Após o 11 de setembro Bradbury definiu George Bush como “maravilhoso”
e disse que o país “precisava dele” (Reprodução/Slate)
Artigo da Slate aborda conservadorismo do escritor norte-americano morto nesta terça-feira, 5.
Ainda que seja lembrado hoje por suas realizações literárias,
Ray Bradbury, morto na última terça-feira, 5, aos 91 anos, deixou grande
parte de seu legado nas mensagens políticas de seus livros, diz artigo
da Slate. “Fahrenheit 451 será lembrado por liberais como uma
crítica à censura do McCartismo. Mas aqueles da direita o viram como um
ataque ao politicamente correto e veem paralelos na distopia de Bradbury
com tudo que eles acham que está errado nos Estados Unidos moderno”.
O livro que fala de uma sociedade que parou de ler antes que o Estado
a proibisse de fazê-lo e que, consequentemente, se tornou uma
comunidade de ignorantes, onde mulheres votavam em candidatos pela
beleza e abdicavam da maternidade largando os filhos em frente à
televisão. A cultura da sociedade ficou imersa em suicídio, negligência
com crianças, aborto e passividade. Soa familiar? O artigo ressalta, que
o próprio Bradbury era um conservador convicto no final da sua vida e
teria sido um grande ícone do Tea Party.
Bradbury chegou a chamar o ex-presidente da NRA (Associação Nacional
de Rifles) Charlton Heston de “intelectual”, Bill Clinton de “cabeça de
mer–” e teceu comentários pouco elogiosos a Michael Moore também. Após o
11 de setembro ele definiu George Bush como “maravilhoso” e disse que o
país “precisava dele”.
Antes das eleições de 2010, Bradbury se aproximou da linguagem
utilizada pelo Tea Party ao clamar por uma nova revolução
norte-americana. “Espero que neste outono, possamos destruir parte do
nosso governo, e no próximo ano destruir ainda mais”, disse ele em uma
das suas últimas entrevistas à revista Time. Isso é mais do que
suficiente para fazer quaisquer fãs progressistas de Bradbury se
sentirem um pouco desiludidos em seu luto, conclui o artigo reproduzindo
logo em seguida um trecho de Fahrenheit 451 que pode ser lido como uma
crítica ao anti-intectualismo.
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