o apertar das mãos, as pessoas ao apresentarem-se deveriam mostrar os umbigos. Muitos equívocos seriam evitados com isso. Porque cada pessoa tem um umbigo absolutamente único, como tem uma única alma, um único carácter, um único jeito.
Na verdade, o ser humano só confia no outro depois de ver o umbigo. Aquela história de sexo é pura invenção. As pessoas despem-se é para ver o umbigo do parceiro. Depois de darem uma olhadela, e já que estão mesmo nuas, é que partem para a desgraça.
O umbigo lembra ao homem que um dia ele esteve ligado verdadeiramente a alguém. Daí que todos nós vivamos à procura de refazer essa ligação. O umbigo é prova que somos seres solitários. É a marca incontornável de que somos eternamente incompletos, pedaços de alguma coisa maior que já não existe.
Para quem não sabe, a palavra religião, vem do latim “religare”, ou seja, voltar a ligar, sentir-se ligado outra vez. Assim como o ser humano deseja religar-se a uma força divina (supondo que um dia já fomos nós e Deus uma coisa só), no fundo o que queremos é refazer o nosso cordão umbilical com outra pessoa. Casamos para isso. Temos filhos para isso. Fazemos amizades para isso.
Ao longo da história, o homem tem-se debatido com a complicada questão do que fazer com o umbigo enquanto conceito. Galileu e Copérnico, por exemplo, sofreram o diabo por se meterem com essa questão. Porque até então a Terra era o umbigo do universo. Um umbigo meio sujo, claro, mas sempre um umbigo.
Mas tudo isto, claro, pode ser um exagero da minha parte. E, quem sabe, a época seja a mais propícia a sermos menos “umbiguistas”. Esta semana só é santa para lembrarmos que alguém morreu pelos nossos pecados, pela nossa salvação.
É o que eu penso. Aliás, eu só estava a falar com o meu umbigo.
O umbigo. Sim, o umbigo é um dos maiores mistérios da humanidade.
Há algo de metafórico e de metafísico no umbigo de toda gente. Em vez deste ritual ridículo que é o apertar das mãos, as pessoas ao apresentarem-se deveriam mostrar os umbigos. Muitos equívocos seriam evitados com isso. Porque cada pessoa tem um umbigo absolutamente único, como tem uma única alma, um único carácter, um único jeito.
Na verdade, o ser humano só confia no outro depois de ver o umbigo. Aquela história de sexo é pura invenção. As pessoas despem-se é para ver o umbigo do parceiro. Depois de darem uma olhadela, e já que estão mesmo nuas, é que partem para a desgraça.
O umbigo lembra ao homem que um dia ele esteve ligado verdadeiramente a alguém. Daí que todos nós vivamos à procura de refazer essa ligação. O umbigo é prova que somos seres solitários. É a marca incontornável de que somos eternamente incompletos, pedaços de alguma coisa maior que já não existe.
Para quem não sabe, a palavra religião, vem do latim “religare”, ou seja, voltar a ligar, sentir-se ligado outra vez. Assim como o ser humano deseja religar-se a uma força divina (supondo que um dia já fomos nós e Deus uma coisa só), no fundo o que queremos é refazer o nosso cordão umbilical com outra pessoa. Casamos para isso. Temos filhos para isso. Fazemos amizades para isso.
Ao longo da história, o homem tem-se debatido com a complicada questão do que fazer com o umbigo enquanto conceito. Galileu e Copérnico, por exemplo, sofreram o diabo por se meterem com essa questão. Porque até então a Terra era o umbigo do universo. Um umbigo meio sujo, claro, mas sempre um umbigo.
Mas tudo isto, claro, pode ser um exagero da minha parte. E, quem sabe, a época seja a mais propícia a sermos menos “umbiguistas”. Esta semana só é santa para lembrarmos que alguém morreu pelos nossos pecados, pela nossa salvação.
É o que eu penso. Aliás, eu só estava a falar com o meu umbigo.
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* Jornalista português. Cronista.
Fonte: http://www.sabado.pt/Opiniao/Edson-Athayde.aspx
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