Luciano Pires*
Como é fascinante escrever para a internet... Estou aguardando que
alguém faça um estudo sobre o impacto que a rede causou nos que sempre
escreveram para livros, jornais, revistas, rádio, televisão, cinema e
teatro. Gente que escrevia como se seus textos tivessem uma só via: a de
ida. A via da volta era complicada e as reações dos leitores perdiam-se
no tempo e na dificuldade de contato com o autor. Ou então eram
consolidadas em vaias ou aplausos, manifestações típicas de grupos de
pessoas e não de indivíduos. Escrevíamos para um mundo de mudos.
Até surgir a internet.
De repente passamos a escrever e publicar com um clique e, um segundo depois, receber as respostas dos leitores pelo mesmo canal. Os ex-mudos viraram escritores da internet. Fiquei fascinado! Poxa, finalmente eu conseguia perceber, quentinho como pão fresco, o impacto de meu trabalho sobre os leitores. E fui aprendendo que existe uma dinâmica no canal de resposta dos ex-mudos: sempre que publico um texto a reação imediata é das pessoas tocadas positivamente pelos argumentos. Elogios, depoimentos, reflexões. Muito bom. Mais tarde começam a chegar as discordâncias. É quando a fascinação aumenta.
Infelizmente grande parte dos ex-mudos é gente que não entende o que lê, não tem capacidade de interpretar, não tem repertório para sacar uma ironia. Escrevo água, ela entende fogo e responde terra... É uma questão puramente de incompetência, que poderia ser corrigida com uma educação melhor. Um dos problemas crônicos do Brasil.
Entre os que discordam há os que não são ignorantes, sabem ler muito bem e utilizam um método consagrado: leem o texto, tiram uma conclusão, atribuem essa conclusão a mim e depois me criticam pela conclusão que eles próprios tiraram. Esse método tenta fazer com que o escritor assuma uma posição de defesa sobre algo que não escreveu, a opinião que não deu, a ofensa que não proferiu. Quando saquei o jogo, passei a ignorar esses manipuladores. Meu tempo é precioso demais para ser desperdiçado com eles.
Há ainda o Grupo do Mas: “concordo com você, mas...” e vários outros.
Mas o mais legal é um grupo que é surpreendente: o dos lúcidos, com pontos de vista que divergem dos meus mas são bem fundamentados e abrem novas janelas para a realidade. Esses são os valiosos ex-mudos, pois exigem cada vez mais de mim, fazem com que eu cresça, me obrigam a revisar conceitos, me presenteiam com a oportunidade de aprender! É uma pena que sejam tão poucos.
Mas tenho medo mesmo é dos que escrevem perguntando o que eu quis dizer. Tenho medo pois eles me lembram o grande poeta Mario Quintana, que um dia escreveu:
Até surgir a internet.
De repente passamos a escrever e publicar com um clique e, um segundo depois, receber as respostas dos leitores pelo mesmo canal. Os ex-mudos viraram escritores da internet. Fiquei fascinado! Poxa, finalmente eu conseguia perceber, quentinho como pão fresco, o impacto de meu trabalho sobre os leitores. E fui aprendendo que existe uma dinâmica no canal de resposta dos ex-mudos: sempre que publico um texto a reação imediata é das pessoas tocadas positivamente pelos argumentos. Elogios, depoimentos, reflexões. Muito bom. Mais tarde começam a chegar as discordâncias. É quando a fascinação aumenta.
Infelizmente grande parte dos ex-mudos é gente que não entende o que lê, não tem capacidade de interpretar, não tem repertório para sacar uma ironia. Escrevo água, ela entende fogo e responde terra... É uma questão puramente de incompetência, que poderia ser corrigida com uma educação melhor. Um dos problemas crônicos do Brasil.
Entre os que discordam há os que não são ignorantes, sabem ler muito bem e utilizam um método consagrado: leem o texto, tiram uma conclusão, atribuem essa conclusão a mim e depois me criticam pela conclusão que eles próprios tiraram. Esse método tenta fazer com que o escritor assuma uma posição de defesa sobre algo que não escreveu, a opinião que não deu, a ofensa que não proferiu. Quando saquei o jogo, passei a ignorar esses manipuladores. Meu tempo é precioso demais para ser desperdiçado com eles.
Há ainda o Grupo do Mas: “concordo com você, mas...” e vários outros.
Mas o mais legal é um grupo que é surpreendente: o dos lúcidos, com pontos de vista que divergem dos meus mas são bem fundamentados e abrem novas janelas para a realidade. Esses são os valiosos ex-mudos, pois exigem cada vez mais de mim, fazem com que eu cresça, me obrigam a revisar conceitos, me presenteiam com a oportunidade de aprender! É uma pena que sejam tão poucos.
Mas tenho medo mesmo é dos que escrevem perguntando o que eu quis dizer. Tenho medo pois eles me lembram o grande poeta Mario Quintana, que um dia escreveu:
“Quando
alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é
burro.”
Como é fascinante escrever para a internet...
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Como é fascinante escrever para a internet...
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* Luciano Pires é editor do Café Brasil. Publica seus artigos às sextas-feiras.
Fonte: http://www.portalcafebrasil.com.br/14/12/2012
Fonte: http://www.portalcafebrasil.com.br/14/12/2012
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