domingo, 2 de março de 2014

O que pensam os católicos sobre a Igreja?

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por ANSELMO BORGES 
 
1- A Bendixen & Amandi realizou, entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014, com 12 038 fiéis adultos de 12 países maioritariamente católicos dos cinco continentes, para a Univisión, a principal televisão em espanhol dos Estados Unidos,uma sondagem sobre temas importantes na e para a Igreja. Fiabilidade: 95%.
 
Alguns resultados, com dissonâncias entre a doutrina e a opinião e vivência dos fiéis.
  • a) Anticonceptivos: 78% a favor; 19% contra; 3% não responderam.
  • b) Ordenação sacerdotal das mulheres: 45% a favor; 51% contra; 4% não responderam.
  • c) Casamento dos padres: 50% sim; 47% não; 3% não responderam.
  • d) Aborto: 8% deve permitir-se sempre; 65% nalguns casos; 33% nunca; 2% não responderam.
  • e) Quanto ao casamento homossexual, há acordo com a doutrina: 66% contra; 30% a favor; não responderam 4%.
  • f) Como avalia o trabalho do Papa Francisco? 41% excelente; 46% bom; 5% medíocre; 1% mau; 7% não responderam.
 2- “Agora, o Papa Francisco, no confronto com os reaccionários da Cúria, pode apelar para as respostas da maioria dos fiéis sobre temas tão importantes.
O Papa emérito Bento XVI escreveu-me há pouco, a mim eterno rebelde, uma carta afectuosa na qual mostra empenho em apoiar Francisco, esperando que ele tenha todo o êxito – “a minha única e última tarefa é apoiar Francisco”, escreve.”
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Quem isto revelou foi Hans Küng, o famoso teólogo crítico, condenado por João Paulo II e um dos poucos peritos do Vaticano II vivos, numa entrevista ao La Reppublica, no dia 10 deste mês, sobre a sondagem, na qual é manifesta a distância entre a Igreja oficial e os fiéis.

Para ele, o mais importante nela é a maioria esmagadora de vozes favoráveis a Francisco, que também já lhe escreveu pessoalmente:87% dos católicos interrogados em todo o mundo e 99% dos italianos estão de acordo com ele. É “um pequeno milagre” Francisco ter conseguido, em menos de um ano, inverter a tendência dos fiéis e não só quanto à crise de confiança na Igreja.
 
Interrogado sobre o significado dos resultados da sondagem para a hierarquia,Küng dá uma resposta sensata: “Para os bispos preparados para reformas, e eles existem em todo o mundo, eles significam um grande encorajamento. Quanto aos conservadores, que têm as suas reservas: deveriam reflectir sobre as suas reservas e escutar os argumentos dos renovadores. Os bispos reaccionários, presentes não só no Vaticano mas em todo o mundo, deveriam abandonar a sua resistência obstinada e optar pela razoabilidade.”
 
E o Papa Francisco? “Se me é permito dar-lhe um humilde conselho, deveria avançar com coragem no caminho iniciado e não ter medo das consequências.” Em concreto, “espero que use a arte do “Distinguo” que aprendemos na Universidade Gregoriana:onde, na sondagem, há consenso na Comunidade eclesial, deveria propor uma solução positiva ao Sínodo.

Onde há dissentimento, deveria permitir e suscitar um debate livre na Igreja. Onde ele próprio tem uma opinião diferente da da maioria dos católicos, como quanto à ordenação das mulheres, deveria nomear uma task force de teólogos e outros peritos, homens e mulheres, para enfrentar o tema.”
Está contente? “Não me considero vencedor, não travei batalhas para mim, mas para a Igreja. Tenho a alegria de ver, ainda vivo, o êxito das ideias de reformas da Igreja pelas quais tanto combati.”
Francisco critica não-batismo de mães solteiras
  3- A Igreja Católica é a única instituição verdadeiramente global. Assim, um problema maior será o da convivência com a variedade de posições.
Exemplos, a partir desta sondagem global, após a apresentação dos dados totais.
  • Os divorciados recasados não podem comungar: na Europa, não concordam com esta proibição 75%, mas a não concordância é de 46% nas Filipinas.
  • Ordenação das mulheres: na Europa estão a favor 64%, mas, nas Filipinas, 76% são contra.
  • Casamento homossexual: em Espanha, 64% são favoráveis, mas na África 99% opõem-se-lhe.
  • Na Europa, 50% pronunciam-se a favor do casamento dos padres, mas na África só 28%.
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Fonte: in DN 22 fevereiro 2014
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

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