quarta-feira, 26 de março de 2014

Quando o amor não basta

Gilda Pulcherio*

O consumo de drogas permeia a história da humanidade. E, com muita tristeza, deparamos, ainda, com verdadeiras tragédias que envolvem este consumo. Algumas são tragédias anunciadas. Não só pelo comportamento violento do usuário, mas também pela ausência de tratamento. É comum que um dos cônjuges pense que, com seu afeto, poderá ajudar o outro a sair da dependência.

Eis a questão! Dependência implica doença. E, neste caso, a doença implica tratamento médico e psicológico. Assim como muitos minimizam ou desconhecem o conceito de dependência. É um diagnóstico! Não se trata de amor ou ódio. Quando há doença clínica como hipertensão arterial ou diabetes, ninguém tem dúvida quanto à necessidade profissional. Mas, quando os problemas são de ordem psicológica ou psiquiátrica, ainda há muitas resistências. E muitas quando se trata do consumo de drogas que sempre vão existir. Os cuidados e a prevenção são eternos.

Neste momento, anuncia-se a chegada de novas drogas ao país. E, em alguns casos, com um alto preço a pagar. Até quando vamos nos deixar ficar passivamente à espera de desfechos nas situações acima? Hoje, todos sabemos dos riscos e conse-quências do consumo de substâncias psicoativas. Sabemos hoje o que não tínhamos ideia há décadas atrás. Atualmente estão mais “pesadas” do que há 20 anos. Mesmo assim, jovens e adultos continuam consumindo largamente drogas lícitas e ilícitas. As mulheres unem-se aos homens, até porque agora estão podendo. Mas as consequências para as mulheres podem ser mais nefastas do que para os homens. A síndrome alcoólica fetal é um legado feminino. E tudo com o conhecimento e a permissão da sociedade.

Embora já tenhamos lei que proíba a venda de alcoólicos para menores, eles continuam sendo vendidos e todos fazemos “vistas grossas”. Enquanto não nos preocuparmos com a prevenção, vamos ter que carregar as consequências. Alguns para o resto de suas vidas.

O emocional orienta nossas ações. Senão, seríamos meros robôs. Por isso é tão importante que estejamos abertos para o entendimento de que a vida nos traz muitos conflitos em seu pacote e que o tratamento, quando indicado, é importante para a vida, para nos ajudar a sermos pessoas melhores e satisfeitas com nossas escolhas.
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*Psiquiatra
Fonte: ZH online, 26/03/2014
imagem da Internet

Um comentário:

  1. A sociedade consumista, controlada pelos magnatas da produção que se utilizam à mídia, especialmente a TV, é hipócrita no que se refere às drogas.
    A mesma sociedade que combate através da mídia o consumo de drogas ilegais como a maconha, a cocaína e o crack, induz, ao mesmo tempo, por esses mesmos meios de comunicação de massa, o consumo de drogas legais como o tabaco, a bebida alcoólica e “medicamentos. Para cada tipo de problema, por exemplo, dor de cabeça, de estômago, nervosismo, insônia, calvície, impotência sexual, obesidade, esquecimento, etc., uma propaganda de “receita infalível” .
    Mas que determina o legal e o ilegal? É a droga legal não prejudicial e a ilícita sim? E exatamente ai que a sociedade revela toda sua hipocrisia.

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