Novas tecnologias poderão permitir que pessoas executem tarefas com seus aparelhos usando só o pensamento
The New York Times
Na semana passada, engenheiros descobriram, vasculhando o código de
programação do Google Glass, algumas maneiras ocultas de as pessoas
interagirem com computadores sem precisar dizer uma palavra. Entre elas,
um usuário poderia mexer a cabeça para ligar ou desligar os óculos. E
uma simples piscada poderia ordenar o registro de fotografias.
Mas não espere que gestos como esses sejam necessários por muito
tempo. Em breve estaremos interagindo com nossos smartphones e
computadores usando nossa mente. Dentro de alguns anos, poderemos apagar
as luzes de casa apenas pensando nisso. Ou enviar e-mail do nosso
smartphone sem sequer tirar o aparelho do bolso. Num futuro mais
distante, o seu robô-assistente chegará perto de você com uma limonada
porque sabe que você está com sede.
Pesquisadores do Emerging Technology Laboratory, da Samsung, estão
realizando testes com tablets que podem ser controlados pelo cérebro
mediante o uso de um capacete (semelhante ao de esqui) equipado com
eletrodos de monitoramento. É o que foi relatado pela publicação
Technology Review.
A tecnologia, chamada de interface computador-cérebro, foi idealizada
para permitir às pessoas com paralisia e outras deficiências a
interação com computadores e o controle de braços robóticos simplesmente
pensando nessas ações. E não vai demorar muito para essas tecnologias
estarem incluídas em produtos eletrônicos.
Alguns produtos de leitura pelo cérebro ainda imperfeitos já existem e
permitem às pessoas jogar games fáceis ou mover um mouse na tela. A
NeuroSky, empresa com sede em San Jose, Califórnia, lançou recentemente
um fone de ouvido com Bluetooth que pode monitorar pequenas mudanças nas
ondas cerebrais e que possibilita às pessoas jogar games, que exigem
concentração, em computadores e smartphones.
Muse, um aro de cabeça leve, sem fio, pode interagir com um
aplicativo que "exercita o cérebro", forçando as pessoas a se
concentrarem em todos os aspectos de uma tela. As fabricantes de carros
estão explorando tecnologias instaladas atrás do assento do veículos que
detectam quando o condutor dorme ao volante e envia sinais sonoros pela
direção para acordá-lo.
Avanço. Os produtos comercializados hoje logo
estarão ultrapassados. "As atuais tecnologias do cérebro são como tentar
ouvir uma conversa num estádio de futebol a partir de um dirigível",
disse John Donoghue, neurocientista e diretor do Brown Institute for
Brain Science. "Atualmente, para entender realmente o que se passa no
cérebro de uma pessoa você necessita implantar cirurgicamente uma série
de sensores nele." Em outras palavras, para conseguir acessar o cérebro é
preciso um chip na sua cabeça.
No ano passado, o projeto BrainGatte, de Donoghue, permitiu a duas
pessoas com paralisia total usar um braço robótico por meio de um
computador que respondia à atividade cerebral. Uma mulher que não usava
seus braços há 15 anos conseguiu agarrar um bule de café, servir-se e
recolocar o bule na mesa. Tudo imaginando os movimentos do braço
robótico.
Mas o chip dentro da cabeça deverá em breve desaparecer à medida que
os cientistas conseguirem uma maior compreensão do cérebro e, assim, de
tecnologias que aprimoram as interfaces cérebro-computador.
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TRADUÇÃO TEREZINHA MARTINO
Fonte: http://economia.estadao.com.br/01/05/2013
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