Célia Farjalatt*
Para Machado de Assis, o tolo possuía um dom, espécie de selo divino, e a
toleima era penhor seguro de triunfo. Era mesmo paradoxal o autor de
‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’!
Quando se poderia esperar dele a louvação do talento, da lucidez e da perspicácia, o mestre da ironia faz justamente o contrário e elogia os tolos, com segundas intenções, já se vê.
Aliás, não foi o único. Erasmo de Rotterdam escreveu o ‘Elogio da Loucura’, obra que se tornou clássica e que levou o autor a sofrer na carne os resultados de suas sátiras. O nosso Machado, em sua curiosa e pouco divulgada ‘Queda que as mulheres tem para os tolos’, enalteceu as vantagens da toleima, exaltando os tolos e criticando sutilmente os homens dotados de espírito, para quem todas as coisas são difíceis.
A primeira vantagem do homem tolo, segundo Machado de Assis, é a de ser preferido pelas mulheres. O criador de Quincas Borba achava que, desde a primeira escolha de um companheiro de brincadeiras na infância até a de um marido, prevalecia o signo da toleima. E exemplificando : Sócrates, Alcebíades e Platão tinham sido sacrificados aos presumidos de seu povo. E Turenne, La Rochefoucauld e Moliére não haviam sido traídos em favor de notoriedades medíocres ?
O axioma machadiano baseava-se em algo curioso: a toleima era penhor seguro de triunfo, portanto, um dom precioso, um selo divino. Aprofundando a análise, distinguia a toleima inata da adquirida, apontando como aquela se fortificava pelo uso, embora ficasse estacionária no pobre diabo, impossibilitado de aplicá-la com freqüência.
A combinação de ambas resultava na mais terrível espécie de tolos, aqueles chamados por Troublet de “”tolos completos, tolos integrais, tolos no apogeu da toleima.”
A análise dos tolos, para que possam ser imitados, traz resultados compensadores. Foi assim no tempo de Platão, como no de Machado de Assis, e nos tormentosos dias de hoje. Mesmo porque quantos indivíduos, tidos como geniais, em especial nos círculos políticos, são justamente o oposto disso e, além de promoções, mordomias, vantagens mil, ganham comissões extras, férias milionárias e muita grana no bolso.
Mais ainda: analisando-se aspectos da política de ontem e de hoje, chega-se à conclusão de que muitos altos cargos são ocupados por indivíduos escolhidos entre os menos dotados intelectualmente, os de menor tino administrativo. Eis um enigma intrigante em todos os tempos.
Quando se poderia esperar dele a louvação do talento, da lucidez e da perspicácia, o mestre da ironia faz justamente o contrário e elogia os tolos, com segundas intenções, já se vê.
Aliás, não foi o único. Erasmo de Rotterdam escreveu o ‘Elogio da Loucura’, obra que se tornou clássica e que levou o autor a sofrer na carne os resultados de suas sátiras. O nosso Machado, em sua curiosa e pouco divulgada ‘Queda que as mulheres tem para os tolos’, enalteceu as vantagens da toleima, exaltando os tolos e criticando sutilmente os homens dotados de espírito, para quem todas as coisas são difíceis.
A primeira vantagem do homem tolo, segundo Machado de Assis, é a de ser preferido pelas mulheres. O criador de Quincas Borba achava que, desde a primeira escolha de um companheiro de brincadeiras na infância até a de um marido, prevalecia o signo da toleima. E exemplificando : Sócrates, Alcebíades e Platão tinham sido sacrificados aos presumidos de seu povo. E Turenne, La Rochefoucauld e Moliére não haviam sido traídos em favor de notoriedades medíocres ?
O axioma machadiano baseava-se em algo curioso: a toleima era penhor seguro de triunfo, portanto, um dom precioso, um selo divino. Aprofundando a análise, distinguia a toleima inata da adquirida, apontando como aquela se fortificava pelo uso, embora ficasse estacionária no pobre diabo, impossibilitado de aplicá-la com freqüência.
A combinação de ambas resultava na mais terrível espécie de tolos, aqueles chamados por Troublet de “”tolos completos, tolos integrais, tolos no apogeu da toleima.”
A análise dos tolos, para que possam ser imitados, traz resultados compensadores. Foi assim no tempo de Platão, como no de Machado de Assis, e nos tormentosos dias de hoje. Mesmo porque quantos indivíduos, tidos como geniais, em especial nos círculos políticos, são justamente o oposto disso e, além de promoções, mordomias, vantagens mil, ganham comissões extras, férias milionárias e muita grana no bolso.
Mais ainda: analisando-se aspectos da política de ontem e de hoje, chega-se à conclusão de que muitos altos cargos são ocupados por indivíduos escolhidos entre os menos dotados intelectualmente, os de menor tino administrativo. Eis um enigma intrigante em todos os tempos.
------------------
* É jornalista e atualmente cronista do Correio Popular.
e-mail: correiopontocom@rac.com.brFonte: Correio do Povo online, acesso 02/03/2014
Imagem da Internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário